O propósito deste blog é o de mostrar o trabalho do ilustrador,independente das regras impostas pelo mercado,nas quatro disciplinas praticadas por mim, em diferentes momentos e veículos: A Caricatura na Imprensa,A Ilustração na Imprensa,A Ilustração Editorial e O Poema Ilustrado. Também são mostradas modalidades diferentes das mesmas propostas como: Montagens das exposições e a revalorização do painel mural, através das técnicas de reprodução digital em baner.
domingo, 28 de fevereiro de 2010
FRANK MILLER - Maryland - USA 1957 /
Desenhista de histórias em quadrinhos e roteirista
de cinema. Seu desenho fortemente altocontrastado
nos faz lembrar o "film noir" e nos remete a luz da
fotografia cinematográfica. Miller é um inovador do
género "hiper-violência" produzido pela fábrica
norteamericana de películas e quadrinhos. Autor
de truculentos personagens de ficção policialesca
como "Homem Aranha" - "Demolidor" - "Batman" -
"Wolverine" e "Robocop", em tránsito pelo sombrio
mundo do crime organizado da mega metrópole,
repleta de gangsters, prostitutas e assassinos profissionais,
que dão o tom as suas histórias. Recentemente foi
co-diretor, junto a Robert Rodriguez e Quentin Tarantino
da adaptação para o cinema de "Sin City", histórias
desenhadas com roteiro da sua autoria.
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
VINCENT VAN GOGH - Goot Zunder - Holanda 1853 /
Auvers-sur-Oise - França 1890 / Post-Impressionista. /
Maior referência do Expressionismo, Van Gogh travou
uma luta contra os covencionalismos,
pela exaltação de sentimentos e significados simbólicos,
expressos nos autorretratos e nas pinturas de paisagens.
Travou também uma outra luta contra as perturbações epilépticas
agravadas pelo uso de absinto, que acabaram por leva-lo
a cometer suicidio aos 37 anos. Estuda pintura na Holanda com
seu primo, Anton Mauve (1808 - 1888).
É nomeado pastor em Borinage, região mineira da Bélgica,
que acaba em fracaso.
Por volta de 1886 chega em París, onde descobre o Impressionismo.
Mesmo observando a rigorosa disciplina que se impós,
na preocupação pelo dominio técnico, e de ter adquirido
conhecimentos eruditos em arte e literatura, seu trabalho
esteve, desde o inicio aparentado a pintura dos Naifs e
dos doentes mentais. De educação rigidamente protestante
(seu pai era pastor), costumava associar passagens evangélicas
aos seus quadros. Neles, exalta com exuberância suas impressões
sobre a natureza influenciado pelas estampas japonesas de mestres como Hokusai e Hiroshigue.
Os comentários sobre seu processo de trabalho constam das famosas
cartas ao seu irmão Theo. (Ampliar clicando sobre as imagens para sentirmos
a força e a velocidade da execução do desenho. Ao mesmo tempo a "luta" quase
que "corporal" pelo dominio da técnica.)
Pode-se proclamar a boa saúde mental de Van Gogh, que durante toda a sua vida somente assou uma das mãos e, além disto, não passou de cortar a orelha esquerda. / Em um mundo em que todos os dias as pessoas comem vagina cozida na salsa verde ou sexo de recém-nascido, flagelado
e enfurecido arrancado assim como sai do sexo materno, e não se trata de uma imagem mas de um fato muito freqüente, repetido diariamente e
cultivado em toda a extensão da terra. É assim que se mantém - por delirante
que possa parecer tal afirmação - a vida presente, na sua velha atmosfera de estupro, de anarquia, de desordem, de desvario, de descalabro, de loucura
crônica, de inércia burguesa, de anomalia psíquica (porque não é o homem mas o mundo que se tornou anormal), de desonestidade deliberada e insigne
hipocrisia, de sujo desprezo por tudo que cheira à nobreza, de reivindicação
de uma ordem inteiramente baseada no cumprimento de uma primitiva injustiça, em resumo, do crime organizado. As coisas vão mal porque a conciência doente tem o máximo interesse, neste momento, em não sair de sua doença. / Desta maneira, uma sociedade deteriorada inventou a psiquiatria para defender-se das investigações de alguns iluminados superiores, cujas faculdades de adivinhação a incomodavam. Não, Van Gogh
não era louco,mas seus quadros eram misturas incendiárias, bombas atómicas, cujo ángulo de visão comparado com o de todas as pinturas que faziam furor na época, teria sido capaz de transtornar gravemente o conformismo larval da burguesia. / ANTONIN ARTAUD / 1947 - Trecho extraido do livro "Van Gogh, o suicidado pela sociedade"
Tinha acordado cedo e vi os operários que chegavam na obra
com um sol magnífico. Tu terias gostado de ver o particular
aspecto desse rio de personagens negros, grandes e pequenos,
primeiro na rua estreita onde havia muito pouco sol e depois na obra.
Mais tarde tomei o café da manhã composto de pão seco e um copo de cerveja; é uma forma que Dickens recomenda aos que estão a punto de se suicidar, para afasta-los durante algum tempo do seu projeto... E mesmo que não estejamos com disposição de espírito para realiza-lo, e uma boa prática
para meditar de quando em vez no quadro de Rembrandt "Os peregrinos de Emaús" / Cartas a Theo - Amsterdam 1877
Pouco tempo atrás fiz uma excursão muito interessante,
tendo passado seis horas numa mina. / É uma das minas
mais velhas e perigosas dos arredores, chamase Marcasse.
Esta mina tem má reputação por causa dos muitos acidentes
acontecidos nela, tanto na descida como na ascensão, por causa
do ar asfixiante e as explosões de gas grisú, da água subterránea
e do afundamento de antigas galerias. È um lugar sombrío e a
primeira vista tudo tem um aspecto melancólico e fúnebre. /
Os operários desta mina são geralmente pessoas exauridas e
febris, de aspecto fatigado, gastado, velho antes do tempo,
as mulheres em geral estão descoloridas e murchas. Em volta
da mina estão as moradias miseráveis dos mineiros, com algumas
árvores mortas, fileiras de arbustos, montes de lixo e cinzas,
montes de carvão inservível. Maris teria feito um quadro admirável.
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Não conheço melhor definição da palavra arte que esta: "Arte é o homem
agregado à natureza"; a natureza, na realidade, na verdade, mas com
um significado, com um conceito. com um caráter, que o artista faz
ressaltar, da expressão "que redime", que desembaralha, liberta, ilumina. /
Um quadro de Mauve ou de Maris ou de Israels fala mais claramente que a
própria natureza.
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Uma melhora na minha vida - não aspirava, não tinha necessidade dela por acaso? - Quisera melhorar ainda mais. Precisamente porque o aspiro,
tenho medo de "remédios piores que o mal". Podemos ser rigorosos
com um doente depois que descobre o valor do seu médico, ou se prefere
não ser curado ao contrário por um charlatão? / Cartas a Theo - Borinage
1879 - 1880
Não posso me cuidar daquilo que as pessoas pensam de mim,
é necessário que continue "adiante", é nisto que devo pensar. /
La fora está tudo muito triste, os campos são blocos de terra negra
com um pouco de neve, e a miude jornadas nas quais não à mais
que bruma e lodo; no entardecer, o sol vermelho, e na manhã os corvos,
a relva resecada e a verdura murcha que apodrecem, pequenos bosques
negros e os galhos dos álamos e dos sauces ourizados, contra um céu triste,
como uma massa de arame farpado. Isto, só o enxergo de passagem,
mas está completamente em harmonia com os interiores muito sombrios
nestas escuras jornadas de inverno. / Está também em harmonia com as
fisionomias dos camponeses e dos tecelões. Não os escuto se queixarem,
mas levam uma vida muito rude. Suponhamos um tecelão que trabalha
muitas horas, que faça uma peça de sesenta varas numa semana. No
entanto ele tece, é necessário que uma mulher enrole a linha nos carreteis;
ou seja, são duas pessoas as que trabalham e devem viver desse trabalho.
Sobre esta peça, o tecelão ganha, nessa semana, quatro florins e meio, e
quando a entrega ao fabricante, costumam lhe dizer que só receberá outra peça para tecer em oito ou quince dias. Conseqüentemente, o salário
é baixo e o trabalho escasso. Por causa disto, essa gente costuma viver
nervosa e irrequieta. É um estado de ánimo diferênte ao que conhecí
nos mineiros, num ano em que ouve greve e muitos acidentes. / Cartas a
Theo - Nuenen 1883 - 1885
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
Assim o universo total do artista expressionista torna-se visão.
Ele não vê, mas percebe. Ele não descreve, acumula vivèncias.
Ele não reproduz, ele estrutura (gestaltet). Ele não colhe, ele procura.
Agora não existe mais a cadeia dos fatos: fábricas, casas, doença,
prostitutas, gritaria e fome. Agora existe a visão disto. Os fatos têm
significado somente até o ponto em que a mão do artista o atravessa
para agarrar o que se encontra além deles... / Cada homem não é mais indivíduo ligado à obrigação, à moral, à sociedade, à familia. Nesta arte,
ele se torna somente o mais grandioso ou o mais humilhado: ele se torna homem. / Aquí temos o novo e o inaudito em relação às épocas anteriores.
Aqui o pensamento mundial burgués finalmente não se pensa mais.
Aqui não existem mais as ligações que tornam opacas as imagens do
humano. Não existem mais histórias nupciais, tragedias surgidas do
conflito das convenções e com a busca da liberdade, peças do meio
ambiente (milieu) chefes rígidos, oficiais ociosos, marionetes que,
penduradas nos arames das concepções psicológicas do mundo,
brincam com leis, pontos de vista, erros e vícios dessa sociedade
feita e construída pelos homens. / Através desses substitutos a mão do artista agarra cruelmente. Sucede que elas eram fachadas. Do bastidor e do jogo do sentimento tradicional falsificado não sai nada, somente o homem. /
Kasimir Edschmid - Manifesto Expressionista - 1918
Eu estou "atravessado" na vida e o meu estado mental
não somente "é" mas tem "sido" também abstrato,
de modo que qualquer coisa que se faça por mim, não
"posso pensar" em equilibrar minha vida. Quando "devo"seguir uma regra como aquí no hospício, me sinto tranqüilo. E no alistamento,
aconteceria mais ou menos a mesma coisa. Claro que aquí me
arrisco muito a ser recusado, pois sabem que sou alienado ou pelo menos epiléptico, (tenho ouvido dizer que existem 50 mil epilépticos na
França, dos quais somente 4.000 internados; de modo que não é tão extraordinário) quem sabe em París, falando com Détaille por exemplo ou Caran d'Ache, me incorporem logo. Poderá parecer uma cabeçada peor que a outra; em fim reflitamos, mas para atuar. Na espera, faço o que posso por
trabalhar "não interessa no qué", incluindo a pintura; pois tenho uma boa
vontade aceitável. Mas o dinheiro que custa a pintura... é algo que me
esmaga debaixo de uma sensação de dívida e covardia; e sería conveniente
que isto acabase o mais depressa possível. / Arles 1888 - 1889 /
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Por qué
nos estamos aquí e isto é tudo, ou pelo menos tudo que posso dizer num momento de relativa crise. Um momento em que as coisas estão muitos
tensas entre marchands de quadros de artistas mortos e artistas vivos.
Pois bem, o meu trabalho; arrisco a vida e a minha razão mais
ou menos destruida - bom - mas tú não estás entre os marchands de
homens, que eu saiba; e podes tomar partido, acho, procedendo realmente
com humanidade, mas, o que tú queres? / Cartas a Theo Auvers-sur-Oise
1890
Se os desenhos que te envío são muito duros,
é porque os tenho realizado de tal forma que mais tarde,
se ficarem, possam me servir de referência para a pintura.
Este pequeno jardim de aldeão vertical é soberbo de cor
em relação a natureza, as dálias são de um púrpura rico e escuro,
a dupla fileira de flores é cor de rosa e verde de um lado e alaranjado
quase sem verdor do outro. No meio, uma dália de um branco pálido e
um pequeno granate com flores do mais brilhante alaranjado vermelho,
com frutos verde-amarelos. O terreno cinza, as altas canas "cannes"
de um verde azulado, as figueiras esmeralda, o céu azul, as casas
brancas com janelas verdes e telhados vermelhos; a manhã de sol
pleno, a tarde inteiramente banhada de sombra, levada e projetada pelas figueiras e as canas. / Cartas a Theo - Arles 1888
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