quinta-feira, 7 de abril de 2011

RICARDO CARPANI - "Desempregado" - detalhe - lápiz

É imprescindível deixar de lado todo tipo de dogmatismo em matêria de estética. Cada um deve trabalhar utilizando os elementos plásticos de acordo com o seu temperamento, aproveitando as últimas descobertas e os novos caminhos que vão se abrindo no panorama artístico mundial, e que constituem o resultado da evolução da humanidade. Esses novos elementos deverão ser utilizados com sentido criativo e pessoal, expressando um conteudo trancendente. Toda tentativa de criação de uma arte nacional, tem sido sistemáticamente rejeitada ou censurada por alguns críticos a serviço da imprensa controlada pelo capital imperialista, e tem apelado aos mais variados recursos: do ataque direto, em nome de uma universalidade abstrata, até a "imposição" de manifestações que nem podemos chamar de arte. A nossa proposta significa afastar da criação artistica, a submissão económica e política que é imposta as maiorias. No momento em que a arte chama e acorda o inconsciente coletivo da humanidade, põe em movimento as mais confusas aspirações e desejos, exalta e sublima todas as repressões a que se submete o homem moderno. Constitue um poderoso e irressistível instrumento de libertação. A arte é o "libertador" por exelência, e as multidões se reconhecem nela. A sua alma coletiva descarrega nela suas mais profundas tensões para recobrar suas energias e esperanças. Por tudo isso, para nos, a arte é uma insubistituível arma de combate, o instrumento precioso pelo qual o artista se integra na sociedade e a expressa, activa, e não passivamente, não como um espelho, sim como modelador.
Das mãos da nova geração de artistas latinoamericanos deverá surgir a arte deste continente, que ainda não realizou a sua unidade. Quem sabe esta arte venha a nos mostrar a história, antes dos fatos. Não será a primeira vez que a arte se antecipa aos acontecimentos económicos ou políticos, nisso reside a sua grandeza: partindo da realidade a prefigura e renova. Estes objetivos serão alcançados, se entendermos que a arte não pôde nem deve estar alienada da difussão militante e educadora das obras em realização. A arte revolucionária da América Latina deve ser monumental e pública. O povo que a nutre deve conviver com ela no seu cotidiano. Da pintura de cavalete, como luxuoso vicio solitário, devemos passar resolutamente a arte das massas, ou seja: a arte. / Grupo ESPARTACO - Buenos Aires - Abril de 1961