domingo, 21 de outubro de 2012

VERMEER de Delft - Holanda
JOHANNES VERMEER - Delft - Holanda 1632-1675 
Vermeer viveu toda a sua vida na sua terra natal,
onde está sepultado na Igreja Velha (Oude Kerk)
de Delft. É o segundo pintor holandês mais famoso
e impotante do século XVII (um período conhecido
por Idade de Ouro Holandesa devido a conquistas
culturais e artisticas do país nessa época), depois
de Rembrandt. Casou-se em 1653 com Catharina
Bolenes, com quen teve 15 filhos, dos quais quatro
morreram ainda crianças. No mesmo ano juntou-se
a guilda de pintores de Saint Lucas. Mais tarde,
de 1662 a 1669, foi escolhido para presidir a guilda.
Sabe-se que vivia com magros rendimentos como
comerciante de arte, e não pela venda dos seus quadros.
Por vezes até foi obrigado a pagar com quadros dívidas
contraidas nas lojas de comida locais.
Morreu muito pobre em 1675. a sua viuva teve que vender
todos os quadros que ainda estavam na sua posse
ao conselho municipal em troca de uma pequena pensão.
Depois da sua morte, Vermeer foi esquecido.
Por vezes, os seus quadros foram vendidos com a
assinatura de outro pintor para lhe aumentar o valor.

Johannes Vermeer - "Menina com brinco de pérola" - óleo 1665

Vermeer pintou predominantemente mulheres jovens numa situação narrativa,
ainda que só levemente esboçada. A ideia de actividade foi criada através da
junção de alguns atributos, como por exemplo um instrumento musical ou uma
balança de ouro. Além destas pinturas de género, na sua obra há ainda três quadros
em que faltam estes elementos, dando a impressão de que se trata de retratos, já
que as mulheres surgem numa perspectiva próxima própria deste tipo de pintura.
Não é forçoso que seja assim, porque alguns tipos de actividade ou atitude
mental são atributos importantes na interpretação de muitos retratos pintados na
Idade Moderna; por outro lado, nem toda a representação que corresponda ao
estilo de um retrato terá necessariamente de ter sido criada consciente e voluntariamente como caracterização de uma personalidade individualizada. No caso
do portrait historié, por exemplo, no qual o tema assume frequentemente um
papel de difarce, é muitas vezes difícil concluir se a intenção foi a de retratar
um individuo ou se o modelo empresta a sua imagem para um objectivo diferente.
Estas considerações são pertinentes no famoso quadro de Vermeer Menina do
brinco de pérola. A menina está contra um fundo escuro, neutro, muito próximo
do preto, o que estabelece um contraste muito plástico. (No fragmento 232 do
seu Tratado da pintura, Leonardo da Vinci observa que sobre um fundo escuro
um objeto parece mais claro, e vice-versa).
A menina está vestida com um casaco amarelo-acastanhado, sem adornos, o que
faz salientar  o branco luminoso da gola. Um outro contraste é formado pelo
turbante azul, com uma ponta pendente amarelo-limão, como um véu sobre o ombro.
Vermeer usou cores quase puras neste quadro, limitando a escala de tons.
O reduzido número de superfícies de cor é dado por vernizes da mesma cor 
que criam sombras.
extraido de "O Conhecimento Secreto" de David Hockney

Johannes Vermeer - "Cabeça de uma jovem" - óleo 1666 - 67


Johannes Vermeer - "A arte da pintura" - óleo - 1666-1673


Johannes Vermeer - "A arte da pintura" - óleo - (detalhe)


O quadro de Veermer Moça lendo uma carta à janela , agora em Dresden,
é habitualmente considerado uma obra inicial.
Mostra uma jovem a uma janela aberta, numa grande tensão interior e atenção,
a ler uma carta de amor que lhe fora dirigida. Vemo-la de perfil, mas o seu rosto
reflecte-se num pequeno ãngulo, levemente colorido, das vidraças da janela.
O facto da janela estar aberta serve, superficialmente, claro, para aumentar
a quantidade de luz que entra no quarto um tanto escuro.
O reposteiro de seda amarelo-esverdeado é um trabalho artístico de execução
brilhante.
É dificil concluir se é para ser visto como parte do quadro, uma cortina no quarto,
como outras que Veermer usou, puxada para um dos lados para mostrar o que
está a se passar, ou se - como no quadro de Rembrandt da Sagrada Familia,
1646, agora em Kassel - serve para criar a ilusão de uma cortina protetora
suspensa em frente do quadro.
A mulher está perdida em pensamentos, completamente absorvida na leitura
da carta que acaba de receber.
Tal como a rapariga do quadro de Dresden, está de frente para a janela,
o que não é visível, embora o brilho da parede à esquerda sugira a presença
dessa fonte de luz. A mulher pode estar grávida.
As especulações na literatura mais antiga sobre se a mulher representada aquí
seria a sua esposa, que teve varias gravidezes, não são decisivas para
a interpretação deste quadro. Ainda que Catharina Bolnes,nome da esposa,
tivesse sido modelo do artista, o quadro não deverá ser visto como um documento
intencionalmente biográfico.
extraido de "O Conhecimento Secreto" de David Hockney