segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Assim o universo total do artista expressionista torna-se visão. Ele não vê, mas percebe. Ele não descreve, acumula vivèncias. Ele não reproduz, ele estrutura (gestaltet). Ele não colhe, ele procura. Agora não existe mais a cadeia dos fatos: fábricas, casas, doença, prostitutas, gritaria e fome. Agora existe a visão disto. Os fatos têm significado somente até o ponto em que a mão do artista o atravessa para agarrar o que se encontra além deles... / Cada homem não é mais indivíduo ligado à obrigação, à moral, à sociedade, à familia. Nesta arte, ele se torna somente o mais grandioso ou o mais humilhado: ele se torna homem. / Aquí temos o novo e o inaudito em relação às épocas anteriores. Aqui o pensamento mundial burgués finalmente não se pensa mais. Aqui não existem mais as ligações que tornam opacas as imagens do humano. Não existem mais histórias nupciais, tragedias surgidas do conflito das convenções e com a busca da liberdade, peças do meio ambiente (milieu) chefes rígidos, oficiais ociosos, marionetes que, penduradas nos arames das concepções psicológicas do mundo, brincam com leis, pontos de vista, erros e vícios dessa sociedade feita e construída pelos homens. / Através desses substitutos a mão do artista agarra cruelmente. Sucede que elas eram fachadas. Do bastidor e do jogo do sentimento tradicional falsificado não sai nada, somente o homem. / Kasimir Edschmid - Manifesto Expressionista - 1918

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