O propósito deste blog é o de mostrar o trabalho do ilustrador,independente das regras impostas pelo mercado,nas quatro disciplinas praticadas por mim, em diferentes momentos e veículos: A Caricatura na Imprensa,A Ilustração na Imprensa,A Ilustração Editorial e O Poema Ilustrado. Também são mostradas modalidades diferentes das mesmas propostas como: Montagens das exposições e a revalorização do painel mural, através das técnicas de reprodução digital em baner.
quarta-feira, 23 de junho de 2010
O LADO SOMBRIO DO SONHO /
A Geração Beat, significou a rebeldia de um
grupo de poetas e escritores norteamericanos,
contra o obscurantismo, oculto por detras do
chamado "Sonho Americano" do pos-guerra,
que o escritor Henry Miller denominou de
"pesadelo com ar condicionado".
Estes escritores, que reivindicaram a poesia do
bardo Walt Witman, um dos alicerces da América, adotaram
um comportamento de total oposição aos valores impostos
pela sociedade americana do pos-guerra, onde se preconizava
um paraiso terrenal baseado no bem estar proporcionado
pelas máquinas, e publicitado como "modelo" para
otros países da América e do mundo. Um mundo ainda
em ruinas. É na obra de Allen Ginsberg cuja análise é sempre crítica e polémica, que podemos ler com clareza, a impressão
que essa geração tinham do país que a cercava.
A América que emergia, estava sendo "arquitetada" por idéias
que nos remontam ao século XIX, a teoria imperialista do chamado
"Destino Manifesto", 100 anos antes do Nazi-Fascismo,
e que expressa a disparatada crença,
de que o povo dos Estados Unidos da América é eleito por Deus
para comandar o mundo. Por isso o expansionismo americano, é
apenas o cumprimento da vontade divina. Uma frase de propaganda
política , o "Destino Manifesto" se tornou um termo histórico padrão,
frequentemente usado como sinónimo para expansão territorial dos EUA
O uso formal destas doutrinas deixou de ser usado oficialmente desde
1850 até 1880, quando foi então reivindicado e passou a ser usado novamente por políticos norteamericanos como uma justificativa para o expansionismo
fora das Américas. O presidente James Buchanan, no discurso de sua posse em 1857, deixou bem clara a determinação do dominio, disse: "A expansão dos Estados Unidos sobre o Continente Americano, desde o Ártico até a
América do Sul, é o destino da nossa raça, e nada pode detê-la" Em 2004,
o general Colin Powell, secretário de estado do governo Bush, reforçou
num de seus discursos a mesma determinação, disse: "O nosso objetivo
principal com a Alca, é garantir para as empresas norteamericanas o controle
de um território que vai do Pólo Àrtico até a Antártida". / Temas citados no
index da pesquisa Google:
"O exterminio dos povos indígenas da América do Norte" / "O sentimento de superioridade racial" / "A América para os americanos (os estado unidenses) / "A invasão do Texas" / "A guerra do México e a anexação dos
territórios da California, Novo México, Nevada, Arizona e Utah" / "Abertura forçada do mercado do Japão" / "A invasão da Nicaragua" / "A anexação do
Hawaii" / "O canal do Panamá e a liberdade do povo panamenho" / "Os donos
do Brasil" / "A publicidade a serviço do dominio" / "O uso do cinema" / "A
preparação para a invasão" / "A eclosão de golpes de estado por toda a América" / "As economias implodidas"
_____________________________________________________________________
A imprensa americana ironizou e ridicularizou os poetas beat, como
sendo um bando de marginais. Numa entrevista concedida pelo Kerouac
para a TV, o entrevistador faz um trocadilho entre a palavra "Beat"e"Sputnik", nave espacial soviética, lançada nesse tempo, sugerindo que eles não eram verdadeiros americanos.
_____________________________________________________________________
O termo "Geração Beat" foi introducido por Kerouac em 1948 para caracterizar o submundo da juventude anti-conformista reunida em
Nova Iorque naquele tempo. O nome surgiu numa conversa com o novelista
John Holmes, que publicara um romance sobre a geração beat "Go" (1952),
junto com um manifesto no The New York Times: "The Beat Generation".
Beat fazia parte do calão do submundo dos vigaristas, toxicodependentes,
e pequenos ladrões, onde Ginsberg e Kerouac procuraram inspiração.
Beat era o calão para "beattemdown" ou "dowtroden", ambas expressões
que podem significar oprimido, rebaixado, espezinhado. Mas para Kerouac tinha uma conotação espiritual de "beatifico". Kerouac alegou que tinha
identificado (e incorporado) uma nova tendência análoga e influente a
chamada Geração Perdida de Hemingway e Scott Fitgerald. em "Aftermath:
the philosophy of the beat generation", Kerouac criticou o que ele acreditava
ser a distorção das suas idéias, disse: A Beat Generation, que foi uma visão que nos, John Clellon Holmes, eu e Allen Ginsberg tivemos, numa maneira ainda selvagem no final dos anos 40, de uma geração de loucos iluminados
hipters, fez subitamente a América ascender e avançar seriamente a vadiar e a pedir boleia em todo o lado. "Esfarrapada, beatificada, bonita de uma forma graciosamente feia. Beat significa: "em baixo" e "de fora", mas cheio de uma covicção intensa. Nunca quis dizer delinquentes juvenis. Beat, significa: "caracteristicas de uma espiritualidade especial que não agia em conjunto.
Eram solitários olhando para fora da parede nua da nossa civilização".
"A Geração Beat inclui qualquer pessoa de quince a cinquenta anos que se
interessa por tudo. É bom lembrar que não somos boêmios. A Geração Beat
é basicamente uma geração religiosa. Beat significa beatitude e não é um
sentimento de fracasso. É fácil perceber isso. Está no ritmo do jazz, está no
rock em plena rua." / Jack Kerouac
JEAN-LOUIS LEBRIS KEROUAC 1922-1969 /
De origem franco-canadense. Devido as
dificuldades económicas por que passava a
sua familia, Kerouac decide fazer parte do
time de futebol americano do colégio para
tentar uma bolsa de estudos, e consegue entrar
na Universidade de Columbia, em Nova Iorque.
Devido a um acidente que o imposibilita de
continuar jogando por alguns meses, começa a
passar mais tempo frequentando a biblioteca
da Universidade, tendo seu primeiro contato com
autores que viriam a influenciar a sua obra, como
Céline, Tom Wolfe, e Jack London. Não se ajustando
a marinha de guerra, passou algum tempo na marinha
mercante, se tornando um "escritor viajante". Na
Universidade conhece Ginsberg, William Burroughs e
Neal Cassady, chamado o "cowboy", que se tornaria
seu companheiro de viagens. Cassady é o personagem
principal de "On The Road". Kerouac revolucionou a
forma, escrevendo compulsivamente, com grande rigor,
sem alterações de vírgulas ou pontos, em rolos de papel
de mimeógrafo. Uma especie de "manga" literária. Com
Neal Cassady viajaram por sete anos percorrendo a rota
66, que anos mais tarde se tornaria a série televisiva do
mesmo nome, que atravessa os EUA na direção leste-oeste,
com descidas frequentes ao México. No verão de 1953 Kerouac
envolveu-se com uma moça negra, que o levou em 1958,
a escrever em três dias e três noites, o romance "Os Subterráneos".
Nos períodos entre as suas viagens, foi guardafreios de ferrocarril
e guarda forestal. Nos últimos anos da sua vida, prêso ao alcoolismo
que acabou por matá-lo, recluido e morando com a mãe, Kerouac
morreu na Flórida, em 1969, aos 47 anos, de hemorragia intestinal
provocada por sirrose.
___________________________________________________________
A essencia da filosofia de vida de Kerouac, expressa nos seus
relatos, assim como a do poeta Gary Snyder, retratado em
"Os Vagabundos Iluminados" como Japhy Ryder, está relacionada
ao termo "beat", utilizado com ironia pela imprensa comercial
norteamerica, mas que para Kerouac tinha conotações religiosas.
A convicção de que o homem é capaz de alcançar um nível espiritual,
que o leve a transformar o mundo.______________________________________________________
Escritores e poetas que participaram da Geração Beat: Alan Ansen 1922 -
2006 / Paul Bowles 1910 - 1999 / Bill Cannastra 1922 - 1950 / Lucien Carr
1925 - 2005 / Neal Cassady 1926 - 1968 / Carolyn Cassady 1923 / Elise Cowen
1933 - 1962 / Henki Cru 1921 - 1992 / Diane Di Prima 1934 / Kirby Doyle 1932 -
2003 / Robert Duncan 1919 - 1988 / Joyce Glassman 1935 / Joan Haverty 1931 -
1990 / Leane Henderson 1930 / John Clellon Holmes 1926 - 1988 / Herbert
Huncke 1915 - 1996 / Ted Joans 1928 - 2003 / David Kammerer 1911 - 1944 /
Leonore Kandel 1932 - 2009 __________________________________________
ALLEN GINSBERG 1926-1997 / A infáncia de Ginsberg foi
complicada pelo comportamento psicótico da mãe, mulher
acossada por pesadelos de perseguição. Descobre a poesia
ao ingressar na Universidade de Columbia, onde conhece
Jack Kerouac e faz amizade com um grupo de "jovens delinquentes",
filósofos de comportamente rebelde e obcecados por drogas,
sexo e literatura. Passa a freqüentar os bares gays do Greenwich
Village. Aos 29 anos, passa por tratamente psiquiátrico. Em 1955,
ganhou popularidade com seu poema "Howl" (Uivo), o livro de
poesia mais vendido na história dos EUA, (milhão de exemplares
em pouco tempo), sendo seguido por varios poemas importantes
como "Kaddish", onde descreve a loucura da mãe. No inicio dos
anos 60, aparece aderindo ao movimento Hippie, ajudando
Timothy Leary a divulgar o LSD, e participando de recitais coletivos
de poesia onde se misturavam vehementes protestos contra a guerra
do Vietnã e salmos budistas. Disse: "Quem quer que controle a midia,
as imagens, controla a cultura..."
MORTE À ORELHA DE VAN GOGH! / "O canto de dinheiro
das saboneteiras - macacos de pasta de dentes nos televisores -
desodorantes em cadeiras hipnóticas - // atravessadores de petróleo
no Texas - aviões a jato riscando as nuvens - // escritores do céu
mentirosos diante da Divindade - açougueiros de afiados dentes
com chapéus e sapatos, todos Proprietários! Proprietários! Proprietários!
com obsessão de propriedade do Ego evanescente! // e seus longos
editoriais tratando friamente o caso no negro que berra atacado por
formigas pulando para fora da primeira página! // Maquinaria de um
sonho elétrico de massas! A Prostituta da Babilônia criadora de guerras
vociferando com Capitólios e Academias! // Dinheiro! Dinheiro! Dinheiro!
dinheiro celestial da ilusão berrando loucamente! Dinheiro feito de nada,
fome, suicídio! Dinheiro do fracasso! Dinheiro da morte! // Dinheiro contra
a Eternidade! e os fortes moinhos da eternidade trituram o imenso
papel da Ilusão!"
ALLEN GINSBERG - de: "Kaddish e outros poemas" - París 1958 -1960 /
fragmento - tradução: Cláudio Willer
PETER ANTON ORLOVSKY 1933-2010 / Filho de
Katherine Schwarten e Oleg Orlovsky, um imigrante
russo. Teve que abandonar a escola no seu último
ano para sustentar a sua familia pobre. Depois de
tentar varios empregos, ele começou a trabalhar no
hospital psiquiátrico Creedmok. Em 1953, aos 19 anos,
foi convocado para a guerra da Koréia. Psiquiatras do
exército, ordenaram sua transferência para trabalhar
como médico num hospital de São Francisco. Conhece
Ginsberg em 1954, enquanto trabalhava como modelo
para o pintor Robert La Vigne, quem o incentiva a escrever.
Acompanhado de outros escritores beat, Orlovsky viajou
por varios anos pelo Oriente Medio, Norte da África e Europa.
Seu trabalho apareceu em "The American Poesia - 1945/1960"
"Antologia Beatitude" - 1965 / É em três filmes de Andy Wahroll,
e mais dois filmes produzidos pelo fotógrafo Robert Frank. Em
"Eu e meu irmão" de 1969 Frank documenta a doença mental de
Julius, seu irmão. Orlovsky ficou conhecido pelo seu
relacionamento com Ginsberg, de quem foi companheiro durante
30 anos. Morreu em Vermont em 30 de maio de 2010
Assinar:
Postagens (Atom)