domingo, 20 de dezembro de 2020

TRIMANO ARTE GRÁFICA

Série O Poema Ilustrado

Ilustrações de Luis Trimano para o poema

" Fugindo às Pressas da Terra" de Robert Bly

"El Barco" - Edição virtual - Monte Alto - Rio de Janeiro - 2020



ROBERT BLY - Minnesota - Estados Unidos - 1926 - Poeta, ensaista e ativista.


 

Fugindo às Pressas da Terra

Robert Bly


Os pobres, os aturdidos e os idiotas

Estão conosco: vivem no ataúde do sol

E no esquife da lua, enquanto eu saio esta noite

Vendo-a rodar seu escuro carrinho de mão

Por todas as várzeas do céu

E as estrelas se alçando inexoravelmente.

Negra lua! Sinistras lágrimas!

Sombra dos cortiços e dos triunfantes mortos!

TRIMANO ARTE GRÁFICA - Série O Poema Ilustrado - Ilustração para "Fugindo às Pressas da Terra" de Robert Bly - hidrográfica e esferográfica - 2020

 


TRIMANO ARTE GRÁFICA - Série O Poema Ilustrado - Ilustração para "Fugindo às Pressas da Terra" de Robert Bly - detalhe


 

TRIMANO ARTE GRÁFICA - Série O Poema Ilustrado - Ilustração para "Fugindo às Pressas da Terra" de Robert Bly - hidrográfica e esferográfica - 2020


 

TRIMANO ARTE GRÁFICA - Série O Poema Ilustrado - Ilustração para "Fugindo às Pressas da Terra" de Robert Bly - detalhe


 

Alguns homens perfuraram o peito com uma extensa agulha

A fim de seus corações cessassem de bater.

Outros deitaram blocos de gelo em suas camas

Para ali se finarem. Mulheres

Os cabelos lavaram, e se enforcaram

Nas suas longas tranças. Uma outra subiu

Num alto olmo sobre seu gramado

Abriu uma caixa, e engoliu aranhas venenosas...

 

TRIMANO ARTE GRÁFICA - Série O Poema Ilustrado - Ilustração para "Fugindo às Pressas da Terra" de Robert Bly - hidrográfica e esferográfica - 2020


 

TRIMANO ARTE GRÁFICA - Série O Poema Ilustrado - Ilustração para "Fugindo às pressas da Terra" de Robert Bly - detalhe


 

O tempo de exortação já passou. Ouvi

cadeiras de ferro arranhamdo o chão em hospícios.

Enquanto o pássaro, transido de frio, encolhece no inverno

Na noite ventosa de novembro.

Os mineiros deixam seus poços

Como uma súbita enchente,

Como um arrozal desentegrando-se.

Oa homens choram quando escutam estórias de alguém

ressurgido dentre os mortos.

TRIMANO ARTE GRÁFICA - Série O Poema Ilustrado - Ilustração para "Fugindo às Pressas da Terra" - hidrográfica e esferográfica - 2020


 

TRIMANO ARTE GRÁFICA - Série O Poema Ilustrado - Ilustração para "Fugindo as Pressas da Terra" de Robert Bly - detalhe


 

domingo, 6 de dezembro de 2020

TRIMANO ARTE VISUAL

Série O Poema Ilustrado

Ilustrações para o poema "A Última" de W. S. Merwin

hidrográfica e esferográfica

"El Barco" - Edição virtual - Monte Alto - Rio de Janeiro - 2020



 

W. S. MERWIN

Estados Unidos 1927 - Havaí 2019

Poeta norte-americano pós-modernista.

Durante o movimento anti-guerra em 1960, 

caracterizou-se por uma narrativa indireta, sem pontuação.

Nas décadas de 1980 e 1990, a sua poesia esteve

centrada na filosofia budista e na ecologia.

 

A ÚLTIMA

TRIMANO ARTE VISUAL - Série O Poema Ilustrado - "A Última" - hidrográfica e esferográfica - 2020


 

Eles decidiram estar por toda parte. Por que não?

Todos os lugares eram deles porque sim.

Eles tinham mãos de láminas e tinham o desprezo dos                                                                                        pássaros.

No caminho que fica entre as pedras, decidiram.

E então começaram a derrubar.


E eles cortaram tudo. Por que não?

Todas as coisas eram deles porque era assim que eles                                                                                   pensavam.

Ela caiu em suas próprias sombras e eles a levaram.

Alguma coisa para ter, alguma coisa para guardar.


Cortando tudo eles chegaram até a água.

E quando o dia acabou ainda restava uma de pé.

Eles foram embora e deixaram para derrubá-la no dia 

                                                                        seguinte.

A noite aninhou-se nos seus últimos galhos.

A sombra da noite juntou-se à sombra sobre a água.

A noite e a sombra formaram uma só cabeça.

E a que restava decidiu que ficaria.


Pela manhã eles cortaram o que restava.

Como as outras a última caiu em sua própria sombra.

Em sua própria sombra sobre a água.

Eles a carregaram a sombra permaneceu na água.


Eles encolheram os ombros e começaram a tentar remover

                                                                                a sombra.

Cortaram até o nível do chão a sombra continuou intacta.

Cobriram a sombra de tábuas ela apareceu por cima.

Iluminaram a sombra ela ficou mais escura mais brilhante.

Explodiram a água a sombra balançou.

Decidiram fazer uma enorme fogueira com as raízes.

Uma fumaça negra subiu entre a sombra e o sol.

A nova sombra se espalhou sem alterar a antiga.

Eles encolheram os ombros foram buscar pedras.


Voltaram e viram que a sombra estava crescendo.

Atiraram pedras sobre ela ela continuou crescendo.

Enquanto olhavam para os lados, ela continuava crescendo.

Decidiram transformar aquilo tudo em pedra.

Trouxeram mais pedras e as jogaram sobre a sombra.

A sombra se sobrepunha sem fim e continuava crescendo.

Isso foi um dia.

Na manhã seguinte aconteceu o mesmo ela continuava                                                                                    crescendo.

TRIMANO ARTE VISUAL - Série O Poema Ilustrado - "A Última" - detalhe


 

TRIMANO ARTE VISUAL - Série O Poema Ilustrado - "A Última" - hidrográfica e esferográfica - 2020


 

TRIMANO ARTE VISUAL - Série O Poema Ilustrado - "A Última" - detalhe


 

Eles tudo fizeram tudo permaneceu igual.

Resolveram retirar a água debaixo da sombra.

Retiraram e a água baixou de nível.

A sombra continuou no mesmo lugar de antes.

Continuou crescendo e se espalhou pela terra.

 Eles começaram a raspar a sombra com máquinas.

As máquinas tocavam nela ela penetrava nas máquinas.

Eles começaram a tratar a sombra a porradas.

Quando os paus atingiram a sombra ela penetrava neles.

Eles começaram a bater na sombra com os punhos.

Quando os punhos batiam na sombra ela penetrava neles.

Isto foi no outro dia.


No dia seguinte eles começaram tudo de novo ela continuou

                                                                                crescendo.

Acenderam luzes contra a sombra.

Por onde a sombra passava as luzes se apagavam.

Começaram a pisar na margem da sombra e ela agarrou

                                                                                  seus pés.

E quando a sombra agarrou seus pés eles caíram.

E quando ela alcançou seus olhos eles ficaram cegos.

A sombra cresceu sobre os que caíram e eles sumiram.

Os que podiam enxergar ficaram parados.

Os que ficaram cegos e entraram nela sumiram

suas sombras foram engolidas.

Depois os seus corpos foram engolidos.

Então os outros fugiram.

Os sobreviventes saíram pelo mundo e viveriam se a sombra

                                                                          lhes permitisse.

Foram o mais longe possível.

Os que tinham mais sorte levando suas sombras.


tradução: Nei Leandro de Castro

TRIMANO ARTE VISUAL - Série O Poema Ilustrado - "A Última" - hidrográfica e esferográfica - auto-retrato - 2020


 

TRIMANO ARTE VISUAL - Série O Poema Ilustrado - "A Última" - hidrográfica e esferográfica - 2020


 

TRIMANO ARTE VISUAL - Série O Poema Ilustrado - "A Última" - detalhe