TRIMANO ARTE GRÁFICA
Série O Poema Ilustrado
Ilustrações de Luis Trimano para o poema
" Fugindo às Pressas da Terra" de Robert Bly
"El Barco" - Edição virtual - Monte Alto - Rio de Janeiro - 2020
O propósito deste blog é o de mostrar o trabalho do ilustrador,independente das regras impostas pelo mercado,nas quatro disciplinas praticadas por mim, em diferentes momentos e veículos: A Caricatura na Imprensa,A Ilustração na Imprensa,A Ilustração Editorial e O Poema Ilustrado. Também são mostradas modalidades diferentes das mesmas propostas como: Montagens das exposições e a revalorização do painel mural, através das técnicas de reprodução digital em baner.
Fugindo às Pressas da Terra
Robert Bly
Os pobres, os aturdidos e os idiotas
Estão conosco: vivem no ataúde do sol
E no esquife da lua, enquanto eu saio esta noite
Vendo-a rodar seu escuro carrinho de mão
Por todas as várzeas do céu
E as estrelas se alçando inexoravelmente.
Negra lua! Sinistras lágrimas!
Sombra dos cortiços e dos triunfantes mortos!
Alguns homens perfuraram o peito com uma extensa agulha
A fim de seus corações cessassem de bater.
Outros deitaram blocos de gelo em suas camas
Para ali se finarem. Mulheres
Os cabelos lavaram, e se enforcaram
Nas suas longas tranças. Uma outra subiu
Num alto olmo sobre seu gramado
Abriu uma caixa, e engoliu aranhas venenosas...
O tempo de exortação já passou. Ouvi
cadeiras de ferro arranhamdo o chão em hospícios.
Enquanto o pássaro, transido de frio, encolhece no inverno
Na noite ventosa de novembro.
Os mineiros deixam seus poços
Como uma súbita enchente,
Como um arrozal desentegrando-se.
Oa homens choram quando escutam estórias de alguém
ressurgido dentre os mortos.
Eles decidiram estar por toda parte. Por que não?
Todos os lugares eram deles porque sim.
Eles tinham mãos de láminas e tinham o desprezo dos pássaros.
No caminho que fica entre as pedras, decidiram.
E então começaram a derrubar.
E eles cortaram tudo. Por que não?
Todas as coisas eram deles porque era assim que eles pensavam.
Ela caiu em suas próprias sombras e eles a levaram.
Alguma coisa para ter, alguma coisa para guardar.
Cortando tudo eles chegaram até a água.
E quando o dia acabou ainda restava uma de pé.
Eles foram embora e deixaram para derrubá-la no dia
seguinte.
A noite aninhou-se nos seus últimos galhos.
A sombra da noite juntou-se à sombra sobre a água.
A noite e a sombra formaram uma só cabeça.
E a que restava decidiu que ficaria.
Pela manhã eles cortaram o que restava.
Como as outras a última caiu em sua própria sombra.
Em sua própria sombra sobre a água.
Eles a carregaram a sombra permaneceu na água.
Eles encolheram os ombros e começaram a tentar remover
a sombra.
Cortaram até o nível do chão a sombra continuou intacta.
Cobriram a sombra de tábuas ela apareceu por cima.
Iluminaram a sombra ela ficou mais escura mais brilhante.
Explodiram a água a sombra balançou.
Decidiram fazer uma enorme fogueira com as raízes.
Uma fumaça negra subiu entre a sombra e o sol.
A nova sombra se espalhou sem alterar a antiga.
Eles encolheram os ombros foram buscar pedras.
Voltaram e viram que a sombra estava crescendo.
Atiraram pedras sobre ela ela continuou crescendo.
Enquanto olhavam para os lados, ela continuava crescendo.
Decidiram transformar aquilo tudo em pedra.
Trouxeram mais pedras e as jogaram sobre a sombra.
A sombra se sobrepunha sem fim e continuava crescendo.
Isso foi um dia.
Na manhã seguinte aconteceu o mesmo ela continuava crescendo.
Eles tudo fizeram tudo permaneceu igual.
Resolveram retirar a água debaixo da sombra.
Retiraram e a água baixou de nível.
A sombra continuou no mesmo lugar de antes.
Continuou crescendo e se espalhou pela terra.
Eles começaram a raspar a sombra com máquinas.
As máquinas tocavam nela ela penetrava nas máquinas.
Eles começaram a tratar a sombra a porradas.
Quando os paus atingiram a sombra ela penetrava neles.
Eles começaram a bater na sombra com os punhos.
Quando os punhos batiam na sombra ela penetrava neles.
Isto foi no outro dia.
No dia seguinte eles começaram tudo de novo ela continuou
crescendo.
Acenderam luzes contra a sombra.
Por onde a sombra passava as luzes se apagavam.
Começaram a pisar na margem da sombra e ela agarrou
seus pés.
E quando a sombra agarrou seus pés eles caíram.
E quando ela alcançou seus olhos eles ficaram cegos.
A sombra cresceu sobre os que caíram e eles sumiram.
Os que podiam enxergar ficaram parados.
Os que ficaram cegos e entraram nela sumiram
suas sombras foram engolidas.
Depois os seus corpos foram engolidos.
Então os outros fugiram.
Os sobreviventes saíram pelo mundo e viveriam se a sombra
lhes permitisse.
Foram o mais longe possível.
Os que tinham mais sorte levando suas sombras.
tradução: Nei Leandro de Castro