CURSO DE ILUSTRAÇÃO EDITORIAL
DAVID HOCKNEY
O CONHECIMENTO SECRETO - 2
DE INGRES A WARHOL
A CAPTURA DA REALIDADE PELAS LENTES
O propósito deste blog é o de mostrar o trabalho do ilustrador,independente das regras impostas pelo mercado,nas quatro disciplinas praticadas por mim, em diferentes momentos e veículos: A Caricatura na Imprensa,A Ilustração na Imprensa,A Ilustração Editorial e O Poema Ilustrado. Também são mostradas modalidades diferentes das mesmas propostas como: Montagens das exposições e a revalorização do painel mural, através das técnicas de reprodução digital em baner.
quarta-feira, 26 de outubro de 2016
Em fevereiro de 2000, com a ajuda de meus assistentes
David Graves e Richard Schmidt, comecei a prender
com percevejos fotocópias coloridas de pinturas
na parede de meu estúdio na Califórnia.
Via isso como um modo que me conferisse uma visão
de conjunto da história da arte ocidental e como um auxílio
na seleção de imagens para o livro. Quando terminamos,
o mural tinha 70 pés (21,3 m) de comprimento e percorria
500 anos de forma mais ou menos cronológica, com a Europa setentrional em cima e a Europa meridional embaixo.
Ao começarmos a juntar as páginas do livro, fizemos
também experimentos com diversas combinações
de espelhos e lentes para ver se conseguíamos recriar
os métodos tal vez utilizados pelos artistas do Renascimento
As projeções que fizemos encantaram todos os que vieram
ao estúdio, mesmo aqueles de câmara em punho.
Os efeitos pareciam incríveis, porque não eram eletrônicos.
As imagens que projetamos eram nítidas, em cores
que se moviam. Ficou óbvio que poucos sabem muita coisa
sobre óptica, mesmo os fotógrafos. Na Europa medieval,
"aparições" projetadas seriam tidas como mágicas;
como descobri, as pessoas continuam a achar isso
hoje em dia.
David Hockney
David Graves e Richard Schmidt, comecei a prender
com percevejos fotocópias coloridas de pinturas
na parede de meu estúdio na Califórnia.
Via isso como um modo que me conferisse uma visão
de conjunto da história da arte ocidental e como um auxílio
na seleção de imagens para o livro. Quando terminamos,
o mural tinha 70 pés (21,3 m) de comprimento e percorria
500 anos de forma mais ou menos cronológica, com a Europa setentrional em cima e a Europa meridional embaixo.
Ao começarmos a juntar as páginas do livro, fizemos
também experimentos com diversas combinações
de espelhos e lentes para ver se conseguíamos recriar
os métodos tal vez utilizados pelos artistas do Renascimento
As projeções que fizemos encantaram todos os que vieram
ao estúdio, mesmo aqueles de câmara em punho.
Os efeitos pareciam incríveis, porque não eram eletrônicos.
As imagens que projetamos eram nítidas, em cores
que se moviam. Ficou óbvio que poucos sabem muita coisa
sobre óptica, mesmo os fotógrafos. Na Europa medieval,
"aparições" projetadas seriam tidas como mágicas;
como descobri, as pessoas continuam a achar isso
hoje em dia.
David Hockney
Fica perfeitamente claro que alguns artistas
usaram a óptica diretamente e outros não,
embora após 1500 quase todos pareçam ter sido
influenciados pelas tonalidades, sombreado e cores
encontradas na projeção óptica. Brueguel, Bosch,
Grünewald de pronto vêm à cabeça como artistas
que não se envolveram no uso direto da óptica.
Mas terão visto pinturas e desenhos feitos com ela,
e tal vez até mesmo algumas projeções, como aprendizes,
provavelmente copiaram obras com efeitos ópticos.
Insisto em repetir que a óptica não faz marcas, não é capaz
de fazer pinturas. Pinturas e desenhos são feitos pela mão.
Tudo o que estou dizendo é que, bem antes do século XVII,
quando acreditamos que Vermeer estivesse usando uma câmara escura, os artistas dispunham de uma ferramenta
e a utilizavam de forma antes desconhecida pela história da arte.
David Hockney
usaram a óptica diretamente e outros não,
embora após 1500 quase todos pareçam ter sido
influenciados pelas tonalidades, sombreado e cores
encontradas na projeção óptica. Brueguel, Bosch,
Grünewald de pronto vêm à cabeça como artistas
que não se envolveram no uso direto da óptica.
Mas terão visto pinturas e desenhos feitos com ela,
e tal vez até mesmo algumas projeções, como aprendizes,
provavelmente copiaram obras com efeitos ópticos.
Insisto em repetir que a óptica não faz marcas, não é capaz
de fazer pinturas. Pinturas e desenhos são feitos pela mão.
Tudo o que estou dizendo é que, bem antes do século XVII,
quando acreditamos que Vermeer estivesse usando uma câmara escura, os artistas dispunham de uma ferramenta
e a utilizavam de forma antes desconhecida pela história da arte.
David Hockney
Se Ingres usou uma câmara lúcida
para desenhar retratos, terá usado também
dispositivos ópticos para sua pintura?
Tome por exemplo, o belo retrato de madame
Leblanc, pintado em 1823, mais de 15 anos antes
da invenção da fotografia química.
Veja como é de uma precisão realista o tecido
com motivos decorativos. Que diferença para o estudo
de cortina, por Cézanne, um quadro certamente
feito a olho. Mas e olho (e coração) estão em ação aqui,
pode-se ver claramente como o quadro foi construído.
David Hockney
para desenhar retratos, terá usado também
dispositivos ópticos para sua pintura?
Tome por exemplo, o belo retrato de madame
Leblanc, pintado em 1823, mais de 15 anos antes
da invenção da fotografia química.
Veja como é de uma precisão realista o tecido
com motivos decorativos. Que diferença para o estudo
de cortina, por Cézanne, um quadro certamente
feito a olho. Mas e olho (e coração) estão em ação aqui,
pode-se ver claramente como o quadro foi construído.
David Hockney
A câmara lúcida não é facil de usar.
Basicamente, trata-se de um prisma numa vareta
que cria a ilusão de uma imagem
daquilo que esteja na frente dele
sobre um pedaço de papel embaixo.
Essa imagem não é real - não se acha de fato no papel,
somente parece estar ali. Quando se olha pelo prisma
a partir de um único ponto, pode-se ver a pessoa
ou objetos em frente e o papel embaixo ao mesmo tempo.
Se você usa a câmara lúcida para desenhar,
pode ver também a sua mão e o lápiz fazendo marcas
no papel. Mas somente você, sentado na posição certa,
é capaz de ver essas coisas, ninguém mais.
Por ser portátil, a câmara lúcida é perfeita para desenhar
paisagens. Mas em um retrato é mais difícil. Você deve
usá-la rápidamente, pois assim que o olho se move
a imagem realmente desaparece.
Um artista hábil seria capaz de fazer rápidas notações,
marcando os pontos-chave das feições da pessoa.
Com efeito, esse é um processo normal de medição
que se dá na cabeça de um bom desenhista,
mas que em geral leva muito mais tempo.
Depois de feitas essas notações, tem início
o trabalho pesado de observar do natural e traduzir
as marcas numa forma mais completa. Eu próprio tentei
usar a câmara lúcida durante um ano, desenhando
centenas de retratos com ela.
David Hockney
Basicamente, trata-se de um prisma numa vareta
que cria a ilusão de uma imagem
daquilo que esteja na frente dele
sobre um pedaço de papel embaixo.
Essa imagem não é real - não se acha de fato no papel,
somente parece estar ali. Quando se olha pelo prisma
a partir de um único ponto, pode-se ver a pessoa
ou objetos em frente e o papel embaixo ao mesmo tempo.
Se você usa a câmara lúcida para desenhar,
pode ver também a sua mão e o lápiz fazendo marcas
no papel. Mas somente você, sentado na posição certa,
é capaz de ver essas coisas, ninguém mais.
Por ser portátil, a câmara lúcida é perfeita para desenhar
paisagens. Mas em um retrato é mais difícil. Você deve
usá-la rápidamente, pois assim que o olho se move
a imagem realmente desaparece.
Um artista hábil seria capaz de fazer rápidas notações,
marcando os pontos-chave das feições da pessoa.
Com efeito, esse é um processo normal de medição
que se dá na cabeça de um bom desenhista,
mas que em geral leva muito mais tempo.
Depois de feitas essas notações, tem início
o trabalho pesado de observar do natural e traduzir
as marcas numa forma mais completa. Eu próprio tentei
usar a câmara lúcida durante um ano, desenhando
centenas de retratos com ela.
David Hockney
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