quarta-feira, 14 de abril de 2010

JOGO DE LUZ

Certa vez, pelos idos de 1997, consultei o jornalista Paulo Francis (meu colega na TV Globo de NY) sobre qual lugar traduzia melhor a paisagem natural dos EUA, em termos de beleza e tranqüilidade anti-estresse (era para umas férias curtas) – e ele respondeu sem pestanejar: - Aproveite o Maine, aqui ao norte, tem maravilhas insondáveis. Assim aconteceu. Com um carro alugado e muita disposição passei alguns dias conhecendo este belo lugar, na fronteira com o Canadá, que agora reencontro nas fotografias de Robert Frank, o fotógrafo da natureza.Frank é um dos fotógrafos selecionados por Trimano para homenagear (lembrar) o foto jornalismo, uma arte quase esquecida nos dias de hoje, quando abundam as reproduções e as imagens virtuais. Alguns, como Lewis Hine, se notabilizaram por um trabalho político e social, outros reproduziram a natureza que os cercavam. Mas todos, aqui reunidos neste blog, guardam uma característica comum: são geniais.

Toninho Vaz

L. Hine - Spinner at Frame - North Carolina 1908

L. Hine - Newsboy - Washington 1912

L. Hine - Breaker Boys - Pennsylvania 1910

LEWIS HINE - 1874-1940 - Estados unidos
Estudou sociologia em Chicago e Nova York
entre 1900 e 1907, antes de achar trabalho
na Escola de Cultura Ética. Mais tarde ditou
um curso cujo ensino foi denominado "Fotografia
Documental". Em 1908 produce a série de fotografias
dos metalúrgicos de Pittsburg. Hine mostrou a opinião
pública, nas suas fotos, as péssimas condições de
trabalho, campanha que teve como resultado a
aprovação da lei de trabalho infantil. Fotógrafo "militante",
também volta o seu olhar para os milhões de imigrantes
vivendo marginalizados em super povoados cortizos em
Nova York. Em 1908 o Comité Nacional do Trabalho Infantil,
contratou Hine, quem trabalhou durante 8 anos, documentando
exploração de mão de obra infantil, viajando pelos estados
tirando fotos de crianças trabalhando em fábricas. Após o
sucesso da sua campanha contra a exploração do trabalho infantil,
Hine trabalhou para a Cruz Vermelha durante a primeira guerra.
De 1930 a 1931, fotografou os trabalhos de construção do
Empire State Building. Este material foi publicado em um livro
intitulado "Men At Work", em 1932. Ele tinha dificuldade para
ganhar dinheiro com as suas fotografias. Em 1940 perdeu
sua casa após deixar de pagar a "Corporação de Empréstimos
para Proprietários de Casas". Hine morreu na pobreza 11
meses depois.

D. Lange - Egyptians Villagers - 1963

D. Lange - Lettuce Cutters, Salinas Valley - California 1935

D. Lange - Sharecropper and family - Georgia 1938

DOROTHEA LANGE - 1895-1965 - Estados Unidos Nos anos 1930, ao serviço da Farm Security Administratión, ela percorreu vinte e dois estados do Sul e Oeste dos Estados Unidos, recolhendo imagens que documentam o impacto da grande depressão na vida dos camponeses. Lange é a autora da famosa fotografia "Mãe imigrante" de 1936.

A. Kertész - "A Woman of Gurna" - 1959

A. Kertétsz - "Blind Musician" - 1921

ANDRÉ KERTÉSZ - 1894-1985 - Hungria
A fotografia documental como forma de arte.
Depois de anos como fotógrafo amador de
instantáneas em Budapeste, mudou-se para
París em 1925, onde começou uma carreira de
fotógrafo freelancer e conhece o fotógrafo
Brassai. De 1933 a 1936, publica 3 livros
de suas próprias fotografias. Em 1936
mudou-se para os Estados Unidos e se
estabelece em Nova York onde ganhou
a vida fotografando arquitetura e interiores
para revistas como Casa e Jardim.

E. Smith - "Pont Bedeau Hospital" - 1958

EUGENE SMITH - 1918-1978 - Estados Unidos
É visto como um artista fotógrafo, mestre do seu
oficio. Aos 14 anos, interessado em engenharia
aeronáutica, com uma cámera emprestada de sua
mãe (também uma entusiasta da fotografia) vai tirar
fotos no aeroporto local. Sua primeira reportagem.
Logo, a fotografia torna-se seu grande interesse.
Muitas vezes considerado "problemático" pelos
editores, por causa de sua recusa a permitir que
seus quadros, a sua disposição, e muitas vezes
o texto que acompanha, seja moldado pela política
da revista ou qualquer outra coisa diferente da sua
visão pessoal. Entre 1936 e 1937, passa o ano
trabalhando na revista Newsweek. A seguir produz
uma série de fotos sobre a vida dos mineiros americanos,
publicada no The New York Times. Em 1942 se torna
correspondente de guerra, tendo estado em 26 missões
de combate. Esteve em Okinawa e no "Dia D". Gravemente
ferido se retirou durante anos da fotografia. Na sua volta,
produz uma das imagens mais famosas do século, "A Walk
Paradise Garden" de 1946, destaque do livro "Family of Man".