terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Não posso me cuidar daquilo que as pessoas pensam de mim, é necessário que continue "adiante", é nisto que devo pensar. / La fora está tudo muito triste, os campos são blocos de terra negra com um pouco de neve, e a miude jornadas nas quais não à mais que bruma e lodo; no entardecer, o sol vermelho, e na manhã os corvos, a relva resecada e a verdura murcha que apodrecem, pequenos bosques negros e os galhos dos álamos e dos sauces ourizados, contra um céu triste, como uma massa de arame farpado. Isto, só o enxergo de passagem, mas está completamente em harmonia com os interiores muito sombrios nestas escuras jornadas de inverno. / Está também em harmonia com as fisionomias dos camponeses e dos tecelões. Não os escuto se queixarem, mas levam uma vida muito rude. Suponhamos um tecelão que trabalha muitas horas, que faça uma peça de sesenta varas numa semana. No entanto ele tece, é necessário que uma mulher enrole a linha nos carreteis; ou seja, são duas pessoas as que trabalham e devem viver desse trabalho. Sobre esta peça, o tecelão ganha, nessa semana, quatro florins e meio, e quando a entrega ao fabricante, costumam lhe dizer que só receberá outra peça para tecer em oito ou quince dias. Conseqüentemente, o salário é baixo e o trabalho escasso. Por causa disto, essa gente costuma viver nervosa e irrequieta. É um estado de ánimo diferênte ao que conhecí nos mineiros, num ano em que ouve greve e muitos acidentes. / Cartas a Theo - Nuenen 1883 - 1885

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