segunda-feira, 30 de novembro de 2015

CURSO DE ILUSTRAÇÃO EDITORIAL
O Poema Ilustrado
LUIS TRIMANO
SÉRIE "CANTO GERAL" - ILUSTRAÇÕES
SOBRE POEMAS DE PABLO NERUDA
    

domingo, 29 de novembro de 2015

A série "Canto Geral - Ilustrações de Luis Trimano
Sobre Poemas de Pablo Neruda", é composta de 33
desenhos nas dimensões 75 X 50 cmts, realizados
em nanquim e esferográfica, montados na forma
de tríptico vertical, medindo cada painel 1.50 X 75 mts.
alguns dos desenhos das composições, podem ser
expostos de forma autónoma, independentemente
do conjunto. A série, acompanhada de trechos dos poemas,
será exposta no Centro Cultural Laurinda Santos Lobo,
Santa Teresa, Rio de Janeiro, de 12 de dezembro de 2015,
a 17 de janeiro de 2016.

PABLO NERUDA


CANTO GERAL DE PABLO NERUDA

Canto Geral é uma obra atípica e representa
uma reviravolta na poética de Neruda.
O livro foi escrito em circunstâncias adversas,
quando Neruda, membro do Partido Comunista,
sofria forte perseguição pela policia política 
do ditador chileno Gonzalez Videla, sendo obrigado 
a transpor a Cordilheira dos Andes e refugiar-se
no exterior.
Lançado em 1950, o livro teve duas primeiras edições,
quase idênticas, uma oficial e pública, no México,
e outra clandestina no Chile.
Concebido inicialmente como um Canto Geral do Chile,
ou mais precisamente, como uma obra de contornos épicos
que abarcasse toda a geografía da história do Chile,
e suas repercussões no homem, o projeto, iniciado em 1938
viria a transformarse com o tempo - depois de uma visita
efetuada pelo poeta às ruínas de Macchu Picchu, 
nos Andes Peruanos, em 31 de outubro de 1943 - num
Canto Geral da América.

dados extraídos da Wikipédia 

CANTO GERAL - detalhe


CANTO GERAL - detalhe


CANTO GERAL - detalhe


CANTO GERAL

tudo é silêncio de água e vento.

mas nas folhas espia o guerreiro.

entre os lariços um grito

uns olhos de tigre em meio
às alturas da neve.

olha as lanças a descansar.

escuta o susurro do ar
atravessado pelas flechas.

olha os peitos e as pernas
e as cabeleiras sombrias
brilhando à luz da lua.

olha o vazio dos guerreiros.

não há ninguém, trina a diuca
feito água na noite pura.

cruza o condor o seu vôo negro.

não há ninguém. escutas? é o passo
do puma no ar e nas folhas.

não há ninguém. escuta. escuta a árvore,
escuta a árvore araucana.

não há ninguém. olha as pedras.

olha as pedras de Arauco.

não há ninguém, somente as árvores.

somente as pedras, Arauco.

tradução: Paulo Mendes Campos

CANTO GERAL - tríptico


CANTO GERAL - detalhe


CANTO GERAL - detalhe


CANTO GERAL - detalhe - Bolívia


CANTO GERAL - tríptico


CANTO GERAL - detalhe


CANTO GERAL - detalhe


CANTO GERAL - detalhe


CANTO GERAL

aqui vem a árvore, a árvore
da tormenta, a árvore do povo.

da terra sobem os heróis
como as folhas pela seiva,
e o vento despedaça as folhagens
de multidão rumorosa,
até que cai à semente
do pão outra vez na terra.

aquí vem a árvore, a árvore
nutrida por mortos desnudos,
mortos açoitados e feridos,
mortos de rostos impossíveis,
empalados sobre uma lança,
esfarelados na fogueira,
decapitados pela acha,
esquartejados a cavalo,
crucificados na igreja.

tradução: Paulo Mendes Campos

CANTO GERAL - detalhe


CANTO GERAL - detalhe


CANTO GERAL - detalhe


CANTO GERAL - detalhe


CANTO GERAL - tríptico


CANTO GERAL - detalhe


CANTO GERAL - detalhe


CANTO GERAL - detalhe


CANTO GERAL

os carniceiros desolaram as ilhas.

Guanahaní foi a primeira,
nessa história de martirios.

os filhos da argila viram partido
seu sorriso, ferida
sua gragil estatura de gamos,
e nem mesmo na morte entendiam.
foram amarrados e feridos,
foram queimados e abrasados,
foram mordidos e enterrados.

e quando o tempo deu sua volta de valsa
dançando nas palmeiras,
o salão verde estava vazio
só ficavam ossos
rigidamente colocados
em forma de cruz, para maior
gloria de deus e dos homens

tradução: Paulo Mendes Campos 

CANTO GERAL - tríptico


CANTO GERAL - detalhe - retrato de Marli


CANTO GERAL - detalhe


CANTO GERAL - detalhe


CANTO GERAL - tríptico


CANTO GERAL - detalhe


CANTO GERAL - detalhe


CANTO GERAL - detalhe


CANTO GERAL - tríptico


CANTO GERAL - detalhe


CANTO GERAL - detalhe - Os Libertadores - retrato de Artigas


CANTO GERAL- detalhe


CANTO GERAL

venho falar por vossa boca morta.

através da terra juntai todos
os silenciosos labios derramados
e lá do fundo falai comigo por toda esta larga
noite,
como se eu estivesse ancorado convosco,
contai-me tudo, cadeia por cadeia,
elo por elo, passo por passo,
afiai as facas que escondestes,
colocaias no meu peito, em minha mão,
como um rio de raios amarelos,
como um rio de tigres enterrados,
e dexai-me chorar, horas, dias, anos,
idades cegas, séculos estelares.

dai-me a luta, o ferro, os vulcões.

apegai a mim os corpos como ímãs.

afluí as minhas veias e a minha boca.

falai por minhas palavras e por meu sangue.

tradução: Paulo Mendes Campos 

CANTO GERAL - tríptico


CANTO GERAL - detalhe


CANTO GERAL - detalhe


CANTO GERAL - detalhe - Os Libertadores - Zapata


CANTO GERAL - tríptico


CANTO GERAL - detalhe


CANTO GERAL - detalhe


CANTO GERAL - detalhe - retrato de Fafá


CANTO GERAL

sobe a nascer comigo, irmão.

dá-me a tua mão aí da profunda
zona de teu pudor diseminado.

não voltarás do fundo das rochas.

não voltarás do tempo subterrâneo.

não voltará a tua voz endurecida.

não voltarão os teus olhos verrumados.

olha-me do fundo da terra,
lavrador, tecelão, pastor calado:
domador de guanacos tutelares:
pedreiro do andaime desafiado:
aguadeiro das lágrimas andinas:
joalheiro dos dedos machucados:
agricultor tremulante na semente:
olheiro em tua argila derramado:

trazei à taça desta nova vida

as vossas velhas dores enterradas

tradução: Paulo Mendes Campos 

CANTO GERAL - tríptico


CANTO GERAL - detalhe


CANTO GERAL - detalhe


CANTO GERAL - detalhe


sábado, 28 de novembro de 2015

CURSO DE ILUSTRAÇÃO EDITORIAL
SANTIAGO RUSIÑOL
A LINGUAGEM DA PAISAGEM
A ESPANHA INTERIOR  

SANTIAGO RUSIÑOL
Barcelona, Catalunha, Espanha 1861
Aranjuez, Espanha 1931
Rusiñol foi pintor e poeta, um dos líderes do Movimento Modernista Catalã, e um dos melhores pintores de paisagem da arte moderna espanhola.
Sua formação como pintor, começou 
no Centro de Aquarelistas de Barcelona.
Em 1889, vivendo em Montmartre, Paris, conhece
Ramon Casas e Ignacio Zuloaga.
Muito do seu trabalho deste período pertence ao Simbolismo.
Depois de regressar a Espanha, se estabeleceu em Sitges,
fundando um estúdio-museu chamado Cau Ferrat.
Em 1899 viajou junto com o pintor Joaquim Mir, 
também catalão, a Mallorca, Ilhas Baleares,
pra pintar a paisagem.

Rousiñol foi conhecido por sua pintura da paisagen
espanhola, e pelos seus jardins de climas intimistas.
Morreu em Aranjuez, Espanha, em 1931.

dados extraídos da Wikipédia   

RUSIÑOL


RUSIÑOL


RUSIÑOL


RUSIÑOL


RUSIÑOL