segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Eu estou "atravessado" na vida e o meu estado mental não somente "é" mas tem "sido" também abstrato, de modo que qualquer coisa que se faça por mim, não "posso pensar" em equilibrar minha vida. Quando "devo"seguir uma regra como aquí no hospício, me sinto tranqüilo. E no alistamento, aconteceria mais ou menos a mesma coisa. Claro que aquí me arrisco muito a ser recusado, pois sabem que sou alienado ou pelo menos epiléptico, (tenho ouvido dizer que existem 50 mil epilépticos na França, dos quais somente 4.000 internados; de modo que não é tão extraordinário) quem sabe em París, falando com Détaille por exemplo ou Caran d'Ache, me incorporem logo. Poderá parecer uma cabeçada peor que a outra; em fim reflitamos, mas para atuar. Na espera, faço o que posso por trabalhar "não interessa no qué", incluindo a pintura; pois tenho uma boa vontade aceitável. Mas o dinheiro que custa a pintura... é algo que me esmaga debaixo de uma sensação de dívida e covardia; e sería conveniente que isto acabase o mais depressa possível. / Arles 1888 - 1889 / __________________________________________________________________ Por qué nos estamos aquí e isto é tudo, ou pelo menos tudo que posso dizer num momento de relativa crise. Um momento em que as coisas estão muitos tensas entre marchands de quadros de artistas mortos e artistas vivos. Pois bem, o meu trabalho; arrisco a vida e a minha razão mais ou menos destruida - bom - mas tú não estás entre os marchands de homens, que eu saiba; e podes tomar partido, acho, procedendo realmente com humanidade, mas, o que tú queres? / Cartas a Theo Auvers-sur-Oise 1890

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