domingo, 1 de dezembro de 2013

CURSO DE ILUSTRAÇÃO EDITORIAL
LAJOS SZALAY
A ILUSTRAÇÃO NO DESENHO

Lajos Szalay


LAJOS SZALAY - Ôrmezô 1909 - Miskoc 1995
Foi um desenhista húngaro que, depois da invasão
do seu país pela União Soviética em 1956, se "auto-exilou" 
na Provincia de Tucumán, na Argentina, onde deu
aulas como profesor de desenho deixando uma influência notória
em varias gerações de artistas.
Lajos Szalay e Lino Spilimbergo foram os renovadores do desenho figurativo argentino. 
Estas duas influências estão presentes na obra de Carlos Alonso, 
que por sua vez influenciou os desenhistas dos anos 60. 
Podemos ver, em Szalay e em Alonso, 
como podemos ver também em Castagnino,
um interesse especial pelo "tema" a ser ilustrado,
que os puristas da arte chamavam despectivamente de anedótico,
considerando a pintura figurativa, ilustração e não pintura.
E em verdade muita arte figurativa tida como "pintura",
pode ser vista hoje, depois do aparecimento do abstracionismo,
como ilustração. 
Os artistas figurativos que consideravam a ilustração uma continuidade do seu trabalho de pintores e muralistas, seguiram o caminho oposto
ao determinado pela moda que anunciava a morte "oficial" da figura,
e praticaram uma figuração que unia naturalmente a pintura e a ilustração.
Isto aconteceu em 1960, faz meio século..., e foi uma atitude pioneira desses artistas, percebemos isso quando observamos o alto nível plástico e intelectual que alcançaram a ilustração e os quadrinhos na atualidade. 
Szalay pode ser tomado como um exemplo de artista independente, 
com uma temática própria,  que traz para a ilustração o seu desenho 
erudito de artista plástico, da mesma forma como Alonso e Castagnimo, elevando assim o género, e abrindo espaço para a ilustração de arte no circuito das galerias. 
O primeiro contato que tive com o desenho de Lajos Szalay, foi a través de um pequeno livro das suas ilustrações, publicado pela editora KRAFT de Buenos Aires,
em 1960. O que me chamou a atenção foram as suas cenas da estupros e assesinatos durante a invasão soviética, brutal como toda invasão militar, e a resistência heroica da população civil.
Nesses desenhos, notei a utilização de referências fotográficas na posição das figuras e na observação dos detalhes (algumas  dessas fotografias reconhecí mais tarde nas páginas da revista LIFE), e o parentesco com os desenhos de Otto Dix e George Grosz.
A partir daí, o trabalho de Lajos Szalay, testemunha ocular do conflito, ficou gravado na minha memória como a crónica da tragédia húngara.
Por esse cenário de violência, transitam soldados, amantes, santos, figuras bíblicas,
anjos justiceiros e a morte, uma constante na sua obra de militante cristão.