quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Esse caráter indicial, agora visível na fotografia,
pode ser resgatado desde os primórdio da pintura
e a escultura. Os homens do Paleolítico Superior -
período que se estende desde cerca de 38.000 a.C
até 9.000 a.C, em que o homo sapiens apareceu
na Europa - utilizavam um procedimento empregado
pelos australianos de hoje, que consiste em introduzir
um pó colorido em um tubo oco e soprar. Assim se
procede para conseguir as mãos em padrão, que são
inúmeras nas cavernas de Lascaux, na França. O pintor
colocava a mão na parede e soprava o pó em torno.
É a técnica mais primitiva de decalque ou impressão.
A imagem gerada pelo sopro do pó colorido, se torna um
traço de algo desaparecido, algo que esteve alí e não
está mais.
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A palavra fotografia deriva das palavras gregas photos (luz)
e graphia (escrita), significando escrita da luz. A luz desenha
a sombra da mesma forma que grava o fotograma.
Um fenómeno muito simples, que se deve a propagação
retilínea da luz, pode ser observado com o auxílio de uma câmara escura, aparelho descrito pela primeira vez por Leonardo da Vinci.
A câmara escura é uma caixa fechada, sendo que uma de suas paredes feita de vidro fosco. No centro da parede oposta, há um pequeno orifício. Quando colocamos diante
dele, a certa distância, um objeto fortemente iluminado,
vê se formar sobre o vidro fosco, uma imagem invertida desse objeto.
A câmara escura foi usada por artistas no século XVI para
auxiliar na elaboração de esboços das pinturas. De certo
modo, a máquina fotográfica é uma câmara escura, incrementada com lentes e filme fotográfico.
No inicio do século XX, a relação entre fotografia e arte
se estreitou ainda mais na chamada "arte contemporânea",
em que a arte insiste em se impregnar da lógica indiciária,
própria da fotografia.
Três tendências artísticas que têm a fotografia como fundamento, incorporadas à arte norte americana na segunda metade do século XX, no limiar do Modernismo
e na passagem do que hoje consideramos como arte
contemporânea, são: o Expressionismo Abstrato, a Pop
Art e o Hiper Realismo.
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EXPRESSIONISMO ABSTRATO


Foi um movimento pictórico norte americano
muito popular no pós-guerra, e o primeiro
a atingir influência mundial. 
Ganhou esse nome por combinar a intensidade
emocional do Expressionismo Alemão, com 
a estética anti figurativista das escolas abstratas
europeias, como o Futurismo, a Bauhaus e o
Cubismo Sintético.
Um dos principais nomes do Expressionismo Abstrato
foi Robert Rauschenberg, que usava em suas obras
a tradição dadaista da colagem, transformando grandes
superfícies, telas, paredes, em acúmulo de materiais,
em sobreposições de suportes, de camadas de pintura, de imagens, de texturas e até mesmo de objetos.
Nesse contexto de agrupamento de objetos, a fotografia
passa a ter um sentido duplo em suas obras - de pintor 
e não de fotógrafo - A fotografia é ao mesmo tempo
um objeto e um suporte material, incorporada na obra pintada. Suas combinações ou agrupamentos não são
somente regidos pela lógica da montagem, mas igualmente
com a lógica do traço, de índice.

POP ART


Com raízes no Dadaísmo de Marcel Duchamp,
começou a tomar forma no final da década de 1950,
quando alguns artistas, após estudarem os símbolos
e produtos do mundo da propaganda nos Estados
Unidos, passaram a transformá-los em tema de suas obras.
Representavam assim, os componentes mais ostensivos
da cultura popular, de poderosa influência na vida cotidiana
da segunda metade do século XX. Retorna a arte figurativa,
com outra roupagem, em oposição ao Expressionismo Abstrato que dominava a cena estética, desde o final 
da Segunda Guerra Mundial.
Sua iconografia era a da televisão, da fotografia, dos quadrinhos, do cinema e da publicidade. 
Um gosto cada vez mais insistente pela encenação
e formalização do objeto de consumo, o estereótipo,
o já pronto, o cliché, o cotidiano, latas de sopa, Marilyn,
Elvis, etc, um interesse maior de tudo que precede do
múltiplo, da cópia do original, da transporte fotográfico.
A relação entre a Pop Art e a fotografia é privilegiada,
pois não é simplesmente utilitária nem estético-formal,
é quase ontológico, sendo que a fotografia exprime a filosofia da Pop Art.

HIPER REALISMO


Também conhecido como realismo fotográfico ou
foto realismo, é uma tendência que busca mostrar
nas obras uma abrangência muito grande de detalhes,
tornando-as quase idênticas a uma fotografia ou
a uma cena da realidade. Destacaram-se nesta tendência,
artistas plásticos fotógrafos como Chuck Close e Richard
Estes.
As obras hiper reais, por apresentarem uma exatidão
de detalhes minuciosa e impessoal, geram um efeito de irrealidade, são paradoxais, no sentido de que são tão
perfeitas que parecem reais. O objetivo do Hiper Realismo
não é a reprodução, mas a representação que acrescenta,
que é excessiva.
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A fotografia indicou novos rumos para a arte.
Assim nos valemos de idéias de Picasso,
que constam de um diálogo do pintor com
o fotógrafo Brassai, seu amigo, em 1939.
Disse Picasso: "Quando você vê tudo que 
é possível exprimir através da fotografia,
descobre tudo que não pode ficar por mais
tempo no horizonte da representação picturial.
Por que o artista continuaria a tratar de sujeitos
que podem ser obtidos com tanta precissão
pela objetiva de um aparelho de fotografia?
Seria absurdo, não é? 
A fotografia chegou no momento certo, para
libertar a pintura de qualquer anedota, de
qualquer literatura, e até do sujeito".

Matheus Mazini Ramos


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