domingo, 4 de janeiro de 2009

Porta secreta irmão mudo com uma pequena caneca / mendigando numa esquina de Cuzco / e soprando flautas de bambu / na meia-noite da coca / Porta secreta dos Andes a dez mil pés / envolto em dissonantes ruínas e horizontes avermelhados / de onde pendem litorais / ainda perdidos entre os cavalos / e cães dos conquistadores e suas incompreensíveis leis / Porta secreta río selvagem de Urubamba / em algum lugar do qual ainda flutua / a erva perdida que separa a alma do corpo / e porta secreta que é a própria erva/ e porta secreta que é esta separação / e porta secreta feita de espelhos / das águas deste rio / no qual não posso vê além de mim mesmo / porque meu corpo obstrui a visão / Porta secreta enfim posso vê além / de seu precioso corpo um saco de osos / que deixe nus sobre a rocha / Porta secreta sem asas eu me elevo / além deste rio / Porta secreta enfim caio através / do fim perdido do dia / É crepúsculo / quando se chega a / Macchu Picchu / Alguns indios passam dançando / tocam suas flautas / e batem tambores / de: "Partindo de São Francisco" - 1961 Perú-Chile, janeiro-fevereiro, 1960 / tradução: Marcos A. P. Ribeiro

Nenhum comentário: