terça-feira, 16 de março de 2021

A FOZ DE HUDSON

Robert Lowell


Um homem sozinho fica ali, como a espiar as aves,

e raspa a neve salpicada em preto e branco

de uma bobina grisalha

abandonada, de cabo elétrico Westinghouse.

Ele não pode descobrir a América cantando

as cadeias dos condenados trens de carga

vindos dos trinta Estados. Que sacolejam, rangem,

rejeitam restos atirados no desvio ali embaixo.

Seu equilíbrio a custo se mantém.

Os olhos pingam

e ele vai à deriva no gelo espedaçado

estalejando Hudson abaixo até o mar,

como as brancas placas soltas de um jogo de armar.

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