segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Existe um momento no trabalho figurativo, em que a busca por novas abordagens, nos leva à "desconstrução" da forma, e no caso de muitos artistas
ao abandono da representação, ao abstracionismo.
Observamos isso no russo Kasimir Malevich, que partindo da figuração,
chegou ao despojamento total do objeto nos seus "Branco sobre branco" e
"Preto sobre preto". Nestes dois quadros, o único desenho, é uma linha fina
traçando um quadrado sobre a superficie chapada. Tinha chegado ao vazio,
ao nada, e volta a figuração utilizando a sua experiência abstracionista.
Em 1968, ano da minha mudança para  São Paulo, passei por uma experiência semelhante.
Eu estava trabalhando numa série de pequenos estudos a bico de pena,
influenciado pela fase figurativa de Jackson Pollock, o criador da "action painting"
ou (pintura de ação), e "desconstruindo" o meu desenho a partir da sua leitura.
A série "Paulistana" é um registro desta influência, que levava ao abstracionismo,
e percebí que eu tinha necessidade de uma narrativa, uma história que acompanhase o trabalho visual, e optei pela ilustração. 
Paralelamente publicava na imprensa, caricaturas às quais tentava imprimir   
o grafismo do meu desenho autoral, assentado na plástica e não nas artes gráficas.
Daí a minha recusa em aceitar a ilustração comercial e o desenho publicitário,
formas impostas pelo mercado como únicas soluções aceitáveis.
Em função desse desacordo montei o curso de ilustração baseado nos exemplos
da história da arte.
Nas caricaturas, as referências mais importantes, foran os retratos das
água-fortes de Albrecht Dürer, e dos expressionistas Otto Dix e George Grosz.
Os estudos da Série Paulistana encerraram o meu período de Buenos Aires. 
Começa a residência no Brasil, onde desenvolví o  meu desenho de ilustrador.
  

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