sábado, 30 de janeiro de 2010

Trechos da Carta aos senhores inspectores das colonias, de passagem nas Marquesas, fim de 1902, Hivaoa, Ilhas Marquesas: Pretendo apenas pedir que examineis, vós próprios, quem são os indígenas aquí, na nossa colónia das Marquesas, e como funcionam os gendarmes perante eles. A razão é esta: de dezoito em dezoito meses, aproximadamente, e por motivos de economia, é-nos enviada a justiça. O juiz aparece apressado em julgar, nada conhecendo, nada, do que um indígena pode ser. Vendo a sua frente uma cara tatuada, diz consigo mesmo "Aquí está um facínora canibal", sobretudo quando o gendarme interessado lho afirma. O governador Edouard Petit referiu o pintor num relatório que enviou ao Ministro das Colónias, especificando que era necessário desembaraçar as ilhas "dos maus franceses" , "chegados do fim do mundo para alí esconder as infâmias da sua vida" e os "fermentos da desordem". O Juiz chega, portanto, e voluntariamente se instala na gendarmeria, aí toma as refeições, não vendo mais ninguém além do cabo da esquadra que lhe apresenta os processos com as suas apreciações "Fulano e fulano, todos bandidos etc. Veja bem senhor juiz que a não sermos severos com esta gente, acabamos todos por ser assassinados"...

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