domingo, 19 de outubro de 2008

O RETRATO - A CARICATURA
"LUIS TRIMANO - Desenhos 1968-1990" Organização Cassio Loredano / Editora Mil Folhas - São Paulo 1993
"Outro assunto de sua reflexão é a preocupação benjaminiana quanto
aos "condicionamentos que possam surgir da reprodução mecânica
(do trabalho) em ampla escala". A não ser no caso do painel, o resultado
de seu oficio é sempre o papel impresso, com um exemplo de emissão
pelo video - o que significa que a concepção do original já considera a
sua manipulação industrial. O artista já conta, para começar, com a limitação
cromática dos processos fotomecânicos e de impressão, com a qualidade
do papel em que o trabalho aparecerá etc.
Mas aquele que "desde o inicio (estava empenhado) na representação da
figura humana" está entregue, não pode mais fugir ao retrato. Em Trimano,
também nos cartazes, ilustrações e capas de disco está presente exclusivamente
a figura humana, nunca há casas, nem campos, nem árvores, os bichos
são raríssimos, as vezes um pneumático, uma tesoura, tudo acessório.
Mas representar uma pessoa qualquer é muito diferente de desenhar a imagem
de um destino humano particular, único, irrepetível. E, assim, Trimano voltou
ao retrato. "O desenho mudou" constata. Nessa acumulação de estratos que é
a carreira do artista, ele une agora duas preocupações anteriores para desembocar
nesta terceira etapa: aquelas conclusôes sobre a "visualidade de nossos dias"
que o tinham levado já no inicio da década de 70 a uma crescente utilização do
projetor; e a questão da industria da reprodução como patrão da produção.
Os retratos de Ademir da Guia e de Juarez Távora em Opinião são prenúncios
da incursão por essa senda que se faz clareira a partir de trabalhos como Albert
Einstein ou Ernest Hemingway.
Trimano justifica o distanciamento daquele "barroquismo que era o meu desenho"
nos anos 70, pela busca de "uma sintese que agüentasse bem reduções e
ampliações". E está satisfeito: "Hoje o desenho está mais sóbrio, mais clássico,
menos exasperado, mais sintético e preciso"
CASSIO LOREDANO - Barcelona e Rio 1992

ADEMIR DA GUIA - nanquim / Opinião 1973

ministro TARSO DUTRA - lápiz / Veja 1968

ATAHUALPA YUPANQUI - lápiz / inédito 1980

LYNDON B. JOHNSON - caneta esferográfica / Folha de São Paulo 1968

EZRA POUND - nanquim / Pasquim 1989

JEAN PIAGET - caneta esferográfica / Visão 1971

JOHN FORD - lápiz / Opinião 1973

JOAREZ TÁVORA - caneta esferográfica / Opinião 1973

ARIANO SUASUNA - nanquim / Tribuna da Imprensa 1990

ANTÕNIO CARLOS JOBIM - caneta esferográfica / Veja 1968

NIELS H. O. BOHR - nanquim / Ciencia Hoje 1977

ERNESTO DOS SANTOS "DONGA" - Lápiz / Fascículos da MBP / Editora Abril 1972

ELSA SOARES - nanquim / inédito 1989

GILBERTO GIL - Óleo, pincel seco sobre - Série Músicos Brasileiros 1970 / Fascículos da MPB - Editora Abril 1972