segunda-feira, 22 de setembro de 2008

ARTISTAS LATINOAMERICANOS Rubem Grilo - Brasil

Rubem Grilo - foto Marcelo Lipiani

RUBEM CAMPOS GRILO / Pouso Alegre
Minas Geraes / Brasil 1946.
Formouse em agronomia em 1969 e começa a fazer xilogravuras
a partir de 1971. Sua participação na imprensa começa em 1973
no semanário Opinião, e desde então colaborou com os pricipais
jornais brasileiros, Movimento, Folha de São Paulo, Jornal do Brasil,
O Globo, Pasquim e Retrato do Brasil.
Reside no Rio de Janeiro
Depoimento / concedido a Mouzar Benedito e publicado no livro "GRILO - Xilogravuras" Editora CIRCO - São Paulo 1985

"A Praça" - xilografia / detalhe - 1983

"Em 1973, fiz outra exposição individual
e isto aconteceu num período de maiores
exigências do trabalho, mas também
da opção que pudesse dar sentido ao
próprio trabalho, o qual devia ter uma
função, servir de alguma coisa,
se aproximar das pessoas. Comecei então,
a perceber a dificuldade que havia na
veiculação do trabalho no sentido de
cumprir um papel mais cultural.
Isso me deu uma sensação de inutilidade"
RG

"Motocontinuistas" - xilografia 1983

"Mantenho comigo a matriz, o que me
permite reutilizar o trabalho
quando surge a conveniência disto,
pois acho que a xilogravura tem vida
própria, ela não está subordinada
ao jornal. Eu procurei utilizar do
jornal a sua capacidade de reprodução"
RG

"A Beira da Piscina" / xilografia

"Acho que o humor tem um lado de
comunicação muito grande. É uma
forte linguagem corrosiva,
de crítica, e ao mesmo tempo exerce
nas pessoas que o vêen a capacidade
de interpretação. Considero que
ninguém pode achar graça numa coisa
sem descobrir a chave, o enigma,
daquele tipo de situação"
RG

"Figura Apoiada No Próprio Punho" / xilografia 1983

"Há um período de reinvenção da
própria idéia. É um tempo de fazer,
refazer, destruir, desmanchar. Uma
fase em que a gente deve ter coragem
de saber destruir as coisas. Pode
acontecer de o trabalho ter de ser
feito várias vezes, o que não
significa que não esteja bem desenhado,
mas sim que o desenho não tem mistério,
não bate como se fosse algo novo"

"Biónico Sempre" - xilofrafia 1984

"Tenho um nível de informação diferente de um gravador
popular. Tanto que evitei criar uma linguagem que pudesse
ter ligações de estilo com a gravura popular porque
acho que são terrenos diferentes, embora eu pense que
um trabalho contemporâneo deva se desenvolver buscando um
relacionamento o mais extenso possível. Inclusive porque
hoje em dia não há mais razão para aceitar uma casta
de pessoas exclusivas como beneficiárias da cultura"
RG

"Pietá" / xilografia

"Eu tentei aprender com os temas
dos jornais. Uma vez que os
assuntos que estavam sendo tratados
mereciam manchetes, atenção, era
porque aqueles assuntos tinham
importância no cotidiano da sociedade.
Então em vez de ser um artista da
beleza ou da proporção, ou qualquer
coisa do gênero, procurei ser
uma pessoa que estava tentando se
aproximar daquelas coisas que
intervinham no processo de vida"

"Made In USA" / xilografia 1984

"Quanto à presença da questão política
no trabalho, eu acho que está ligada
ao fato de vivermos numa sociedade
profundamente injusta, e naturalmente
me preocupa a dor que nela ocorre.
Eu não me sinto um político, no sentido
de estar disputando lugares nem no
sentido de estar preso a soluções.
Não tenho soluções políticas a oferecer,
tenho sentimentos - um sentimento
humano colocado em jogo, uma
identificação com as pessoas e uma
recusa em aceitar a injustiça e a dor"
RG

"R.R.R.R / xilografia 1984

"Claro que há na reprodução
o perigo de massificação,
o risco de o trabalho se converter
apenas numa mercadoria de uma
sociedade de massas. Portanto é
necessário realizar uma obra
que traga em si uma dose bastante
intensa de questionamentos"
RG

"Ponto de vista"

xilografia - 1984