A série "Canto Geral - Ilustrações de Luis Trimano
Sobre Poemas de Pablo Neruda", é composta de 33
desenhos nas dimensões 75 X 50 cmts, realizados
em nanquim e esferográfica, montados na forma
de tríptico vertical, medindo cada painel 1.50 X 75 mts.
alguns dos desenhos das composições, podem ser
expostos de forma autónoma, independentemente
do conjunto. A série, acompanhada de trechos dos poemas,
será exposta no Centro Cultural Laurinda Santos Lobo,
Santa Teresa, Rio de Janeiro, de 12 de dezembro de 2015,
a 17 de janeiro de 2016.
O propósito deste blog é o de mostrar o trabalho do ilustrador,independente das regras impostas pelo mercado,nas quatro disciplinas praticadas por mim, em diferentes momentos e veículos: A Caricatura na Imprensa,A Ilustração na Imprensa,A Ilustração Editorial e O Poema Ilustrado. Também são mostradas modalidades diferentes das mesmas propostas como: Montagens das exposições e a revalorização do painel mural, através das técnicas de reprodução digital em baner.
domingo, 29 de novembro de 2015
CANTO GERAL DE PABLO NERUDA
Canto Geral é uma obra atípica e representa
uma reviravolta na poética de Neruda.
O livro foi escrito em circunstâncias adversas,
quando Neruda, membro do Partido Comunista,
sofria forte perseguição pela policia política
do ditador chileno Gonzalez Videla, sendo obrigado
a transpor a Cordilheira dos Andes e refugiar-se
no exterior.
Lançado em 1950, o livro teve duas primeiras edições,
quase idênticas, uma oficial e pública, no México,
e outra clandestina no Chile.
Concebido inicialmente como um Canto Geral do Chile,
ou mais precisamente, como uma obra de contornos épicos
que abarcasse toda a geografía da história do Chile,
e suas repercussões no homem, o projeto, iniciado em 1938
viria a transformarse com o tempo - depois de uma visita
efetuada pelo poeta às ruínas de Macchu Picchu,
nos Andes Peruanos, em 31 de outubro de 1943 - num
Canto Geral da América.
dados extraídos da Wikipédia
Canto Geral é uma obra atípica e representa
uma reviravolta na poética de Neruda.
O livro foi escrito em circunstâncias adversas,
quando Neruda, membro do Partido Comunista,
sofria forte perseguição pela policia política
do ditador chileno Gonzalez Videla, sendo obrigado
a transpor a Cordilheira dos Andes e refugiar-se
no exterior.
Lançado em 1950, o livro teve duas primeiras edições,
quase idênticas, uma oficial e pública, no México,
e outra clandestina no Chile.
Concebido inicialmente como um Canto Geral do Chile,
ou mais precisamente, como uma obra de contornos épicos
que abarcasse toda a geografía da história do Chile,
e suas repercussões no homem, o projeto, iniciado em 1938
viria a transformarse com o tempo - depois de uma visita
efetuada pelo poeta às ruínas de Macchu Picchu,
nos Andes Peruanos, em 31 de outubro de 1943 - num
Canto Geral da América.
dados extraídos da Wikipédia
CANTO GERAL
tudo é silêncio de água e vento.
mas nas folhas espia o guerreiro.
entre os lariços um grito
uns olhos de tigre em meio
às alturas da neve.
olha as lanças a descansar.
escuta o susurro do ar
atravessado pelas flechas.
olha os peitos e as pernas
e as cabeleiras sombrias
brilhando à luz da lua.
olha o vazio dos guerreiros.
não há ninguém, trina a diuca
feito água na noite pura.
cruza o condor o seu vôo negro.
não há ninguém. escutas? é o passo
do puma no ar e nas folhas.
não há ninguém. escuta. escuta a árvore,
escuta a árvore araucana.
não há ninguém. olha as pedras.
olha as pedras de Arauco.
não há ninguém, somente as árvores.
somente as pedras, Arauco.
tradução: Paulo Mendes Campos
mas nas folhas espia o guerreiro.
entre os lariços um grito
uns olhos de tigre em meio
às alturas da neve.
olha as lanças a descansar.
escuta o susurro do ar
atravessado pelas flechas.
olha os peitos e as pernas
e as cabeleiras sombrias
brilhando à luz da lua.
olha o vazio dos guerreiros.
não há ninguém, trina a diuca
feito água na noite pura.
cruza o condor o seu vôo negro.
não há ninguém. escutas? é o passo
do puma no ar e nas folhas.
não há ninguém. escuta. escuta a árvore,
escuta a árvore araucana.
não há ninguém. olha as pedras.
olha as pedras de Arauco.
não há ninguém, somente as árvores.
somente as pedras, Arauco.
tradução: Paulo Mendes Campos
CANTO GERAL
aqui vem a árvore, a árvore
da tormenta, a árvore do povo.
da terra sobem os heróis
como as folhas pela seiva,
e o vento despedaça as folhagens
de multidão rumorosa,
até que cai à semente
do pão outra vez na terra.
aquí vem a árvore, a árvore
nutrida por mortos desnudos,
mortos açoitados e feridos,
mortos de rostos impossíveis,
empalados sobre uma lança,
esfarelados na fogueira,
decapitados pela acha,
esquartejados a cavalo,
crucificados na igreja.
tradução: Paulo Mendes Campos
da tormenta, a árvore do povo.
da terra sobem os heróis
como as folhas pela seiva,
e o vento despedaça as folhagens
de multidão rumorosa,
até que cai à semente
do pão outra vez na terra.
aquí vem a árvore, a árvore
nutrida por mortos desnudos,
mortos açoitados e feridos,
mortos de rostos impossíveis,
empalados sobre uma lança,
esfarelados na fogueira,
decapitados pela acha,
esquartejados a cavalo,
crucificados na igreja.
tradução: Paulo Mendes Campos
CANTO GERAL
os carniceiros desolaram as ilhas.
Guanahaní foi a primeira,
nessa história de martirios.
os filhos da argila viram partido
seu sorriso, ferida
sua gragil estatura de gamos,
e nem mesmo na morte entendiam.
foram amarrados e feridos,
foram queimados e abrasados,
foram mordidos e enterrados.
e quando o tempo deu sua volta de valsa
dançando nas palmeiras,
o salão verde estava vazio
só ficavam ossos
rigidamente colocados
em forma de cruz, para maior
gloria de deus e dos homens
tradução: Paulo Mendes Campos
Guanahaní foi a primeira,
nessa história de martirios.
os filhos da argila viram partido
seu sorriso, ferida
sua gragil estatura de gamos,
e nem mesmo na morte entendiam.
foram amarrados e feridos,
foram queimados e abrasados,
foram mordidos e enterrados.
e quando o tempo deu sua volta de valsa
dançando nas palmeiras,
o salão verde estava vazio
só ficavam ossos
rigidamente colocados
em forma de cruz, para maior
gloria de deus e dos homens
tradução: Paulo Mendes Campos
CANTO GERAL
venho falar por vossa boca morta.
através da terra juntai todos
os silenciosos labios derramados
e lá do fundo falai comigo por toda esta larga
noite,
como se eu estivesse ancorado convosco,
contai-me tudo, cadeia por cadeia,
elo por elo, passo por passo,
afiai as facas que escondestes,
colocaias no meu peito, em minha mão,
como um rio de raios amarelos,
como um rio de tigres enterrados,
e dexai-me chorar, horas, dias, anos,
idades cegas, séculos estelares.
dai-me a luta, o ferro, os vulcões.
apegai a mim os corpos como ímãs.
afluí as minhas veias e a minha boca.
falai por minhas palavras e por meu sangue.
tradução: Paulo Mendes Campos
através da terra juntai todos
os silenciosos labios derramados
e lá do fundo falai comigo por toda esta larga
noite,
como se eu estivesse ancorado convosco,
contai-me tudo, cadeia por cadeia,
elo por elo, passo por passo,
afiai as facas que escondestes,
colocaias no meu peito, em minha mão,
como um rio de raios amarelos,
como um rio de tigres enterrados,
e dexai-me chorar, horas, dias, anos,
idades cegas, séculos estelares.
dai-me a luta, o ferro, os vulcões.
apegai a mim os corpos como ímãs.
afluí as minhas veias e a minha boca.
falai por minhas palavras e por meu sangue.
tradução: Paulo Mendes Campos
CANTO GERAL
sobe a nascer comigo, irmão.
dá-me a tua mão aí da profunda
zona de teu pudor diseminado.
não voltarás do fundo das rochas.
não voltarás do tempo subterrâneo.
não voltará a tua voz endurecida.
não voltarão os teus olhos verrumados.
olha-me do fundo da terra,
lavrador, tecelão, pastor calado:
domador de guanacos tutelares:
pedreiro do andaime desafiado:
aguadeiro das lágrimas andinas:
joalheiro dos dedos machucados:
agricultor tremulante na semente:
olheiro em tua argila derramado:
trazei à taça desta nova vida
as vossas velhas dores enterradas
tradução: Paulo Mendes Campos
dá-me a tua mão aí da profunda
zona de teu pudor diseminado.
não voltarás do fundo das rochas.
não voltarás do tempo subterrâneo.
não voltará a tua voz endurecida.
não voltarão os teus olhos verrumados.
olha-me do fundo da terra,
lavrador, tecelão, pastor calado:
domador de guanacos tutelares:
pedreiro do andaime desafiado:
aguadeiro das lágrimas andinas:
joalheiro dos dedos machucados:
agricultor tremulante na semente:
olheiro em tua argila derramado:
trazei à taça desta nova vida
as vossas velhas dores enterradas
tradução: Paulo Mendes Campos
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