sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Nos anos 50, antes do aparecimento de Sabat
nas publicações portenhas, existiu um caricaturista,
possuidor de exelente técnica chamado Abel Ianiro.
Suas deformações eram bem estudadas, 
mas a construção das suas caricaturas eram mecánicas,
não existe "linha sensível" no seus desenhos,
que se concentram na construção da figura
e na semelhança com o retratado.
Tive contato com as suas caricaturas ainda criança,
publicadas nas capas da revista  semanal "Canal TV".
Eu admirava a sua técnica de guache, impecável! 
Aguardava toda semana o novo retrato de Ianiro,
que eu desconstruia com o olhar como se fosse uma aula de caricatura.
Não tinha aparecido ainda o meu interesse pelo desenho e a pintura
que me levariam a entender mais tarde, a diferênça entre
o desenho do artista, e do ilustrador profissional,
não necessáriamente um artista.
Esse tipo de desenho planejado,  pode ser até virtuoso,
mas responde a um modelo técnico fixo, (publico aquí alguns gráficos didáticos traçados pelo Ianiro para exemplificar como se desenha uma caricatura).
Isto seria o oposto do que chamaria de "linha sensível", um desenho "de autor",
em contraposição ao modelo empregado pela imprensa comercial,
de um desenho mecánico, que pode chegar a produzir belos efeitos visuais,
mas carece da "busca" do artista.
Eu sentí, na época, que o desenho de Sabat, subvertía os códigos da ilustração
para jornalismo, e abria posibilidades para mostrar o trabalho num suporte
popular, como era a página de jornal impresso, antes da internet.  

TRIMANO - General Juan Carlos Ongania - esferográfica 1971 - Jornal da Tarde


TRIMANO - Alfred Kinsey - lápiz 1969 - revista Panorama - Buenos Aires


TRIMANO - Cecil B DeMille - esferográfica 1969 - Revista Panorama - Buenos Aires


TRIMANO - Vinicius de Moraes - óleo 1971 - Jornal da Tarde


TRIMANO - Heitor dos Prazeres - nanquim 1968 - revista Veja


TRIMANO - Lyndon B. Johnson - esferográfica 1968 - Folha de São Paulo


TRIMANO - Ministro Tarso Dutra - lápiz 1968 - revista Veja


TRIMANO - General Albuquerque de Lima - lápiz 1968 - revista Veja


No início de 1960, as principais influências no desenho argentino
eram Lajos Szalay e Carlos Alonso. Foi um período único e rico
na formação de novos desenhistas e gravadores, cujo espaço de
exposição eram as galerias comerciais ou o saguão de alguns teatros
independentes. Não existia ainda a modalidade europeia de
juntar num único espaço: livraria, café e galeria de arte.
Nesse momento, surgem impressos nas páginas do semanário "Primera Plana",
de Buenos Aires, os desenhos do uruguaio Hermenegildo Sabat.
Eram retratos caricaturais de artistas e escritores, feitos a crayón,
utilizavando um grafismo próprio das artes plásticas,
nunca visto nas páginas da mídia portenha.
Existia uma tradição do livro ilustrado, exercida pelos maestros
do realismo social, mas as ilustrações publicadas na imprensa,
eram mecânicas, realizadas por ilustradores profissionais, mas não por artistas.
Foi a partir desse momento que comecei a direcionar meu desenho para a ilustração.
Ali está implícito o que falei algumas vezes, de abandonar as galerias que são 
círculos restritos para poucos apreciadores, por um suporte capaz de popularizar
as imágem: a ilustração.
O inicio desta idéia em mim, se deu olhando o desenho sensível de Sabat,
num suporte frio e mecánico como são as páginas dos jornais e revistas.
A partir desse final de 1967, começou a minha "transição" para o Brasil,
e um novo período que irei comentando.
Aquí mostro alguns desenhos feitos na minha chegada, para Folha de São Paulo
e Revista Veja, e os artistas que influenciaram os desenhos de caricatura que fiz nessa época.

TRIMANO - Cassius Clay - Muhammad Ali-Haj - nanquim 1967-68


TRIMANO - Oscar "Ringo" Bonavena - nanquim 1967 - Semanário "Análisis"


As influências - FRANCISCO DE GOYA


As influências - HONORÉ DAUMIER


As influências - RALPH STEADMAN


As influências - GUSTAVE DORÉ


As influências - OTTO DIX


As influências - HERMENEGILDO SABAT


As influências - Revista SIMPLICISSIMUS


As influências = GEORG GROSZ


As influências = JOSÉ CLEMENTE OROZCO


As influências = OSKAR KOKOSCHKA