segunda-feira, 8 de abril de 2019

CURSO DE ILUSTRAÇÃO EDITORIAL
A História Humana Contada Pela Arte
LUIS TRIMANO
Série Modelo de Armar
Ilustrações para: "La Voluntad 
Una História de la Militancia Revolucionária en la Argentina"

DE EDUARDO ANGUITA E MARTÍN CAPARRÓS

hidrográfica e esferográfica
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"El Barco" - Edição virtual - Monte Alto - Rio de Janeiro 2019

LA VOLUNTAD - ERP - MONTONEROS - "A Militância"


LA VOLUNTAD é a história da militância revolucionária
na Argentina entre 1966 e 1978. 
Relata os tempos atormentados e fascinantes, quando
atrasar um encontro com um companheiro poderia selar
o seu destino, quiçá a própria vida.
Os companheiros que lutaram armados, o uso da violência,
Che Guevara e a idéia do homem novo, a noção arraigada
do sacrifício revolucionário, a vida clandestina, a tortura,
o "ponto", as vidas recolhidas em "aparelhos", prisões, quedas, esquecimento e silêncio, são alguns dos temas recorrentes nos relatos e testemunhos sobre as ditaduras
que se espalharam pela América do Sul entre os anos
60 e 80, e aparecem em um formato bem menos heroico do que estamos acostumados a ver, com pitadas de humor 
e ironía. O que pensavam aqueles homens e mulheres
no início da vida adulta e já cercados de obrigações e ritos,
o que pensam hoje? As lembranças das vidas e mortes,
desta vez, lembranças muito mais intensas dos vivos,
que uma homenagem aos mortos. 
O Processo, como ficou conhecido o período da repressão
a luta armada na ditadura militar (1976-1983) contou
com a triste "benção" que a igreja católica na Argentina,
representada por monsenhor Pío Laghi, núncio apostólico
de Buenos Aires, deu aos militares em 1977, quando
o general Videla já estava com sua máquina de fazer
desaparecidos funcionando na força máxima.
Os "vencedores" aproveitaram para conseguir que a Argentina fosse muito mais injusta, sórdida e estúpida
que antes que nos propusésemos melhorá-la, e ainda
por cima muitos de nos morreram naquele caminho.
A edição definitiva dos três volumes de La Voluntad,
coloca em perspectiva o significado da sua publicação
anos atrás, quando apareceu por primeira vez uma história
da militância revolucionária na Argentina, uma proposta 
para se combater a "desmemória" desde a escrita.
Quando escrevemos os livros, sem dúvida, nós 
e os militantes que ofereceram seu testemunho, esperávamos acabar com a amnésia produzida pelas leis 
da impunidade, esse período de indultos cúmplices,
e todas as barbaridades que se sucederam durante 
a década de 90.
Creemos que neste momento, muito fértil se comparado
aos 90, também existem imagens caricaturais, como a de manter uma idéia do militante como alguém que também pensava na reforma agrária ou na renda potencial da terra.
Na Argentina dos anos 70, mesmo estando 
na clandestinidade, líamos a John William Cooke e varios
outros escritores políticos que nos permitissem pensar.
Se derrubássemos um sistema de privilégios, poderíamos
construir um sistema igualitário, e para isso tinhamos
que resignificar o militante como um sujeito que estava
no sindicato, ele não estava sentado numa poltrona,
não era um intelectual disposto a debater: PCR, PO,
Montoneros, PR, mesmo na situação semi-clandestina,
tivemos que ouvir todas as vozes. Quais são as coisas que um militante tinha em mente para os dilemas humanos?
Porque participar de uma organização clandestina,
se arriscar a ser torturado ou morto, não é algo alheio
à angústia dos militantes. Mas mesmo assim, milhares
e milhares dizeram "eu ainda estou nisso, vale a pena..."
O interessante é que a voz do coral sempre aparece,
a história de várias vozes e situações diferentes
que funcionaram coletivamente. Um dos grandes riscos
é ignorar que a percepção do grupo esteve sempre presente
na miltância revolucionária.

Editora Planeta
Coleção Espejo de la Argentina
Primeira edição 1973
Buenos Aires 
 

LA VOLUNTAD - ERP - MONTONEROS - "A Militância" - detalhe


LA VOLUNTAD - ERP - MONTONEROS - "A Militância" - Retrato do general Juan Domingo Perón - detalhe


LA VOLUNTAD - ERP - MONTONEROS
de Eduardo Anguita e Martín Caparrós
resenha do livro 1

Construído a partir das histórias de muitos 
de seus protagonistas, La Voluntad, é um retrato
das organizações revolucionárias e seus militantes.
Este primeiro volume começa em 1966, com o golpe
do general Juan Carlos Onganía, e fecha em 1973,
com a saída do governo de Héctor Cámpora, delegando
o seu governo provisório ao general Juan Domingo Perón,
em seu retorno do exílio.
Juntamente com os militantes, que representam completamente o arco político argentino, e que vém
de todas as classes sociais, estas páginas são
as manifestações decisivas da época, desde o assassinato
de Che Guevara na Bolívia em 1967, Maio de 68, 
e o socialismo no Chile, com a queda de Salvador Allende em 1973.
La Voluntad é um afresco das expressões determinantes
de um tempo polêmico e violento e uma profunda
investigação sobre a existência cotidiana desses jovens
revolucionários. Qual foi a medida entre a vida e a morte?,
nessa trama de decisões e opções pessoais e ideológicas,
no contexto em que esses atos aconteceram, 
com uma ditadura militar, com o peronismo proscrito,
com o Cordobazo, com Rodolfo Walsh e outros escritores
e artistas irrepetíveis, com uma virada mundial social
e cultural, com as sementes dos Montoneros, do ERP,
da FAP, e dos demais grupos e tendências da esquerda
revolucionária.

LA VOLUNTAD - ERP - MONTONEROS


LA VOLUNTAD - ERP - MONTONEROS - detalhe


LA VOLUNTAD - ERO - MONTONEROS


LA VOLUNTAD - ERP - MONTONEROS - detalhe


LA VOLUNTAD - ERP - MONTONEROS
de Eduardo Anguita e Martín Caparrós
resenha do livro 2

Em 25 de maio de 1973, milhares de pessoas
tinham em mãos um sonho que parecia se tornar
realidade: Héctor J. Cámpora, fiel companheiro
do general Juan Perón, assumiu a presidência, e o país
estava caminhando para o cumprimento de seus ideais
revolucionários. No entanto, em 20 de junho, Perón retorna
do seu exílio em Madrid, e o que devería ser uma festa
de boas-vindas se torna uma emboscada, perpetrada
pelos setores da extrema direita do peronismo, antagonista
dos Montoneros, semeada de cadáveres e feridos.
Campora, que tinha assumido a presidência provisoriamente, renuncia e pede novas eleições.
Em 23 de setembro, Perón obtem enorme triunfo 
nas pesquisas.
Dois dias depois, os Montoneros assassinam o sindicalista
José Ignacio Rucci.
Em pouco mais de três meses, a Argentina mudou de novo,
e mais do que nunca a vertigem e a imprevisibilidade
determinaram a vida política.
Essa mudança vai de 25 de maio a 23 de março de 1976,
nas horas finais do governo de Isabel Perón, que tinha
assumido a presidência designada pelo falecido marido,
e estava sendo substituída num golpe de estado
por uma junta militar encabeçada pelo general Jorge Rafael Videla, um católico ultra conservador.
Nesse período, Perón tinha voltado a ser presidente
pela vontade popular, após dezoito anos, e morreu antes
de cumprir seu mandato.
As organizações armadas alcançam seu apogeu e,
enquanto acreditam que suas posições se consolidam,
rapidamente entram em um caminho sem retorno.
José López Rega, ex secretário pessoal de Perón no exílio,
passa das sombras ao poder de fogo, e cria a Triple A,
organização paramilitar de extrema direita baseada 
no terrorismo de estado.
Intelectuais, artistas e sindicalistas, vão para o exílio,
e as forças armadas voltam a ocupar o centro da política,
instaurando uma ditadura militar que duraría de 1976
a 1983, deixando um saldo de 30.000 mortos 
e desaparecidos. Uma tragédia que mudaría para sempre
o curso da nação.
Nesse clima de convulsão, em que Salvador Allende é derrubado e assassinado, as esperanças de uma geração
de argentinos termina em pesadelo e morte.
Um tempo dramático que prenunciava um fechamento
ainda mais feroz.
 

LA VOLUNTAD - ERP - MONTONEROS - "O Genocida General Videla"


LA VOLUNTAD - ERP - MONTONEROS - O Genocida General Videla - detalhe


LA VOLUNTAD - ERP - MONTONEROS - "A Juventude Peronista" - releitura de uma fotografia de Sara Facio


LA VOLUNTAD - ERP - MONTONEROS - A "Juventude Peronista" - detalhe


LA VOLUNTAD - ERP - MONTONEROS
de Eduardo Anguita e Martín Caparrós
resenha do livro 3

Na madrugada de 26 de março de 1976, os militares
derrubaram a presidenta Isabel Perón.
Foi um fim anunciado, mas nem o mais pessimista
imaginou o regime criminoso que estava por vir.
Os próximos dois anos, tal vez os mais cruéis da história
argentina contemporânea, seriam uma prova
da repressão planejada que aguardava essa data
para liberar sua máquina terrorista, que começará 
com o golpe e se estenderá até o final do Mundial de 78,
o período de maior poder militar repressivo do denominado
Processo de Reorganização Nacional.
Este terceiro volume cobre todo o espectro de uma época:
a passagem clandestina de milhares de militantes,
o tormento infinito no centro de tortura da ESMA:
Escola de Mecânica da Armada, onde foram mortas 
e desaparecidas miles de pessoas, a vida no exílio,
o horror diário de todos aqueles que não sabiam 
se esse momento não sería o último.
Com estupor, lembram-se os repetidos elogios diários, que mereciam os membros mais conspícuos do poder de facto, emitidos pela imprensa reacionária e cúmplice e de boa parte das classes abastadas do país, o empobrecimento
das condições de trabalho, o império de uma moral
vergonhosa, a ruína da economia nacional, as formas
assumidas pela frivolidade do lazer e a diversão,
onde as paixões populares convergiam, o desejo
de engrandecer uma cidade com um festival de esportes,
e a cruzada para limpar a imagem daquela Argentina
do terror.

LA VOLUNTAD - ERP - MONTONEROS - Genocídio de Trelew


LA VOLUNTAD - ERP - MONTONEROS - Genocídio de Trelew - detalhe


LA VOLUNTAD - ERP - MONTONEROS - Assassinato de Rodolfo Walsh


LA VOLUNTAD - ERP - MONTONEROS - Retrato de Rodolfo Walsh