O propósito deste blog é o de mostrar o trabalho do ilustrador,independente das regras impostas pelo mercado,nas quatro disciplinas praticadas por mim, em diferentes momentos e veículos: A Caricatura na Imprensa,A Ilustração na Imprensa,A Ilustração Editorial e O Poema Ilustrado. Também são mostradas modalidades diferentes das mesmas propostas como: Montagens das exposições e a revalorização do painel mural, através das técnicas de reprodução digital em baner.
quarta-feira, 30 de junho de 2010
O PRIMEIRO RETRATO FALADO / Possivelmente
ninguém tenha ouvido falar de Percy Legroy
Mapleton. No entanto Mapleton como seu peculiar
retrato ocupam um lugar de destaque na história
da criminalistica e da investigação policial moderna.
Ele ficou conhecido como o "assassino da ferrovia",
apelido criado pela imprensa da época. Em 1881,
Mapleton esteve envolvido na morte de duas pessoas
enquanto viajava no trem que fazia o trajeto Londres-
Brington. Apesar de interrogado varias vezes, não
conseguiram provas para incriminá-lo e foi libertado.
Pouco tempo depois um novo cadáver foi achado
próximo a ferrovia, e novas pistas apontaram Mapleton
como culpado. Foi distribuida uma descrição detalhada
que foi publicada no "Daily Telegraph". Com a ajuda de
um desenhista e de várias pessoas que conheciam Mapleton,
fizeram um desenho com seu aspecto. Este foi o primeiro
retrato-falado da história que foi estampado num cartaz
com a chamada "Procura-se" e distribuido por toda a
Inglaterra. O resultado não foi animador pois a grande
espectativa mediática originada, fez com que centenas
de Mapleton fossem vistos por todo o país. Finalmente
ainda que não pelo retrato falado, Mapleton foi preso.
Muito vaidoso e insatisfeito com a forma como aparecia no
primeiro retrato-falado da história, preocupou-se de que o
ilustrador encarregado de cobrir o julgamento o desenhase
bem parecido, com aparência serena. Declarado culpado
foi executado em 29 de novembro de 1881. O retrato-falado
passou a fazer parte das investigações policiais por todo o mundo.
TECNOLOGIA FAZ O RETRATO-FALADO
FICAR QUASE IGUAL A FOTOGRAFIA /
A computação gráfica permite fazer
um retrato-falado que se aproxima da
realidade, aumentando as chances de
reconhecimento. A maneira de fazer os
retratos-falados mudou. Os desenhos
se mantem, mas as figuras são quase
fotográficas. A imagem colorida é montada
a partir de um banco de dados da própria
policia. O perito monta o retrato no computador,
onde ele tem um arquivo com o biotipo
tipicamente brasileiro. O primeiro passo
é escolher o formato do rosto, depois são
inseridos os olhos, o nariz e a boca. É feita
a montagem e o aprimoramento, até se chegar
o mais próximo possível do real. Antes disso,
o retrato era feito a mão, por desenhistas.
Com o banco de dados existentes no departamento
de arte forense, fica muito mais fácil a pessoa bater
o olho e reconhecer o suspeito.
O desenho feito a mão não foi totalmente abandonado
no trabalho de identificação. No departamento de
investigações criminais de São Paulo, por exemplo,
há quase 20 anos, trabalha um perito muito experiente
que supera qualquer computador. Esse género de
desenho, nunca foi valorizado como trabalho de arte,
correspondendo mais a área técnica, e considerado
como serviços prestados por un funcionário da polícia,
e não por um artista plástico. No entanto, é necessário
conhecer anatomia e posuir razoável prática na arte
do desenho, conhecimentos próprios da formação do
artista plástico, para se realizar um retrato convincente.
A substituição do lápiz pela eletrónica, despersonaliza
a técnica do retrato, embora facilite o reconhecimento.
O pintor hiperreralista Chuck Close, tem utilizado a fotografia
3 X 4, relacionada com o retrato-falado e as fotos dos
documentos de identidade, como base para a realização
dos seus retratos gigantes em superficies de grandes dimensões
que chegam a ultrapassar os 3 metros. No desenho imaginário
de uma identidade, onde cobra destaque o fator psicológico,
podemos perceber a habilidade do desenhista,
qualidade esta que desaparece na computação, com
a eliminação do desenho artesanal.
terça-feira, 29 de junho de 2010
quarta-feira, 23 de junho de 2010
O LADO SOMBRIO DO SONHO /
A Geração Beat, significou a rebeldia de um
grupo de poetas e escritores norteamericanos,
contra o obscurantismo, oculto por detras do
chamado "Sonho Americano" do pos-guerra,
que o escritor Henry Miller denominou de
"pesadelo com ar condicionado".
Estes escritores, que reivindicaram a poesia do
bardo Walt Witman, um dos alicerces da América, adotaram
um comportamento de total oposição aos valores impostos
pela sociedade americana do pos-guerra, onde se preconizava
um paraiso terrenal baseado no bem estar proporcionado
pelas máquinas, e publicitado como "modelo" para
otros países da América e do mundo. Um mundo ainda
em ruinas. É na obra de Allen Ginsberg cuja análise é sempre crítica e polémica, que podemos ler com clareza, a impressão
que essa geração tinham do país que a cercava.
A América que emergia, estava sendo "arquitetada" por idéias
que nos remontam ao século XIX, a teoria imperialista do chamado
"Destino Manifesto", 100 anos antes do Nazi-Fascismo,
e que expressa a disparatada crença,
de que o povo dos Estados Unidos da América é eleito por Deus
para comandar o mundo. Por isso o expansionismo americano, é
apenas o cumprimento da vontade divina. Uma frase de propaganda
política , o "Destino Manifesto" se tornou um termo histórico padrão,
frequentemente usado como sinónimo para expansão territorial dos EUA
O uso formal destas doutrinas deixou de ser usado oficialmente desde
1850 até 1880, quando foi então reivindicado e passou a ser usado novamente por políticos norteamericanos como uma justificativa para o expansionismo
fora das Américas. O presidente James Buchanan, no discurso de sua posse em 1857, deixou bem clara a determinação do dominio, disse: "A expansão dos Estados Unidos sobre o Continente Americano, desde o Ártico até a
América do Sul, é o destino da nossa raça, e nada pode detê-la" Em 2004,
o general Colin Powell, secretário de estado do governo Bush, reforçou
num de seus discursos a mesma determinação, disse: "O nosso objetivo
principal com a Alca, é garantir para as empresas norteamericanas o controle
de um território que vai do Pólo Àrtico até a Antártida". / Temas citados no
index da pesquisa Google:
"O exterminio dos povos indígenas da América do Norte" / "O sentimento de superioridade racial" / "A América para os americanos (os estado unidenses) / "A invasão do Texas" / "A guerra do México e a anexação dos
territórios da California, Novo México, Nevada, Arizona e Utah" / "Abertura forçada do mercado do Japão" / "A invasão da Nicaragua" / "A anexação do
Hawaii" / "O canal do Panamá e a liberdade do povo panamenho" / "Os donos
do Brasil" / "A publicidade a serviço do dominio" / "O uso do cinema" / "A
preparação para a invasão" / "A eclosão de golpes de estado por toda a América" / "As economias implodidas"
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A imprensa americana ironizou e ridicularizou os poetas beat, como
sendo um bando de marginais. Numa entrevista concedida pelo Kerouac
para a TV, o entrevistador faz um trocadilho entre a palavra "Beat"e"Sputnik", nave espacial soviética, lançada nesse tempo, sugerindo que eles não eram verdadeiros americanos.
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O termo "Geração Beat" foi introducido por Kerouac em 1948 para caracterizar o submundo da juventude anti-conformista reunida em
Nova Iorque naquele tempo. O nome surgiu numa conversa com o novelista
John Holmes, que publicara um romance sobre a geração beat "Go" (1952),
junto com um manifesto no The New York Times: "The Beat Generation".
Beat fazia parte do calão do submundo dos vigaristas, toxicodependentes,
e pequenos ladrões, onde Ginsberg e Kerouac procuraram inspiração.
Beat era o calão para "beattemdown" ou "dowtroden", ambas expressões
que podem significar oprimido, rebaixado, espezinhado. Mas para Kerouac tinha uma conotação espiritual de "beatifico". Kerouac alegou que tinha
identificado (e incorporado) uma nova tendência análoga e influente a
chamada Geração Perdida de Hemingway e Scott Fitgerald. em "Aftermath:
the philosophy of the beat generation", Kerouac criticou o que ele acreditava
ser a distorção das suas idéias, disse: A Beat Generation, que foi uma visão que nos, John Clellon Holmes, eu e Allen Ginsberg tivemos, numa maneira ainda selvagem no final dos anos 40, de uma geração de loucos iluminados
hipters, fez subitamente a América ascender e avançar seriamente a vadiar e a pedir boleia em todo o lado. "Esfarrapada, beatificada, bonita de uma forma graciosamente feia. Beat significa: "em baixo" e "de fora", mas cheio de uma covicção intensa. Nunca quis dizer delinquentes juvenis. Beat, significa: "caracteristicas de uma espiritualidade especial que não agia em conjunto.
Eram solitários olhando para fora da parede nua da nossa civilização".
"A Geração Beat inclui qualquer pessoa de quince a cinquenta anos que se
interessa por tudo. É bom lembrar que não somos boêmios. A Geração Beat
é basicamente uma geração religiosa. Beat significa beatitude e não é um
sentimento de fracasso. É fácil perceber isso. Está no ritmo do jazz, está no
rock em plena rua." / Jack Kerouac
JEAN-LOUIS LEBRIS KEROUAC 1922-1969 /
De origem franco-canadense. Devido as
dificuldades económicas por que passava a
sua familia, Kerouac decide fazer parte do
time de futebol americano do colégio para
tentar uma bolsa de estudos, e consegue entrar
na Universidade de Columbia, em Nova Iorque.
Devido a um acidente que o imposibilita de
continuar jogando por alguns meses, começa a
passar mais tempo frequentando a biblioteca
da Universidade, tendo seu primeiro contato com
autores que viriam a influenciar a sua obra, como
Céline, Tom Wolfe, e Jack London. Não se ajustando
a marinha de guerra, passou algum tempo na marinha
mercante, se tornando um "escritor viajante". Na
Universidade conhece Ginsberg, William Burroughs e
Neal Cassady, chamado o "cowboy", que se tornaria
seu companheiro de viagens. Cassady é o personagem
principal de "On The Road". Kerouac revolucionou a
forma, escrevendo compulsivamente, com grande rigor,
sem alterações de vírgulas ou pontos, em rolos de papel
de mimeógrafo. Uma especie de "manga" literária. Com
Neal Cassady viajaram por sete anos percorrendo a rota
66, que anos mais tarde se tornaria a série televisiva do
mesmo nome, que atravessa os EUA na direção leste-oeste,
com descidas frequentes ao México. No verão de 1953 Kerouac
envolveu-se com uma moça negra, que o levou em 1958,
a escrever em três dias e três noites, o romance "Os Subterráneos".
Nos períodos entre as suas viagens, foi guardafreios de ferrocarril
e guarda forestal. Nos últimos anos da sua vida, prêso ao alcoolismo
que acabou por matá-lo, recluido e morando com a mãe, Kerouac
morreu na Flórida, em 1969, aos 47 anos, de hemorragia intestinal
provocada por sirrose.
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A essencia da filosofia de vida de Kerouac, expressa nos seus
relatos, assim como a do poeta Gary Snyder, retratado em
"Os Vagabundos Iluminados" como Japhy Ryder, está relacionada
ao termo "beat", utilizado com ironia pela imprensa comercial
norteamerica, mas que para Kerouac tinha conotações religiosas.
A convicção de que o homem é capaz de alcançar um nível espiritual,
que o leve a transformar o mundo.______________________________________________________
Escritores e poetas que participaram da Geração Beat: Alan Ansen 1922 -
2006 / Paul Bowles 1910 - 1999 / Bill Cannastra 1922 - 1950 / Lucien Carr
1925 - 2005 / Neal Cassady 1926 - 1968 / Carolyn Cassady 1923 / Elise Cowen
1933 - 1962 / Henki Cru 1921 - 1992 / Diane Di Prima 1934 / Kirby Doyle 1932 -
2003 / Robert Duncan 1919 - 1988 / Joyce Glassman 1935 / Joan Haverty 1931 -
1990 / Leane Henderson 1930 / John Clellon Holmes 1926 - 1988 / Herbert
Huncke 1915 - 1996 / Ted Joans 1928 - 2003 / David Kammerer 1911 - 1944 /
Leonore Kandel 1932 - 2009 __________________________________________
ALLEN GINSBERG 1926-1997 / A infáncia de Ginsberg foi
complicada pelo comportamento psicótico da mãe, mulher
acossada por pesadelos de perseguição. Descobre a poesia
ao ingressar na Universidade de Columbia, onde conhece
Jack Kerouac e faz amizade com um grupo de "jovens delinquentes",
filósofos de comportamente rebelde e obcecados por drogas,
sexo e literatura. Passa a freqüentar os bares gays do Greenwich
Village. Aos 29 anos, passa por tratamente psiquiátrico. Em 1955,
ganhou popularidade com seu poema "Howl" (Uivo), o livro de
poesia mais vendido na história dos EUA, (milhão de exemplares
em pouco tempo), sendo seguido por varios poemas importantes
como "Kaddish", onde descreve a loucura da mãe. No inicio dos
anos 60, aparece aderindo ao movimento Hippie, ajudando
Timothy Leary a divulgar o LSD, e participando de recitais coletivos
de poesia onde se misturavam vehementes protestos contra a guerra
do Vietnã e salmos budistas. Disse: "Quem quer que controle a midia,
as imagens, controla a cultura..."
MORTE À ORELHA DE VAN GOGH! / "O canto de dinheiro
das saboneteiras - macacos de pasta de dentes nos televisores -
desodorantes em cadeiras hipnóticas - // atravessadores de petróleo
no Texas - aviões a jato riscando as nuvens - // escritores do céu
mentirosos diante da Divindade - açougueiros de afiados dentes
com chapéus e sapatos, todos Proprietários! Proprietários! Proprietários!
com obsessão de propriedade do Ego evanescente! // e seus longos
editoriais tratando friamente o caso no negro que berra atacado por
formigas pulando para fora da primeira página! // Maquinaria de um
sonho elétrico de massas! A Prostituta da Babilônia criadora de guerras
vociferando com Capitólios e Academias! // Dinheiro! Dinheiro! Dinheiro!
dinheiro celestial da ilusão berrando loucamente! Dinheiro feito de nada,
fome, suicídio! Dinheiro do fracasso! Dinheiro da morte! // Dinheiro contra
a Eternidade! e os fortes moinhos da eternidade trituram o imenso
papel da Ilusão!"
ALLEN GINSBERG - de: "Kaddish e outros poemas" - París 1958 -1960 /
fragmento - tradução: Cláudio Willer
PETER ANTON ORLOVSKY 1933-2010 / Filho de
Katherine Schwarten e Oleg Orlovsky, um imigrante
russo. Teve que abandonar a escola no seu último
ano para sustentar a sua familia pobre. Depois de
tentar varios empregos, ele começou a trabalhar no
hospital psiquiátrico Creedmok. Em 1953, aos 19 anos,
foi convocado para a guerra da Koréia. Psiquiatras do
exército, ordenaram sua transferência para trabalhar
como médico num hospital de São Francisco. Conhece
Ginsberg em 1954, enquanto trabalhava como modelo
para o pintor Robert La Vigne, quem o incentiva a escrever.
Acompanhado de outros escritores beat, Orlovsky viajou
por varios anos pelo Oriente Medio, Norte da África e Europa.
Seu trabalho apareceu em "The American Poesia - 1945/1960"
"Antologia Beatitude" - 1965 / É em três filmes de Andy Wahroll,
e mais dois filmes produzidos pelo fotógrafo Robert Frank. Em
"Eu e meu irmão" de 1969 Frank documenta a doença mental de
Julius, seu irmão. Orlovsky ficou conhecido pelo seu
relacionamento com Ginsberg, de quem foi companheiro durante
30 anos. Morreu em Vermont em 30 de maio de 2010
terça-feira, 22 de junho de 2010
WILLIAM BURROUGHS 1914-1997 / Escritor e pintor. /
A maior parte da sua obra tem caráter biográfico. Autor
de "Almoço Nú", a sua obra mais conhecida, seguida de
"Yunkie". Burroughs utilizou uma linguagem proveniente
do uso constante de drogas alucinógenas, criando climas
fantásticos nas suas narrativas. Foi um pioneiro da literatura
experimental, sendo visto como um gurú da contracultura,
e do uso de drogas, rumo seguido pela maioria dos integrantes
da chamada Geração Beat. Considerado um "fora da lei" da
literatura contemporánea, inaugurou uma nova forma de escrever.
É o inventor do termo "heavy-metal". Quando menino estudou
numa escola para garotos no México, é em 1936 graduou-se em
Harvard. durante um período Burroughs foi morar na Alemanha.
Nesta época esteve em contato com o nazismo de Hitler, e começa
a se interessar pelos mecanismos de controle do Estado sobre
seus cidadãos, uma das problemáticas presentes na sua obra, e
sobre a qual escreveria: "desde o começo eu tenho me preocupado,
em quanto escritor, com o vicio em si (seja a droga, sexo, dinheiro
ou poder) como um modelo de controle... Burroughs era homosexual
e viciado em morfina, e seu estilo de vida era incomum para a época.
Ao morar em Chicago conheceu Jack Kerouac, o primeiro a incentiva-lo
a escrever. Em 1951, a sua esposa Joan, foi morta pelo próprio Burroughs
durante uma bebedeira, brincando de acertar um tiro num copo acentado
na sua cabeça. "Almoço Nú", onde relata a sua experiência com diversas
drogas foi escrito durante as suas viagens pela América Latina e o Marrocos,
apos a morte da sua esposa. Numa destas viagens, no México, conheceu o peyote, potente alucinógeno utilizado pelos indios. "Almoço Nú", foi proibido nos EUA por ser considerado "obceno", e reivindicado mais tarde como uma
importante obra literária. Burroughs aparece na capa do album Sto,. Pepper"s Lonely Heats Club Band, dos The Beatles, e participou de outros albuns recitando poemas, junto aos compositores Frank Zappa, John Cage e Philip Glass. William Burroughs morreu em 1997 de ataque cardíaco.
MEDITAÇÃO PELA PEDRA / A humanidade ao certo agüenta /
muita realidade / O tal "monstrinho afoito / humalnidade" /
também a agüenta / A mulherdade também / Cada variedade
também / de barro e criatura / As árvores também a agüentam /
após as folhas debandarem / após os pássaros passarem /
"altares ermos em ruinas" bem como pedras / Todos agüentam
o "duro fardo da criação" / como nós / moldados em barro
aterrados de pedra / Mestres do êxtase / LAWRENCE FERLINGHETTI -
de 'Olho e peito Abertos" 1973 - Tradução: Nelson Ascher -
Editora Brasiliense 1984
segunda-feira, 21 de junho de 2010
LAWRENCE FERLINGHETTI - 1919 / Poeta, tradutor
e principal editor dos poetas beat. Em 1953, junto
com Peter D. Martin, fundou a livraria "City Lights"
mais tarde transformada em editora, e lugar de
encontro dos poetas e escritores. Logo lança a série
"Pocket Poets", visando criar uma "efervescência
internacional dissidente". A publicação de "Uivo"
de Ginsberg, em 1956, o levou a prissão acussado
de obsenidade. Mesmo com as dificuldades criadas
nos EUA pela chamada "caça as bruxas" promovida
na época, a editora continuou impulsionando os poetas
da Geração Beat, um dos maiores movimentos de poetas
do pos-guerra, abrindo caminho para o posterior
movimento Hippie. Ferlinghetti é tradutor de poetas da Europa e
América do Sul, como o chileno Angel Parra, o francés
Jacques Prevert, e o italiano Pier Paolo Pasolini.
Livros no Brasil: "Vida Sem Fim" - Editora Brasiliense 1984 /
"Um Parque de Diversões da Cabeça" - L& PM Editora 1984 /
"7 Dias na Nicarágua Livre" - L&PM Editora 1985
POUND EM SPOLETO / Adentrei um camarote no Teatro Melisso,
o gracioso renascentista onde ocorriam todos os dias recitais de
poesia e os concertos do festival de Spoleto e subitamente vi
Ezra Pound pela primeira vez, imóvel feito uma estátua de mandarim,
num camarote de balcão no fundo do teatro, logo acima das poltronas.
Foi um choque: ver somente um ancião admirável numa postura
curiosa, magro e de cabelos longos, aquilino aos 80, a cabeça
estranhamente inclinada para um lado, imerso em permanente
abstração... Após três poetas mais jovens no palco, ele deveria ler,
desde o seu camarote, e lá estava, junto a uma amiga idosa
(que segurava seus papeis) aguardando. Observou as articulações
das prôprias mãos, movendo-as, inexpressivo, um mínimo.
Uma vez apenas, quando todos no teatro cheio ovacionavam alguém
no palco, estimulou-se a aplaudir, como que incitado por um ruido no
vazio... Todos no recinto se levantaram, voltaram-se e, olhando para trás e para cima, ovacionando, viram Pound em sua cabine. o aplauso se
prolongou e pound tentou se levantar da poltrona. Um microfone
atrapalhava. Ele segurou, com mãos ossudas, os braços da poltrona e
tentou se levantar. Não conseguiu e tento de novo e não conseguiu.
Sua amiga idosa não tento ajudá-lo. Finalmente ela colocou um poema
em sua mão e, depois de pelo menos um minuto, surgiu a sua voz.
Primeiro moveu-se a mandíbula e então surgiu, inaudível, a voz.
Um jovem italiano aproximou bastante o microfone à sua face e o
manteve ali e a voz se fez ouvir, fraca mas obstinada, mais alto do que eu esperava, uma tênue, suave salmodia. O recinto silenciou de um só golpe.
A vos me derrubou, tão suave, tão tênue, tão fraca, contudo tão
obstinada. Apoiei a cabeça nos meus braços sobre o parapeito aveludado
do camarote. Surpreendi-me ao ver uma lágrima solitária cair no meu joelho.
A voz tênue e indómita prossegia. Saí às cegas do camarote, pela porta ao fundo, para o corredor do teatro onde todos ainda sentavam voltados para ele, descí e saí, para a luz do sol, chorando... /
Acima da cidade / junto do antigo aqueduto / as castanheiras /
ainda vicejavam / Aves mudas / voavam bem baixo / no vale /
O sol brilhava / sobre as castanheiras / e as folhas / voltavam-se
para o sol / voltavam-se e voltavam-se e voltavam-se / e continuariam
voltando-se / Sua voz seguia e / prosseguia / através das folhas...
LAWRENCE FERLINGHETTI - de "Olho e Peito Abertos" - 1973 /
Tradução: Nelson Ascher
GREGORY NUNCIO CORSO / 1930-2001 /
A mãe de Corso tinha apenas 16 anos quando Gregory
nasceu e um ano depois abandonou a familia e retornou
a Itália. / Corso viveu a maior parte da sua infância em
orfanatos e casas de adoção. Seu pai se casou pela
segunda vez quando ele tinha 11 anos, e foi com quem
acabou ficando, mas Corso fugia repetidamente e acabou
sendo mandado a um internato masculino. Do qual
também fugiú. / Durante à adolescencia, passa
períodos de reclussão em colônias penais. Em 1947, foi
condenado a 3 anos de prissão por arrombamento. E foi
na biblioteca da prissão onde Corso começou a escrever
poesía. / Depois de ser liberado, em 1950, conhece Allen
Ginsberg num bar de Geenwich Village em Nova Iorque,
que o levou a se integrar no grupo de escritores beat.
Morreu em Minnesota no dia 17 de Janeiro de 2001. /
Escreveu seu próprio epitáfio: / "Espírito é vida / ele
flui por entre a minha morte / como um rio / sem medo
de tornar-se mar" OBRAS: "Lady Vestal e outros poemas" 1955 /
"Gasolina" 1958 / "O Feliz aniversário da morte" 1960 / "Arauto do
espírito autóctone" 1981
domingo, 20 de junho de 2010
"E para seguir o hábito de Japhy de sempre
se ajoelhar com uma perna só e fazer uma
pequena prece para o acampamento que
deixávamos, para aquele em Sierra, e para
os outros em Marin, e a pequena prece de
gratidão que ele fizera para o barraco de Sean
no dia que zarpou, quando estava descendo
a montanha com minha mochila nas costas,
voltei-me e ajoelhei na trilha e disse: "Obrigado,
barraco". E depois acrescentei: "Blá", com um
sorrisinho, porque eu sabia que aquele barraco
e aquela montanha compreenderian o que
aquilo significava, e virei e continuei seguindo
a trilha que me conduziria de volta a este mundo." /
JACK KEROUAC
Tradução de Ana Ban / final do livro "Os Vagabundos
Iluminados" - L&PM
sábado, 19 de junho de 2010
CANÇÃO / "O peso do mundo /
é o amor / Sob o fardo da solidão, /
sob o fardo da insatisfação //
o peso / o peso que carregamos /
é o amor. / Quem poderia negá-lo? /
Em sonhos / nos toca / o corpo, /
em pensamentos / constrói / um milagre, /
na imaginação / aflige-se / até tornar-se /
humano - // sai para fora do coração /
ardendo de pureza - / pois o fardo da vida /
é o amor" / ALLEN GINSBERG
Gary Snyder 1963
GARY SNYDER / São Francisco 1930 /
Poeta e tradutor associado a geração Beat.
Budista e ativista ambiental. Ficou famoso
ao ser retratado como o personagem Japhy
Ryder no livro "Os Vagabundos Iluminados"
de Jack Kerouac. Snyder durante toda a sua
vida teve estreita ligação com a natureza,
vivendo no meio selvagem, onde praticou sua
filosofia Zenpor durante longos anos, retratada
em seus poemas. É tradutor de poetas chineses.
OBRAS: "Os Velhos Caminhos" 1977 - Primeira Edição -
São Francisco - Livros "City Lights" / "Esquerda da Chuva" -
poemas inspirados no antigo provérvio chinés "Não há nada
que você próprio faça, que não possa ser deixado fora da chuva" -
Viagens 1947-1985 / "Perigo nos Picos" - poemas - ativismo -
Zen-Budismo e contracultura
sexta-feira, 18 de junho de 2010
quinta-feira, 17 de junho de 2010
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