sábado, 8 de março de 2014

CURSO DE ILUSTRAÇÃO EDITORIAL
MOVIMENTO TROPICALISTA
A RESISTÊNCIA CONTRA A DITADURA

TROPICALISMO


O Tropicalismo foi um movimento de ruptura
que sacudiu o ambiente da música popular
e da cultura brasileira entre 1967 e 1968.
Seus participantes formaram um grande coletivo,
cujos destaques foram os cantores-compositores
Caetano Veloso e Gilberto Gil, alem das participações
da cantora Gal Costa, do cantor-compositor Tom Zé,
da banda Mutantes, e do maestro Rogério Duprat.
A cantora Nara Leão e os poetas José Carlos Capinam
e Torquato Neto completaram o grupo, que teve também
o artista gráfico, compositor e poeta Rogério Duarte
como um dos seus principais mentores intelectuais.
GELEIA GERAL

Um poeta desfolha a bandeira
e a manhã tropical se inicia
resplandente, cadente, fagueira
num calor girasol com alegria
na geléia geral brasileira
que o "Jornal do Brasil" anuncia

Ê, bumba - yê - yê - boi
ano que vem, mês que foi
Ê, bumba - yê - yê - yê
é a mesma dança, meu boi

A alegria é a prova dos nove
e a tristeza é teu porto seguro
minha terra é onde o sol é mais limpo
e Mangueira é onde o samba é mais puro
tumbadora na selva selvagem
Pindorama, país do futuro

Ê, bumba - yê - yê - boi
ano que vem, mês que foi
Ê, bumba - yê - yê - yê
é a mesma dança, meu boi

Ê a mesma dança na sala
no Canecão, na TV
e quem não dança não fala
assiste a tudo e se cala
não vê no meio da sala
as relíquias do Brasil:
doce mulata malvada
um LP de Sinatra
maracujá, mes de abril
santo barroco baiano
superpoder de paisano
formiplac e céu de anil
três destaques da Portela
carne-seca na janela
alguém que chora por mim
um carnaval de verdade
hospitaleira amizade
brutalidade jardim

Ê, bumba - yê - yê - boi
ano que vem, mês que foi
Ê, bumba - yê - yê - yê
é a mesma dança, meu boi

Plurialva, contente e brejeira
miss linda Brasil diz "bom dia"
e outra moça também Carolina
da janela examina a folia
salve o lindo pendão dos seus olhos
e a saúde que o olhar irradia

Ê, bumba - yê - yê - boi
ano que vem, mês que foi
Ê, bumba - yê - yê - yê
é a mesma coisa meu boi

Um poeta desfolha a bandeira
e eu me sinto melhor colorido
pego um jato, viajo, arrebento
com o roteiro do sexto sentido
voz do morro, pilão de concreto
tropicália, bananas ao vento

Ê, bumba - yê - yê - boi
ano que vem, mês que foi
Ê, bumba - yê - yê - yê
é a mesma dança meu boi

Gilberto Gil

TROPICALISMO - Gilberto Gil


TROPICALISMO


TROPICALISMO - Caetano Veloso - Disco do exilio


os tropicalistas deram um histórico passo à frente
no meio musical brasileiro após Bossa Nova 
incorporando elementos da cultura pop como o rock,
a psicodelia e a guitarra elétrica.
Ao unir o popular ao pop e o experimentalismo estético,
as idéias tropicalistas acabaram impulsionando a modernização
não só a música, mas a própria cultura nacional.
Os diálogos com obras literárias como as de Oswald de Andrade
e dos poetas concretistas elevaram algumas composições tropicalistas
ao status de poesia. Suas canções compunham um quadro crítico
e complexo do país - um conjunto do Brasil arcaico e suas tradições,
do brasil moderno e sua cultura de massa e até de um Brasil futurista.
O movimento, libertário por excelência, durou pouco mais de um ano
e acabou reprimido pelo regime militar. Seu fim começõu com a prisão
de Caetano e Gil, em dezembro de 1968. A cultura do país, porem,
já estava marcada para sempre pela descoberta da modernidade e dos trópicos.
CURSO DE ILUSTRAÇÃO EDITORIAL
ELIFAS ANDREATO
A ILUSTRAÇÃO EDITORIAL - A CAPA DO DISCO VINIL

ELIFAS ANDREATO


ELIFAS ANDREATO - Rolandia - Paraná, Brasil 1946
Designer gráfico e ilustrador
Elifas é especialmente reconhecido como ilustrador
das capas dos discos vinil da MPB dos anos 70.
Foi autor do projeto gráfico dos Fascículos da Música Popular Brasileira
da Editora Abril Cultural e do jornal Opinião, importante semanário
de análise política, em 1972 e em 1973 da revista cultural Argumento,
ambos editados pela Paz e Terra.
Andreato, da mesma forma que Glauco Rodrigues, trabalhou em suas imagens,
retratos de compositores brasileiros, influenciado pelo movimento
Tropicalista, que revolucionou a cultura de massa no momento mais obscuro
da ditadura militar (1964-1985).
Ilustrou também capas de livro e cartazes para teatro nos quais denunciava 
a repressão do terrorismo de estado que se instalou na sociedade brasileira
da época.