terça-feira, 29 de agosto de 2017

PÓS-IMPRESSIONISMO - GAUGUIN


PÓS-IMPRESSIONISMO - GAUGUIN


PÓS-IMPRESSIONISMO - GAUGUIN


PÓS-IMPRESSIONISMO - GAUGUIN


PÓS-IMPRESSIONISMO - GAUGUIN


PÓS-IMPRESSIONISMO - GAUGUIN - Retrato de Vincent Van Gogh pintando os girasóis - óleo


PÓS-IMPRESSIONISMO - GAUGUIN


PÓS-IMPRESSIONISMO - GAUGUIN


PÓS-IMPRESSIONISMO - GAUGUIN


PÓS-IMPRESSIONISMO - GAUGUIN


PÓS-IMPRESSIONISMO - GAUGUIN


PÓS-IMPRESSIONISMO - GAUGUIN


PÓS-IMPRESSIONISMO - GAUGUIN


PÓS-IMPRESSIONISMO - GAUGUIN


PÓS-IMPRESSIONISMO - GAUGUIN


PÓS-IMPRESSIONISMO - GAUGUIN - Autorretrato - óleo


PÓS-IMPRESSIONISMO - GAUGUIN - Autorretrato - óleo


PÓS-IMPRESSIONISMO - GAUGUIN - Autorretrato - óleo


PÓS-IMPRESSIONISMO - GAUGUIN - Autorretrato - óleo


PÓS-IMPRESSIONISMO - GAUGUIN - Autorretrato - óleo


PÓS-IMPRESSIONISMO - GAUGUIN - Autorretrato - óleo


PÓS-IMPRESSIONISMO - GAUGUIN - Autorretrato - óleo


PÓS-IMPRESSIONISMO - GAUGUIN - Autorretrato - óleo


PÓS-IMPRESSIONISMO - GAUGUIN - Autorretrato


PÓS-IMPRESSIONISMO - GAUGUIN = Autorretrato - óleo


PÓS-IMPRESSIONISMO - GAUGUIN - Autorretrato - óleo


PÓS-IMPRESSIONISMO - GAUGUIN - Autorretrato - óleo


PÓS-IMPRESSIONISMO - GAUGUIN - NOA NOA - Diário da viagem a Tahiti - Primeira edição: Paris, 1901


Há sessenta e três dias que estou a caminho e ardo
na impaciência de abordar a terra desejada.
A 8 de junho vislumbrámos luzes estranhas que passeavam
em ziguezague: pescadores. No céu sombrío recortava-se
um cone preto e denteado. 
Contornámos Moorea para descobrir Tahiti. Horas mais tarde
já se anunciava a madrugada e, muito lentamente,
nos aproximámos dos recifes de Tahiti para franquear o estreito e ancorar sem contratempos na enseada.
Quem muito viajou não achará nesta pequena ilha
o aspecto feérico da baía do Rio de Janeiro, por exemplo.
Alguns picos montanhosos aonde uma qualquer família
trepou e proliferou, passado há muito o dilúvio. Os corais,
esses também treparam e envolveram a nova ilha.

Paul Gauguin - Noa Noa
Para mim os dias são cada vez melhores. 
Acabei por aprender muito bem a língua e os meus vizinhos,
os três do lado e os outros mais distantes, quase me olham
como a um deles. Em contato quotidiano com as pedras,
os meus pés descalços familiarizam-se com o chão
e o meu corpo, quase sempre nu, já não receia o sol.
A civilização sai aos poucos de mim e começo a pensar
com simplicidade, a alimentar pouco ódio pelo meu próximo,
a funcionar animalmente, livremente, com a certeza
de que o amanhã é igual ao dia de hoje. Todas as manhãs
o sol se ergue tranquilo, para mim como para toda a gente.
Faço-me descuidado, sereno e amante.
Tenho um amigo natural que todos os dias se aproxima
de mim sem artifício, sem interesse. As imagens coloridas,
os meus trabalhos na mata, surpreendem-no, e as respostas
que dei às suas perguntas instruiram-no. 
Se trabalho, não há dia que não me venha ver. 
Um dia, em que lhe entreguei os meus utensílios e pedi
que tentasse fazer uma escultura, olhou para mim
muito espantado e disse simplesmente, com sinceridade,
que eu não era como os outros homens. 
Foi, tal vez, o primeiro no mundo a afirmar que eu era
útil ao próximo. Criança! Só uma criança pode pensar que um artista é útil.

Paul Gauguin - Noa Noa
Chegámos a Taravao e devolvi o cavalo ao gendarme.
A mulher deste (uma francesa) exclamou (sem malícia,
é verdade, mas sem finura também):
- O qué?! Leva consigo uma meretriz!...
E os seus olhos-cólera despiram a rapariga impassível,
que entretanto se tornara altiva. A decrepitude observava
a nova floração, a virtude da lei soprava impuramente
sobre o impudor nativo mas puro, sobre a confiança, a fé.
E, no céu tão belo, descobri com dor essa nuvem suja 
de fumo. Envergonhei-me da raça, os meus olhos
afastaram-se daquela lama - depressa esqueci - 
para se fixar no ouro que eu já amava, bem me lembro...

Paul Gauguin - Noa Noa
CARTA A GEORGES-DANIEL DE MONFREID
Tahiti, fevereiro de 1897

Mal chegou o correio, sem nada ter recebido de Chaudet*,
com a minha saúde quase de repente restabelecida,
isto é, já sem ter oportunidade de morrer naturalmente,
quis matar-me. Fui esconder-me na montanha, aonde
meu cadáver seria devorado pelas formigas. Não tinha
revólver mas possuía arsénico, por mim entesourado
durante o meu eczema; a dose teria sido demasiada,
ou foram os vómitos que anularam a acção do veneno
e o rejeitaram? Não sei. Depois de uma noite de sofrimento
atroz voltei, enfim, a casa. Durante todo o mês fui assaltado
por forte pressão nas têmporas, tonturas, náuseas
ao menor alimento.
A resolução estava tomada para o mês de dezembro.
Mas antes de morrer quis pintar uma grande tela
que trazia na cabeça e, pelo mês fora, trabalhei dia e noite
numa febre inaudita. Bolas, que não é uma tela feita
como um Puvis de Chavannes, estudo ao natural, depois
um cartão preparatório, etc. Tudo isso fiz a despachar,
a ponta de pincel, numa tela de serapilheira cheia de nós
e rugosidades. O aspecto resultou assim, terrivelmente rude.
Dir-se-á que é desleixado, não acabado. É verdade que não
nos julgamos bem a nós mesmos mas creio, todavia,
que esta tela não só ultrapassa em valor 
todas as precedentes como não farei outra melhor
nem parecida. Antes de morrer, nela empreguei toda 
a minha energia, uma tal paixão dolorosa e em circunstân-
cias tão terríveis, uma visão de tal forma nítida
e sem correções, que o apressado se anula e a vida surge.
Não cheira a modelo, a oficina, a pretensas regras
que sempre violei, algumas vezes com medo.
É uma tela de 4,50 m por 1,70 m de alto...
_________________________________________

...Se disséssemos aos alunos das Belas Artes, preparados
para o concurso de Roma: o quadro que têm de fazer
chamar-se-á De onde viemos? quem somos? para onde
vamos?, o que fariam eles? Terminei uma obra filosófica
sobre este tema comparado ao do Evangelho.
Creio que está bem. 
Se tiver força para a recopiar, mandá-la-ei.

Paul Gauguin - Noa Noa

* Trata-se de Georges-Alfred Chaudet, marchand que, em Paris,
   procurava colocar no mercado os quadros de Gauguin.
Depois de permanecer 2 anos em França, consumido
em saudade de Tahiti e em sífilis, Paul Gauguin regressou
à Oceânia para os 8 anos finais da sua vida. A experiência
literária do Noa Noa só iria encontrar prolongamento
numas breves páginas sobre o Tahiti e as Marquesas,
hoje incluídas como capítulo autónomo do seu livro
Avant et Après.
Solitário e cego, Gauguin morreu na madrugada 
de 8 de maio de 1903. 
A sua cabana foi comprada por um leiloeiro americano.

PÓS-IMPRESSIONISMO - GAUGUIN - NOA NOA


PÓS-IMPRESSIONISMO - GAUGUIN - NOA NOA


PÓS-IMPRESSIONISMO - GAUGUIN - NOA NOA


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