O propósito deste blog é o de mostrar o trabalho do ilustrador,independente das regras impostas pelo mercado,nas quatro disciplinas praticadas por mim, em diferentes momentos e veículos: A Caricatura na Imprensa,A Ilustração na Imprensa,A Ilustração Editorial e O Poema Ilustrado. Também são mostradas modalidades diferentes das mesmas propostas como: Montagens das exposições e a revalorização do painel mural, através das técnicas de reprodução digital em baner.
sexta-feira, 9 de novembro de 2012
ROSINHA DA VIDA
Essa lágrima a despedaçar-se daquela face
Em pleno sol de conciência amanssada
Como um laço de sangue e embriaguez íntegra
Consome as reservas da pacífica consoante,
Sério mesmo são os outros,
Esse de que falo dá os ombros a qualquer carga
E a palavra que carrega é como fogo,
Digo: coisa bruta, amor de doido,
Analogia regenerada em sonho entre cavalo e menino.
Difícil segurar pelas mãos a mínima intempérie
Mas readubará novas relações autoconcretizando-se,
O redemoinho infinito merece perpetuação:
Que chegue perto de nós somente a metade parecida,
Eu ouço palavras antigas reelaboradas pela maré.
E a viagem continua, trocamos o óleo épicocassilabo,
Mas veja que esforços bélicos trazem as mesmas criações
E o mundo é dividido em duas metades,
As que constroem, e as que sustentam-se em vão.
A vida, carroça de rio, traz aquele perfume fixo
A menina, rosinha dos tempos. frutífero e agônico,
Traz a última novidade:
Na beira do seu leito, onde amar é permitido
Descarrega-se após o prazer a substância referida,
Já encarregada de manter a engrenagem envelhecida.
Marcus Mello
Essa lágrima a despedaçar-se daquela face
Em pleno sol de conciência amanssada
Como um laço de sangue e embriaguez íntegra
Consome as reservas da pacífica consoante,
Sério mesmo são os outros,
Esse de que falo dá os ombros a qualquer carga
E a palavra que carrega é como fogo,
Digo: coisa bruta, amor de doido,
Analogia regenerada em sonho entre cavalo e menino.
Difícil segurar pelas mãos a mínima intempérie
Mas readubará novas relações autoconcretizando-se,
O redemoinho infinito merece perpetuação:
Que chegue perto de nós somente a metade parecida,
Eu ouço palavras antigas reelaboradas pela maré.
E a viagem continua, trocamos o óleo épicocassilabo,
Mas veja que esforços bélicos trazem as mesmas criações
E o mundo é dividido em duas metades,
As que constroem, e as que sustentam-se em vão.
A vida, carroça de rio, traz aquele perfume fixo
A menina, rosinha dos tempos. frutífero e agônico,
Traz a última novidade:
Na beira do seu leito, onde amar é permitido
Descarrega-se após o prazer a substância referida,
Já encarregada de manter a engrenagem envelhecida.
Marcus Mello
1892 - 2002
Voz rumor dos rios
Voz quase-silêncio das planícies
Voz cantoria dos melros
Voz antivoz das estradas do Oeste
Voz roufenha do vento nas montanhas
Voz dos negros dos indios dos imigrantes
Voz dos becos das docas dos bares
Voz ruído das máquinas
Voz incessante dos mares
Voz dos animais
Voz dos animais das crianças das mulheres
Voz burburinho da Broadway
Voz das vozes múltiplas de Manhattan
Voz das vozes de toda a América
Voz das vozes das vozes de todos os lugares
whitmanianamente recolhidas em uma única voz:
Walt Whitman - o que eu queria dizer-te
é que relendo as Folhas de Relva
encontrei perdidas entre as páginas
duas pálidas pétalas de rosa
que ali deixara um moço (uma moça?)
em respeitosa homenagem
mais de um século após a tua morte
e que me pareceram o veludo da pele de tua face
sob a espesa barba - motivo óbvio,
ó grande urso,
porque ninguém jamais a tocara...
Whitman - o que eu queria dizer-te
é que as acariciei como se fossem tua face
(agora sem barba) de criança de fêmea.
Frederico Gomes
de Outono & Inferno
Voz rumor dos rios
Voz quase-silêncio das planícies
Voz cantoria dos melros
Voz antivoz das estradas do Oeste
Voz roufenha do vento nas montanhas
Voz dos negros dos indios dos imigrantes
Voz dos becos das docas dos bares
Voz ruído das máquinas
Voz incessante dos mares
Voz dos animais
Voz dos animais das crianças das mulheres
Voz burburinho da Broadway
Voz das vozes múltiplas de Manhattan
Voz das vozes de toda a América
Voz das vozes das vozes de todos os lugares
whitmanianamente recolhidas em uma única voz:
Walt Whitman - o que eu queria dizer-te
é que relendo as Folhas de Relva
encontrei perdidas entre as páginas
duas pálidas pétalas de rosa
que ali deixara um moço (uma moça?)
em respeitosa homenagem
mais de um século após a tua morte
e que me pareceram o veludo da pele de tua face
sob a espesa barba - motivo óbvio,
ó grande urso,
porque ninguém jamais a tocara...
Whitman - o que eu queria dizer-te
é que as acariciei como se fossem tua face
(agora sem barba) de criança de fêmea.
Frederico Gomes
de Outono & Inferno
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