segunda-feira, 5 de agosto de 2019

PROPOSTAS GRÁFICAS - O POEMA ILUSTRADO - ANTONIN ARTAUD - OS TARAHUMARAS


PROPOSTAS GRÁFICAS - O POEMA ILUSTRADO - BASHÔ

VERÃO

Chuva de verão
perna de garça
então se torna curta

Matsuo Bashô
Província de Iga, Japão 1644 - Osaka, Japão 1694 

PROPOSTAS GRÁFICAS - O POEMA ILUSTRADO - RETRATO DE TIZUKO


PROPOSTAS GRÁFICAS - O POEMA ILUSTRADO - POETAS CHINESES DA ANTIGUIDADE

A ERMIDA DOS BAMBUS

Sentar-se ao oco só entre os bambus
Assobiando ao toque do alaúde
Na densa oca ao bosque desterrar-se
Então a lua é vinda: iluminar

Yu Xuanji 
Changan 844 dC - China 871 dC

PROPOSTAS GRÁFICAS - O POEMA ILUSTRADO - POETAS CHINESES DA ANTIGUIDADE


PROPOSTAS GRÁFICAS - O POEMA ILUSTRADO - VAN GOGH

VAN GOGH
trecho de uma carta para o irmão Theo
escrita desde o hospício


"Um enorme tronco atingido por um raio e arrancado...
Este escuro gigante - como um orgulhoso decaído -
cria um contraste... com o pálido sonriso de uma última
rosa... 
Compreende como esta combinação de ocre-vermelho,
de verde entristecido de cinza, de traços negros
que formam os contornos, mostram um pouco 
daquela sensação de angústia da qual freqüentemente
sofrem alguns de meus companheiros de desventuras,
que é chamada "vermelho-negro"...
Para criar uma impressão de angústia pode-se procurar
fazê-lo sem de repente olhar para o histórico jardim
de Getsêmani, assim como para criar um motivo
consolador e doce não é necessário representar
os personagens do Sermão da Montanha"

Vincent
Arles 7 de maio de 1889
______________________________________________________________________

Vincent Van Gogh
Zundert, Holanda 1853 - Auvers-sur-Oise, França 1890 

PROPOSTAS GRÁFICAS - O POEMA ILUSTRADO - VAN GOGH-ARTAUD


PROPOSTAS GRÁFICAS - O POEMA ILUSTRADO - ANTONIN ARTAUD

VAN GOGH - O SUICIDADO PELA SOCIEDADE
Post-Scriptum

Van Gogh não morreu por causa de uma indefinida
condição delirante,
mas por ter chegado a ser corporalmente o campo de ação
de um problema, em cujos redores se debate, 
desde as origens, o espírito inócuo desta humanidade,
e do predomínio da carne sobre o espírito, ou do corpo
sobre a carne, ou do espírito sobre um e outro.
E onde está neste delírio o lugar do eu humano?
Van Gogh procurou o seu durante toda a sua vida,
com energia e determinação excepcionais.
E não se suicidou num ataque de insânia, pela angustia 
de não chegar a encontrá-lo,
ao contrário, acabava de encontrá-lo, e de descobrir
que era e quem era ele mesmo, quando a inconscência
geral da sociedade, para castigá-lo, por tê-lo afastado dela,
o suicidou.
E isto aconteceu a Van Gogh, como acontece habitualmente,
por motivo de um bacanal, de uma missa, 
de uma absolvição, ou de qualquer outro ritual
de consagração, de possessão, de sucubação
ou de incubação.
Assim introduziu-se no seu corpo
esta sociedade
absolvida
consagrada
santificada
e possuída
apagou nele a consciência sobrenatural que acabava
de adquirir, como uma inundação de corvos negros,
nas fibras de sua árvore interna,
o submergiu numa última onda,
e tomando seu lugar,
o matou.
Pois está na lógica anatômica do homem moderno,
não ter podido jamais viver nem pensar em viver,
senão como possuído.

Antonin Artaud
Marselha, França 1896 - Ivry-sur-Seine, França 1948

PROPOSTAS GRÁFICAS - O POEMA ILUSTRADO - ANTONIN ARTAUD