domingo, 13 de setembro de 2009

NINDIRI / Nindiri é uma cidade sem casas e sem ruas / de longe somente se olham as cúpulas das árvores / Em vez de quarteirões com casas apenas hortas e jardins; / e suas ruas sem calçadas, como caminhos simétricos. / entre fachadas de flores e árvores frutíferas. / As casas estão dentro, entre os hortos. / Umas quantas em cada quarteirão: casas de palha / ou madeira pintada - brancas, rosadas e azuis - / as primorosas rosadas e brancas, / jazmins do cabo, jacalate, jilinjoche, / mamões, mameies, malinches, e goiabas / e roupas rosadas e brancas tendidas a secar. / Nos galhos das árvores falam os papagaios, / verdes como folhagens, / e as lapas com as cores de um ramalhete de flores. / Nas ruas molhadas pétalas jogadas. / e não tem mais tráfego nelas, que o das galinhas / as borboletas atraídas por Nandiri / e as charretes dos vendedores de água. / Pelas tardes, a fumaça da ceia sai das malocas / com o rumor das mulheres moendo o milho / cuidando seus pratos, e algum violão, / (Num destes hortos entre os malinches, / teria seu palácio o cacique Tenderí, / seu dourado palácio de capim, com o chão de folhas de palma / onde ele sentava rodeado de sua corte / a beber chocolate em delicadas xícaras / e cinquenta meninas preparavam seu pão ) / A praça é como um bosque de palmeiras e mangas / e malinches, que quando florescem são como lavaredas, / como se tivessem ardendo muitas casas do povo. / Os cavalos e os burros pastavam na praça, / E me lembro que tinha uma primorosa branca / na metade do palácio da igreja. / Aos sábados punham bandeiras vermelhas nas casas / aonde mataram porcos e vendem suas partes cozidas. / - E de repente me lembrei que estamos em junho / e que lá em Nindiri já chegaram as chuvas / e me imagino a praça com os malinches floridos. tradução: Héctor Escobar