TRIMANO ARTE GRÁFICA
Série O Poema ilustrado
Ilustrações para "A Plenos Pulmões" de Vladimir Maiakovski
hidrográfica e esferográfica
"El Barco" - Edição virtual - Monte Alto - Rio de Janeiro - 2021
O propósito deste blog é o de mostrar o trabalho do ilustrador,independente das regras impostas pelo mercado,nas quatro disciplinas praticadas por mim, em diferentes momentos e veículos: A Caricatura na Imprensa,A Ilustração na Imprensa,A Ilustração Editorial e O Poema Ilustrado. Também são mostradas modalidades diferentes das mesmas propostas como: Montagens das exposições e a revalorização do painel mural, através das técnicas de reprodução digital em baner.
A PLENOS PULMÕES
VLADIMIR MAIAKOVSKI
Primeira Introdução ao Poema
Caros
camaradas
futuros!
revolvendo
a merda fóssil
de agora,
percrutando
estes dias escuros,
tal vez
perguntareis
por mim. Ora,
começará
vosso homem de ciência
afogando os porquês
num banho de sabença,
conta-se que outrora
um férvido cantor
a água sem fervura
combateu com fervor.
Professor,
jogue fora
as lentes-bicicleta!
A mim cabe falar
de mim
de minha era.
Eu - incinerador,
eu - sanitarista,
a revolução
me convoca e me alista.
Troco pelo "front"
a horticultura airosa
da poesia -
fêmea caprichosa.
Ela ajardina o jardim
virgem
varguem
sombra
alfombra.
"E assim o jardim de jasmim,
o jardim de jasmim do alfenim".
Este verte verso feito regador,
aquele os baba,
boca em babador,
bonifrates encapelados,
descabelados vates -
entendê-los
ao diabo!,
quem há-de...
Quarentena é inútil contra eles -
mandolinam por detrás das paredes;
"Ta-ran-tin, ta-ran-tin,
ta-ran-ten-n-n..."
Triste honra,
se de tais rosas
minha estátua se erigisse:
na praça
escarra a tuberculose;
putas e rufiões
numa ronda de sífilis.
Também a mim
a propaganda
cansa,
é tão fácil
alinhavar
romanças, -
Mas eu
me dominava
entretanto
e pisava
a garganta do meu canto.
Escutai,
camaradas futuros,
o agitador,
o cáustico caudilho,
o extintor
dos melífluos enxurros:
por cima
dos opúsculos líricos,
eu vos falo
como um vivo aos vivos.
Chego a vós,
a Comuna distante,
não como Iessiênin,
guitarriarcaico.
Mas através
dos séculos em arco
sobre os poetas
e sobre os governantes.
Meu verso chegará
não como a seta
lírico-amável,
que persegue a caça.
Nem como
ao numismata
a moeda gasta,
nem como a luz
das estrelas decrépitas.