sábado, 15 de janeiro de 2011

Por esse tempo, o amigo de Bertoleza, notando que, o velho Liborio, depois de escapar de morrer na confuão do incêndio, fugia agoniado para o seu esconderijo, seguiu-o com disfarce e observou que o miserável, mal deu luz a candeia, começou a tirar ofegante alguma coisa do seu colchão imundo.
Daí a dias, com efeito, a estalagem metia-se em obras. Adesordem do desentulho do incêndio sucedia a do trabalho dos pedreiros. Martelava-se ali de pela manhã até a noite, o que alias não impedia que as lavadeiras continuassem a bater roupa e as engomadeiras reunissem ao barulho das ferramentas o choroso
Chegaram às nove horas da noite. Piedade levava o coração feito em lama. Não dera palavra por todo o caminho e logo que recolheu a pequena encostouse-se à cómoda, soluçando. Estava tudo acabado! Tudo acabado! Foi a garrafa de aguardente, bebeu uma boa porção; chorou ainda, tornou a beber, depois saiú ao patio disposta a parasitar a alegria dos que se divertiam la fora.
Ao mesmo tempo, João Romão, em chinelas e camisola, passeava um para outro lado no seu quarto novo.
Desde esse dia Bertoleza fez-se ainda mais concentrada e resmungona e só trocava com o amigo um ou outro monosílabo inevitável no serviço da casa. Entre os dois havia agora desses olhares de desconfiança que são abismos de constrangimento entre pessoas que moram juntas.