domingo, 17 de abril de 2016

CURSO DE ILUSTRAÇÃO EDITORIAL
GRACIELA ITURBIDE
A FOTOGRAFIA DOCUMENTAL MEXICANA
NA ATUALIDADE
  

GRACIELA ITURBIDE
Cidade do México 1942
Iturbide trabalha na atualidade o preto e branco
clássico na fotografia documental mexicana,
iniciado durante o período da Revolução por
dois pioneiros: Tina Modotti e Manuel Alvarez Bravo

ITURBIDE - MÉXICO


ITURBIDE - MÉXICO


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sexta-feira, 15 de abril de 2016

CURSO DE ILUSTRAÇÃO EDITORIAL
LUIS TRIMANO
ILUSTRAÇÕES PARA "OS CAYNAS"
DE CÉSAR VALLEJO
"El Barco" - edição virtual - 2016
   

CÉSAR VALLEJO - César Abraham Vallejo Mendoza
Santiago de Chuco, Perú 1892 - Paris, França 1938
Foi um poeta de tendência vanguardista, unanimemente
considerado como um dos maiores poetas 
hispano-americanos do século XX e o maior poeta peruano.
pesquisar ampla biografia na Wikipédia  
OS CAYNAS
César Vallejo
 

Luís Urquizo soltou uma gargalhada e, engolindo
a última pólvora do riso, bebeu sofregamente a cerveja.
Colocou o copo vazio sobre o zindo do balcão, quebrou-o
e vociferou:
- Isso não é nada! Cavalguei muitas vezes sobre o lombo
do meu cavalo que caminhava com os quatro cascos negros
sempre em movimento. Oh, o meu soberbo alazão!
É o paquiderme mais extraordinário da terra. 
E mais do que cavalgar surpreende, encanta, causa pavor
o espetáculo simples e puro de linhas e movimentos
que este potro oferece quando está parado numa gravitação impossível sobre a superfície inferior de um plano suspenso no espaço. Não posso contemplá-lo sem sentir-me alterado
e fugir da sua presença, apavorado, como se a garganta
fosse apunhalada.
É admirável! Asemelha-se a uma mosca varejeira,
dessas que pousam nas vigas que equilibram os tetos humildes. Isto é maravilhoso! É sublime e irracional!
Luís Urquizo fala e se entusiasma, o rosto fica marcado,
como se jorrasse sangue, os olhos úmidos. Ele treme,
guilhotina as sílabas, solda e acende adjetivos; 
imita um ginete, ensaia algumas fintas, reforça 
em interjeções glaciais as mais amplas insinuações
da sua voz; gesticula, ergue o braço; ri, é patético, ridículo,
se inspira e se contagia demencialmente.
E acrecenta:
- Vou-me embora - E saiu correndo, saltou o umbral 
da taberna e desapareceu.
- Coitado! - exclamaram em uníssono -.
 Está completamente louco.
Na verdade, Urquizo estava desequilibrado. Não havia
dúvida. O curso posterior da sua conduta confirmou
tudo isso. Aquele homem continuou vendo as coisas
pelo avesso, alterando tudo através dos cinco cristais
baços dos seus sentidos enfermos. As pessoas de Cayna,
o povoado onde habitava, fizeram dele o alvo da curiosidade
cruel e do divertimento cotidiano de adultos e crianças.

OS CAYNAS


Anos mais tarde, com a ausência de um tratamento oportuno, agravou-se a sua demência de uma maneira
quase mortal, chegando ao mais truculento e edificante
drama do homem que sustém um triángulo de dois ângulos,
que morde o cotovelo, ri diante da dor e chora perante
o prazer. Urquizo chegou a vagar além das fendas eternas,
onde correm para se agrupar na harmonia e plenitude
do som os sete matizes centrais da alma.
Entretanto, encontrei-o uma tarde. 
Desde que o vi, pouco antes de cruzarmos, despertara
na minha desabituada indulgência sobre aquele desgraçado
que, além do mais, era meu primo em não sei qual remota
consanguinidade materna. Ao lhe ceder o caminho para
passar e saudá-lo, tropecei nas pedras da rua e encostei
o meu braço no dele. Urquizo protestou indignado:
Está louco?
A exclamação sarcástica do alienado fez-me rir, e depois
foi motivo de interrogações quando os mistérios da razão
se transformam em espinhos, estagnando no cerrado
e tormentoso círculo da lógica fatal entre os dois lados
da cabeça. Por que essa forma de indução em atribuir-me
o descompasso de parafusos que só ele posuia?
Com efeito, esse último sintoma transpassava já os limites
da alucinação sensorial. Isso era transcendente, sem dúvida,
já que representava nada menos do que um juizo, 
o entrelaçamento de fios profundos, um dado de conciência.
Urquizo devia, pois, acreditar nas suas capacidades,
estava perfeitamente seguro disso e, desde esse ponto 
de vista, era eu o verdadeiramente louco por ter esbarrado nele sem motivo. 
Seguia esse plano de raciocínio que se denuncia em quase
todos os alienados, um plano que por sua desconcertante ironia, fere e escarnece dos órgãos mais cordatos 
até tirarnos toda a rédea mental e varrer todos os ritos da vida. Por isso, a surda exclamação do louco cravou-se 
de tal maneira na minha alma, chegando a comover
meu coração.
  

OS CAYNAS


Luís Urquizo pertencia a uma família numerosa da região.
Era muito querido pelos seus, que lhe prestavam 
todo o cuidado e a assistência carinhosa. Certa vez, fiquei
sabendo de algo assustador. Todos os familiares de Urquizo
que com ele conviviam, estavam loucos também. E mais.
Todos eram vítimas de uma obsessão comum, 
de uma mesma idéia zoológica, grotesca, grave, 
de um ridículo fenomenal: acreditavam que eram macacos,
e assim viviam.
Minha mãe convidou-me uma noite para ir com ela
saber notícias dos parentes loucos. Não encontramos ninguém quando lá chegamos, só a mãe de Urquizo
que se distraía a mexer num monte de papéis sujos,
sob a lâmpada que pendia no centro da sala.
Dado o isolamento e o atraso daquele povoado, 
que não tinha instituições de caridade nem polícia,
os doentes saíam quando queriam para a rúa. Perambulavam, entravam nas casas, despertando sempre
o riso e o pesar.
Ao nos ver, a mãe dos alienados ganiu agudamente,
franzia as sobrancelhas com força e selvageria; continuou
a vibrá-las para cima e para baixo, lançou com um gesto mecânico a folha de papel que manuseava e acocorou-se
sobre a cadeira com a rapidez infantil de um estudante
que fica sério diante do professor, escondeu os pés, dobrou
os joelhos até a altura do tronco e, nessa atitude, semelhante a uma múmia, esperou que entrássemos
na casa cravando os olhos - irrequietos, inexpressivos
e selváticos - nas nossas figuras, e naquela noite eles suplantaram assombrosamente os olhos de um macaco,
a boca revelava a ira. Minha mãe encostou-se a mim, assustada e trêmula, e eu fui dominado por uma arrepiante
sensação de espanto. Mas não, sob a claridade da lâmpada,
distinguimos naquela face perdida, sob o cabelo que caía em crinas asquerosas até os olhos, começando logo 
a franzir-se sobre o miserável e esfarrapado tronco, virando-se para os lados, como se estivesse sendo ajudada
por forças invisíveis ou por ruídos misteriosos produzidos
nas barras metálicas de um parque. A louca, como se
prescindisse de nós, começou a esfregar e a catar a barriga,
as costas, os braços, triturando os parasitas 
com seus dentes amarelos. Gania, às vezes, longamente e espreitava à sua volta, olhava a porta, como se fizesse uma advertência. Minha mãe, transcorridos alguns minutos
de espectativa e medo, fez-me um sinal para retroceder
e abandonamos a casa.
Este fato ocorreu há pelo menos vinte e três anos, até que,
após ter vivido distante dos familiares por causa dos meus
estudos em Lima, regressei um dia a Cayna, a povoação
que, além de solitária e distante, era como uma ilha
para além das montanhas ermas. O povoado arcaico
de agricultores humildes, separado dos grandes centros
civilizados do país por imensas e quase inacessíveis cordilheiras, vivía longos períodos de esquecimento
e de absoluta falta de comunicação com as outras cidades do Perú.
Devo chamar a atenção para a circunstância muito
inquietante de não ter recebido notícias da minha família
nos seis últimos anos em que estive ausente.
Minha casa situava-se quase na entrada do povoado.
Pairava um poente de maio - desses suaves e reflexivos
poentes do leste peruano - sobre a cidade que, não sei
por que razão, tinha naquela hora, na sua solidão
e abandono exteriores, o ar da desgraça, o obstinado
ar de abandono.
A falta de zelo e destruição transpareciam em toda parte.
Não havia nem uma pessoa, e ao atravessar algumas
esquinas os meus nervos enrijeceram-se, golpeados
por uma brusca impressão de ruína. Sem dar-me conta,
estive à beira de chorar.  
 

OS CAYNAS - Releitura de um fotograma do filme "O Sangue do Cóndor" de Jorge Sanjinés - Bolívia


OS CAYNAS


OS CAYNAS


O portão avermelhado e rústico da mansão surgiu
aberto de par em par. Apeei do cavalo e ofegando de ternura desmedida, entorpecido por um presságio emocionado, acalmando o animal suado, avancei pelo saguão adentro.
Imediatamente, entre o ruído dos cascos, ergueram-se
do interior gritos disonantes e guturais, como se fossem
doentes uivando no meio da fadiga e do delírio.
Não sei explicar como surgiu em mim a sensação
de correntes pesadas acorrentando-me os pulsos 
e os tornozelos até sangrar, mordendo-me ferozmente,
quando vi aquela matilha doméstica. A imagem antropoide
da mãe de Urquizo surgiu instantaneamente na memória,
e invadia-me ao mesmo tempo um presentimento maior
que as minhas forças, era uma espécie de certeza aciaga
de que, minutos depois, teria o meu ser envolto pelas trevas.
Gritei alto.
Nada. Todas as portas da habitação estavam totalmente abertas. Soltei as rédeas do cavalo, vasculhei os corredores,
os pátios e os quartos. E novos grunhidos detiveram-me 
diante de uma escadaria que ascendia ao aposento mais 
sombrio e elevado da casa. Espreitei. Não fazia sentido.
Nenhum sinal de vida, nem um só animal doméstico.
Mãos insólitas deviam ter alterado com astuciosa mudança
de gosto e de todo o senso de ordem e comodidade,
a distribuição usual dos móveis e dos utensílios do lugar.
Saltei precipitadamente os degraus da escada e transpus
o espaço guiado por uma secreta atração, observando
com vagar. Fiquei detido ali com uma aflição inexplicável
e arrepiante. Duvidei por breves segundos e, favorecido
pelos últimos clarões do dia, olhei atentamente para dentro.
Vi, num átimo, o rosto macilento e selvagem 
entre as sombras, mortalmente desfigurado e causando
terror. Ganhei coragem - embora já percebesse tudo, 
oh Deus! - e parei diante da porta, esforçando-me para reconhecer a máscara apavorante.
Era o rosto do meu pai!
Um macaco, sim! Toda a verticalidade truncada e o arrojo
acrobático, todo o jogo de nervos, a expressão facial 
e os gestos, o esqueleto, e até o pelo eriçado. 
O fio sutilíssimo com que é tramada a membrana inconsútil
da espessura matemáticamente exata que o tempo 
e a lógica universal estabelecem, anulam e transpõem
as colunas e o curso da vida!
- Grrrrr!...Grrrr! - grunhiu nervosamente.
Posso assegurar que ele não me reconhecera. 
Movimentou-se com destreza, se posicionando no antro
onde se refugiara e - refém de uma apreensão
verdadeiramente própria de um gorila enjaulado perante
as pessoas que observam e importunam - saltava e grunhia,
arranhava o estuque do covil vazio, sem parar 
de me observar um só instante, pronto para defender-se
ou atacar.
- Meu pai! - supliquei, impotente e débil, e avancei
para abraçá-lo.
Ele suspendeu bruscamente o seu ar diabólico,
desarmando toda a sua feição selvagem e parecia resgatar
num só impulso toda a treva do seu pensamento.
Chegou até mim, calmo e terno, transfigurado em homem,
como porventura se aproximou de minha mãe
no dia em que se abraçaram tão humanamente, até extrair
o sangue com que encheram meu coração e o impeliram
para que pulsasse no compasso da minha fronte 
e dos meus pés.
Mas quando pensei que algo nele se iluminara,
ao conjuro milagroso do amor filial, deteve-se a poucos passos, como que corrigindo o seu ato, no enigma
de uma mente enferma. O seu rosto barbudo, ensaiou
uma expressão desorbitada, distante e enfraquecida
com tal vigor interior que provocou em mim uma crispação
a ponto de virar o olhar, despertando a sensação fria 
de uma realidade completamente transtornada.
Tentei falar-lhe mais uma vez e com todo o ímpeto.
Riu de maneira insana.
- A estrela... - balbuciou. E articulou novos grunhidos.
A angustia e o terror me fizeram suar glacialmente.
Emiti um soluço sentido, contornei a escada e saí daquela
casa. 

quinta-feira, 14 de abril de 2016

OS CAYNAS


OS CAYNAS


OS CAYNAS


A noite cobria tudo.
O meu pai estava louco! Ele e todos os meus parentes
acreditavam que eram macacos, assim como a familia
de Urquizo! 
Minha casa tinha se transformado num manicômio.
Foram contagiados pelos outros parentes, sim,
uma influência fatal!
Porém isso não era nada. Aconteceu algo mais atroz
e desolador, um flagelo do destino, a ira de Deus.
Não fora só a minha família que ficara louca. O povoado
inteiro havia enloiquecido.
Ao sair de casa caminhei sem destino, sofrendo choques
e tremores morais tão intensos como nunca sofrera
e que abateram ainda mais os meus sentidos.
As ruas pareciam entaipadas. Por onde andava surgia-me
um transeunte que fatalmente parecia simular 
um antropoide, um personagem mímico. 
A obsessão zoológica regressiva cujo germe nascera 
tempos atrás na cabeça instável de Luís Urquizo,
propagara-se em cada um dos habitantes de Cayna,
sem variar absolutamente de natureza. A mesma idéia
conquistara todos aqueles infelizes. 
Foram todos inoculados no mesmo ponto do cérebro.
Não guardo lembrança de uma noite repleta de tanta tragédia e bestialidade, em cujas margens ásperas
não havia mais luz natural a não ser a dos astros,
já que não avistei luz artificial em ponto algum.
Até o fogo - obra e signo fundamental da humanidade -
havia sido banido dali! Como que através dos domínios
de uma ignorada espécie animal em transição, vegueei
por esse caos lamentável onde não encontrei - por muito
que quisesse e procurasse - nenhuma pessoa livre
desse pesadelo. Tudo indicava que havia desaparecido
dali todo indício de civilização.
Pouco tempo depois de ter saído, devo ter regressado
à minha casa. Parei logo no primeiro corredor. Nem um som,
nem uma respiração. Caminhei pela escuridão compacta
que reinava, segui por um pátio e dei com o corredor da frente.. O que acontecera com o meu pai e toda a minha família?
Certa serenidade invadiu a minha alma. Tinha que procurar
a todo custo minha mãe, vê-la para saber se estava sã
e salva, acariciá-la e ouvi-la chorar de ternura 
ao reconhecer-me, e abafar toda essa vileza. Era preciso
procurar novamente o meu pai. Tal vez todos os outros
gozassem de pleno exercício das suas faculdades mentais.
Oh meu Deus, sim! Enganara-me, sem dúvida, ao pensar
de forma tão simples. Agora, ciente do nervosismo dos
primeiros instantes, e da má disposição em que mergulhara
a minha imaginação excitável para ter levantado 
tão horríveis castelos no ar. E, porventura, podia estar seguro da demência do meu pai?
Uma leve brisa de esperança invadiu o meu interior.
Atravessei a primeira porta que alcancei no meio
da escuridão e ao avançar, sem saber a razão, senti
e titubeava, ao mesmo tempo em que tirava inconscientemente de um dos bolsos uma caixa de fósforos
e acendia a chama.
Esquadrinhei a habitação, quando ouvi alguns passos
que se atropelavam pelos corredores.
O sangue desapareceu do meu corpo, mas não a ponto de deixar apagar a chama que acabara de acender.
Meu pai, tal como o encontrara naquela tarde, apareceu
no umbral da porta seguido de alguns seres sinistros
que rosnavam de forma grotesca. Apagaram de imediato
a luz que eu trazia, e gritaram misteriosamente:
- Luz, luz!.. Uma estrela!
Fiquei paralizado e sem palavra.
Mas, com um gesto intempestivo, consegui reaver
as forças e gritar desesperado:
- Pai! Recorda que sou teu filho! Não estás doente!
Não podes estar doente! Para com este grunhido selvagem!
Não és um macaco! Es um homem, oh, meu pai!
Somos todos homens!
E acendi outro fósforo
Uma gargalhada apunhalou-me o coração. E meu pai falou
com uma lástima dilascerante, pleno de comiseração
infinita:
- Coitado, pensa que é um homem. Está louco...
E fez-se escuridão outra vez.
Arrebatado pelo espanto, distanciei-me do grupo tenebroso,
a cabeça girando...
- Coitado! - exclamaram todos - Está completamente louco!...
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- E aqui estou - acrescentou com pesar o homem
que fizera esta narração curiosa.
Aproximou-se estão um empregado de uniforme amarelo
e fez um gesto para que o seguisse, ao mesmo tempo em que nos saudava, despedindo-se e falando para os lados:
- Boa tarde, agora precisa ir para o seu quarto, boa tarde.
E o narrador demente dessa história desapareceu junto
com o seu enfermeiro que o guiava entre os verdes choupos
do manicômio, enquanto o mar murmurava amargamente
e os pássaros lutavam entre si na espádua agonizante da tarde...

Tradução: Jorge Simões