terça-feira, 6 de janeiro de 2009

o só objeto
indefensável
e pá e pé e ui
e vupi e rrr
e o riso passarola no ar
grasnando
e mil a espiar
os alfabetos purpúreos
desatando-se
sem rota
e llmn e nss e yn
eram mil a sentir
que a vida refugia
do ato de viver
e agora circulava
sobre toda ruína
A BOMBA / Carlos Drummond de Andrade / "Nova Reunião" / Antologia Poética / Editora José Olimpio - 1985

Trimano / Série "Diário" - nanquim 2007-08

A bomba / é uma flor de pánico apavorando os agricultores
A bomba / é o produto quintessente de um laboratório falido
A bomba / é miséria confederando milhões de misérias
A bomba / é estúpida é ferotriste é cheia de rocamboles
A bomba / é grotesca de tão metuenda e coça a perna
A bomba / dorme no domingo até que os morcegos esvoacem
A bomba / não tem preço não tem lunar não tem domicílio
A bomba / amanhã promete ser melhorzinha mas esquece
A bomba / não está no fundo do cofre, está principalmente onde não está
A bomba / mente e sorri sem dente
A bomba / vai a todas as conferências e senta-se de todos os lados
A bomba / é redonda que nem mesa redonda. e quadrada