O propósito deste blog é o de mostrar o trabalho do ilustrador,independente das regras impostas pelo mercado,nas quatro disciplinas praticadas por mim, em diferentes momentos e veículos: A Caricatura na Imprensa,A Ilustração na Imprensa,A Ilustração Editorial e O Poema Ilustrado.
Também são mostradas modalidades diferentes das mesmas propostas como: Montagens das exposições e a revalorização do painel mural, através das técnicas de reprodução digital em baner.
DS - Você está dizendo que pintar é quase uma maneira de trazer alguém de volta, que o processo de pintar é quase igual ao processo de lembrar?
FB - É o que eu digo. E acho que os métodos por meio dos quais isso é feito são tão artificiais que o modelo diante de você, no meu caso, inibe a artificialidade por meio da qual essa coisa pode ser trazida de volta.
DS - E se pessoas que você já pintou muitas vezes de memória e de fotos posassem para você?
FB - Ficaria inibido, porque, se gosto delas, não quero praticar na sua frente a violência que eu lhes faço no meu trabalho. Prefiro fazer essas violências às escondidas, o que, na minha opinião, me permite registrar a realidade delas com mais clareza.
DS - Em que sentido você concebe isso como uma violência?
FB - No sentido de que as pessoas acreditam - ou pelo menos as pessoas simples - que as distorções em suas figuras são uma violência - não importa o quanto simpatizem com você e o quanto gostem de você.
DS - Você não acha que, por instinto, possivelmente estejam certas?
FB - É possível, é possível. Entendo perfeitamente isso. Mas me diga, quem hoje consegue registrar uma coisa que surge na sua frente como um fato sem danificar profundamente a imagem?
DS - Mas você não acha, já que está falando em registrar os vários níveis de emoção de uma imagem, que, entre outras coisas, poderia também estar expressando ao mesmo tempo amor e hostilidade pela pessoa - que isso que você faz pode ser não só carinho mas também agressão?
FB - Acho lógico demais. Acredito que não seja essa a maneira como as coisas funcionam; acho que a coisa toca mais no fundo: como pintar essa imagem para torná-la imediatamente mais real para mim? É só isso.
DS - Tornar a imagem imediatamente mais real não equivaleria a objetivar sentimentos contraditórios em relação ao sujeito?
FB - Bem, acho que você está abordando o problema por um lado mais psicológico, e a maioria dos pintores, tenho a impressão, não fazem isso. Eles podem insonscientemente estar enrolados com o que você diz, mas, conscientemente, nem um pouco.
DS - Bom, evidentemente se eles tivessem conciência disso seria um desastre para a obra. O que eu estava tentando dizer é que, quando o modelo ingenuamente imagina que o pintor o está agredindo, ele instintivamente está reconhecendo um desejo insonsciente do pintor em agredi-lo.