sábado, 18 de março de 2017

Barroco é o nome dado ao estilo artístico
que floresceu entre o final do século XVI
e meados do século XVIII, inicialmente na Itália,
difundindo-se em seguida pelos países católicos
da Europa e da América, antes de atingir,
em uma forma modificada, as áreas protestantes
e alguns pontos do Oriente.
Considerado como o estilo correspondente ao absolutismo
e à contrareforma, distingue-se pelo esplendor exuberante.
De certo modo o Barroco foi uma continuação natural 
do Renascimento, porque ambos os movimentos
compartilharam de um profundo interesse pela arte
da Antiguidade Clássica, embora interpretando-a
diferentemente. Enquanto no Renascimento o tratamento
das temáticas enfatizava qualidades de moderação,
economia formal, austeridade, equilibrio e harmonia, 
o tratamento  barroco de temas idênticos mostrava
maior dinamismo, contrastes mais fortes, maior dramaticidade, exuberância, realismo, e uma tendência 
ao decorativo, alem de manifestar uma tensão entre o gosto
pela materialidade opulenta e as demandas de uma vida espiritual. Mas nem sempre essas características são bem evidentes ou se apresentam todas ao mesmo tempo.
O Barroco constituiu não apenas um estilo artístico,
mas todo um período histórico e um movimento socio-
cultural, onde se formularam novos modos de entender
o mundo, o ser humano e Deus. As mudanças originadas pelo espírito barroco provem de um grande respeito
pela autoridade da Tradição Clássica, e de um desejo
de superá-la com a criação de obras originais,
dentro de um contexto que já se havia modificado
profundamente em relação ao período anterior.
Desde o Renascimento a Itália se tornara o maior polo
de atração de artistas em toda a Europa, e no início 
do século XVI, Roma, sede do papado católico e capital
dos estados pontifícios, se tornara o maior centro irradiador
de influência artística, tendo a igreja como o mais pródigo mecenas. Mas desde lá, tendo passado por invasões
dramáticas, como a que culminou no "saque de Roma"
de 1527, e sofrendo com agitação interna, a Itália havia
perdido muito prestígio e força, ainda que continuasse
a ser a maior referência na cultura europeia. A atmosfera
otimista do Renascimento havia se desvanecido. 
Os progressos  na filosofia, nas ciências e nas artes,
o florescer do humanismo, não evitaram os ódios, 
as guerras, e a fé no homem como imagem da divindade
e no mundo como um novo éden em potencial.
O Renascimento se deparava com o cinismo e a brutalidade
da política, a vaidade do clero, a eterna opressão do povo, 
surgindo uma nova corrente cultural a que se deu o nome
de "Maneirismo", erudita, sofisticada, experimental, mas carregada de dúvidas e agitação, e dada a exentricidades pelo cultivo do bizarro. Os pintores maneiristas do século XVI eram menos realistas do que seus antecessores 
da Alta Renascença, mas eles reconheceram e ensinaram muito sobre como a vida pode se tornar motivo 
de perplexidade: através da sensualidade, do horror, do reconhecimento da vulnerabilidade, da melancolia, do lúdico,
da ironia, da ambiguidade e da atenção a diversas situações
sociais e naturais. Suas concepções tanto reforçaram
como refletiram a preocupação com a qualidade da vida 
quotidiana, com o desejo de experimentar e inovar,
e com outros impulsos de índole política. 
É possível que toda arte apresente esta postura,
mas o Maneirismo a tornou especialmente visível.
A convocação do "Concilio de Trento", teve profundas
consequências para a arte. Produzida na área de influência
da Igreja Católica: a teologia assumiu o controle e impôs
restrições às exentricidades maneiristas, buscando 
reiterar a continuidade da tradição católica, recuperar
o decoro na representação, criar uma arte mais compreemsível para o povo e homogeneizar o estilo.
Desde então tudo devia ser submetido de antemão ao crivo
dos censores, desde o tema, a forma de tratamento
e até mesmo a escolha das cores e dos gestos 
dos personagens. Tudo funcionando como uma grande agência de publicidade. Nesse processo a ordem 
dos jesuitas foi de especial importância. Pelo seu refinado
preparo intelectual, teórico e artístico, os jesuitas exerceram
enorme influência na determinação dos rumos estéticos e ideológicos seguidos pela arte católica, estendendo
sua presença para a América e o Oriente através de suas inumeras missões de evangelização.
Nesse novo cenário, a arte palaciana e sofisticada 
do Maneirismo já não encontrava lugar, e se tornara
especialmente imprópria para a representação sacra. 
Enfrentando a poderosa concorrência protestante,
que lhe roubava multidões, a orientação da Igreja Católica
agora era na direção de produzir uma arte que pudesse
cooptar a massa do povo, apelando para o sensacionalismo
e uma emocionalidade intensa. 
O estilo produzido por este programa se provou ambiguo:
pregava a espiritualidade mas usava de todos os meios materiais para a sensibilização sensorial do público.
As imagens eram criadas com formas naturalistas 
como meio de serem imediatamente compreendidas
pelo povo inculto, mas faziam uso de complexos recursos
ilusionísticos e dramáticos, de efeito grandioso e teatral,
para aumentar o apelo visual emotivo, e estimular a piedade
e a devoção. São especialmente ilustrativos os paineis pintados nos tetos das igrejas católicas nesse período,
que aparentemente dissolvem a arquitetura e se abrem
para visões sublimes do "paraíso", povoado de santos,
de anjos e do Cristo. Ainda que alimentado pelo movimento
contrarreformista, o Barroco não se limitou ao mundo católico, afetando também áreas protestantes
como Alemanha, Países Baixos e Inglaterra. Em virtude
da colonização da América por países europeus, 
naturalmente, o Barroco se transportou para o "Novo Mundo"
encontrando um terreno especialmente favorável nas regiões dominadas por Espanha e Portugal. Ambos os países, sendo monarquias centralizadas e irredutivelmente católicas,
por extensão sujeitas a Roma e adeptas do Barroco. Artistas europeus migraram para América e fizeram escola, e junto
com a grande penetração de misionários católicos,
muitos dos quais eram artistas habilidosos, criou-se
um Barroco multiforme e não raro influenciado pelo gosto
popular. Os artesãos escravos muito contribuiram
para dar a esse Barroco feições únicas. Os principais centros de cultivo do Barroco Americano foram: Perú, Equador, Paraguai, Bolívia, México e Brasil. É de destacar
com especial interesse o chamado "barroco missioneiro",
desenvolvido no âmbito das reduções guaranís do Brasil,
Bolívia, Argentina e Paraguai, aldeamentos indígenas
organizados por misionários católicos no intuito 
 à de convertê-los à fé cristã e aculturá-los ao modo de vida
ocidental, formando um Barroco híbrido com influência
da cultura nativa, onde floresceram muitos artesãos
e músicos índios, alguns de grande habilidade e talento 
próprios.

dados extraídos da Wikipédia