domingo, 27 de julho de 2008

BASHÔ /1644-1694 / HAIKU O Poema Japonés

Pablo e o fauno Brecheret

Os olhos dos falcões escureceram: / já piam agora / as codornizes
Cantando, cantando ia / o longo dia / não basta o dia à cotovia
Invernia! / no mundo uma só cor / e o som do vento
Admirável: / não pensa, ao ver um raio / "é fugaz a vida"
Ainda o céu a meio / nuvens de neve / rumo à capital
Flutuam as vagas / na lagoa / estio deste mundo!
OS POETAS / 5 haiku de Bashó O haiku, muito provàvelmente a mais curta das formas em verso, representa um contributo inconfundível para a literatura poética universal, quanto mais não seja por demonstrar a grandeza dos efeitos que se podem obter através da mais severa economia verbal. Apesar da sua extrema brevidade - o haiku tem apenas 17 sílabas -, os japoneses tendem a considerar a poesia do haiku como a mais importante do seu país, e ela despertou no Ocidente geral atenção, e até mesmo imitação. O maior dos seus poetas, Bashô (1644-1694), foi samurai no começo da sua vida, mas renunciouva todos os privilégios quando escolheu a carreira de mestre de haikai. Viveu como um homem comum, nunca tendo ligações com a corte do im- perador em Kioto, nem com a corte do xogun em Edo (Tóquio). Também não se tornou monge budista, com Sôgi e muitos outros poetas famosos, embora andasse vestido e em certos aspectos vivesse como se o fosse. Ele próprio se comparou a um morcego, "nem monge nem leigo, nem pássaro nem rato, mas algo de intermédio". Entre os seus discípulos havia homens de todas as clases, desde ricos samurais e mercadores até pobres camponeses; os dois por quem mostrou maior afeição foram um criminoso e um mendigo. tradução de Paulo Rocha
a Santiago
Ouvi a flauta muda / do santuário de Suma / sombras negras de verão
Sob um elmo / um grilo : "que desgraça!"
Lua nova / na terra esbranquiçada / as flores do trigo-negro
No mar sombrio / dourada ainda / a voz dos patos bravos
O primeiro aguaceiro deste inverno! / Terei um nome: Viageiro