ESTAS
são as semanas sombrias, desoladas
em que na sua aridez a natureza
iguala a estupidez do homem.
O ano submerso faz-se noite
e o coração submerge
mais fundo do que a noite
num sitio vácuo, varrido pelo vento
sem sol, sem lua nem estrelas,
só uma estranha luz como de pensamento
que incita um fogo obscuro -
a girar sobre si mesma até,
na frialdade, incendiar-se
para tornar um homem cônscio
de nada que saiba, não a própria
solitude - Não um fantasma mas
seria abraçado - vacuidade,
desespero - (Eles
silvam e soluçam) entre
os clarões e estrondos da guerra;
casas em cujos aposentos
o frio é maior do que se possa pensar,
partidas as pessoas a quem amávamos,
os leitos vazios, as poltronas
úmidas, as cadeiras sem uso -
Trata-se de esconder nalgum lugar
longe da lembrança, onde enraize
e cresça, a salvo dos ouvidos
zelosos e dos olhos - por si mesma.
Esta mina vêm eles escavá-la - todos.
Será isto a contraparte da música
mais suave? A fonte de poesia que
vendo o relógio parado, diz,
Parou o relógio que
ontem tiquetaqueava tão bem?
e ouve o som de água do lago
esparrinhando - pedras agora.
extraído de "Poemas Reunidos Completos" - 1938
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