sexta-feira, 12 de julho de 2019

A CRISE DOS REFUGIADOS
É UMA CRISE MORAL DOS PAÍSES RICOS

O discurso caricato de Donald Trump, ofensivo e criminoso
a quase todas as minorias, ao nos escandalizar
fazendo com que nos concentremos apenas nele,
ajuda a esclarecer uma verdade dura e perversa
a respeito de outras de suas qualidades monstruosas
e que podem nos conduzir ao final dos tempos.
A recente palestra dada em Barcelona, o linguista e ativista
Noam Chomsky chama a atenção para a crise 
dos refugiados, criada e agravada pelos países ricos
do mundo.
Chomsky falava antes de saber que Trump seria eleito,
mas contando com essa posibilidade, porque há uma década o ativista alerta para o perigo de um político
de extrema direita tomar o poder nos Estados Unidos.
Dias depois, em entrevista ao site truthout.com,
ele diria: "8 de novembro é uma data que pode se tornar a mais importante na história da humanidade, dependendo de como agirmos".
Em Barcelona Chomsky começa chamando a crise 
dos refugiados de "uma crise moral dos países ricos".
Ele oferece números: em 2016, apenas mo Mediterrâneo,
4 mil homens, mulheres e crianças morreram afogados
tentando escapar da misêria. Mas em seguida lembra 
que não é essa a primeira vez que o mundo enfrenta
uma crise como essa. Foi uma crise parecida, tal vez pior,
que fez os europeus dizimarem toda a população indígena
das Américas, uma forma brutal de imperialismo 
sobre a qual quase nada se fala, até porque Trump
e seus amigos ultra-nacionalistas acreditam 
que aquele território seja apenas deles, ignorando 
o que seus ancestrais fizeram com a população indígena
que estava ali bem antes de Colombo.
Outro efeito colateral que o deslocamento em massa provoca é a escravização dessa população desesperada
para sobreviver em outras terras que não a sua devastada.
Foi assim que a industria do algodão fez fortuna, estima-se
que 20% da riqueza da França venha da exploração
dessa mão-de-obra no Haiti.
São as contribuições do sistema escravocrata 
para as sociedades modernas ainda que essa não seja
uma lição dada em sala de aula, porque ela evidencia
o aspecto selvagem e genocida do capitalismo, 
um sistema que, explorando criminosamente milhões de seres humanos, construiu fortunas que foram parar
nas mãos de poucas famílias. Foi a produção do algodão
pelo trabalho escravo que deu as bases do desenvolvimento
do comércio, finanças e varejo das sociedades modernas.
Enquanto isso, os países ricos se negam a receber
a nova horda de refugiados e pressionam os nem tão ricos 
a aceitá-los. Quarenta por cento da população do Líbano
é constituída de imigrantes palestinos e sírios 
em sua maioria. 
A Jordânia é outro país que em anos recentes recebeu
milhões, assim como a Quênia, Irã, Turquia e Afeganistão.
Os Estados Unidos, que posam de bom moço por terem
recebido muitos refugiados depois da Segunda Guerra,
escondem uma verdade dura: que num primeiro momento,
recusaram orientais, judeus alemães e suecos, 
que não eram  considerados "suficientemente puros...".
Costa Rica e República Dominicana absorveram 
essas pessoas na época.
Trazendo para a atual crise, Chomsky lembra que boa parte
dela foi gerada pela invasão do Iraque, conduzida pelos Estados Unidos e pela Inglaterra.
Outro grande deslocamento em massa vem de Honduras,
país que em 2009 sofreu um golpe de estado amplamente apoiado pelos Estados Unidos e que desde então
afundou na miséria. Guatemaltecos e salvadorenhos,
também foram vítimas de ações do governo norte-americano
em seu território.
Em relação à África, Chomsky lembra que depois da Segunda Guerra, enquanto os Estados Unidos,
"o grande vencedor", decidia o destino do mundo, a África
não era de seu interesse, portanto, podería ser entregue
aos países europeus para ser explorada, e Chomsky cita
palavras do diplomata norte-americano George Kennan:
essa África explorada por séculos é a mesma 
que se desmancha hoje.
Recentemente, ataques franceses e norte-americanos
à Líbia, criaram outro grande deslocamento em massa
e ajudaram a fincar suas bases africanas.
O deslocamento de 25 milhões de pessoas vítimas
do aquecimento global, criado mais uma vez pelo efeito
estufa provocado pelos países ricos, dá uma pessoa
por segundo...
Diz Chomsky: pode piorar, especialmente depois que Trump
diz acreditar que o aquecimento global é uma mentira
criada pelos chineses para prejudicar a economia 
norte-americana.
No mesmo fatídico 8 de novembro que levou um monstro como esse ao poder, a organização meteorológica mundial anunciou no Marrocos que os últimos 5 anos foram
os mais quentes da história. Não há mais nenhum cientista
minimamente sério que negue o impacto do efeito estufa
provocado pela emissão de gases pelos países ricos,
nas mais recentes catástrofes climáticas.
Em Bangladesh milhões de pessoas estão prestes a perder
suas casas devido ao aumento do nível do mar,
no sul da Ásia as temperaturas já alcançaram níveis
que impedem a vida humana,  e no Himalaia o derretimento
das geleiras tornam iminente novo deslocamento em massa,
na Índia 300 milhões estão sem água potável. 
Nas palavras de cientistas de Bangladesh: os migrantes
deveriam ter o direito de se mudar para os países ricos que causaram o efeito estufa. Milhões deveriam se mudar para os Estados Unidos, mas não é o que acontece.
Estados Unidos e Europa anunciam a construção de muros
e cercas elétricas para impedir a entrada de refugiados.
Políticos de extrema direita, como Trump, Bolsonaro, Temer, Doria e Alkmin, apenas para regionalizar a tragédia
e contextualizar nossa realidade, dizem que alguns
dos maiores culpados pelo atual estado de miséria económica, são justamente os migrantes que eles ajudam
a criar. Nas palavras de um homem mais sensato, o papa
Francisco, ainda que doa ter que citar o chefe 
da preconceituosa igreja católica, "Os refugiados não são
um perigo, eles estão em perigo".

dados extraídos da Wikipédia
blog da Milly

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