terça-feira, 24 de junho de 2014

O Movimento Democracia Negra

O movimento progressista da negritude, estava direcionado em primeiro lugar, a formar a conciência dos negros 
da Provincia de Buenos Aires, particularmente dos setores
analfabetos, mas continha também uma mensagem
para os brancos de todas as classes sociais, preevendo
os perjuizos que o racismo acarretava, propunha formas
mais evoluidas de organização social. 
Defendia em seu primeiro manifesto os interesses 
das classes desvalidas e apontava a fortalecer a inteligência
que se denotava na geração que se levantava, a vida de idéias e de saber. Queria que os homens e mulheres de cor
se integrassem na sociedade de Buenos Aires preservando
as suas raíces, mas cultivando as novas idéias
de redenção social.
Lucas Fernández tentou se opor ao racismo imperante,
denunciando a malevolencia, o ultraje, a injustiça,
e a discriminação racial e social. Reclamava a igualdade
perante a lei, dos negros, e expunha a necessidade 
da educação e do conhecimento das ciências
como forma de liberação.

A Tragédia

Resulta surpreendente a forma como os historiadores
tem tratado o tema da negritude. Controem teorias 
imaginárias sobre o destino da enorme massa humana
que compunha esse setor da sociedade portenha.
Os negros da etapa colonial e das cinco primeiras décadas
posteriores à Revolução de Maio, parecem ter se esfumado.
Mas, se atravessarmos, hoje, o Rio da Prata, 
a fins do século XX, encontraremos bairros em Montevideo,
habitados por negros. 
Ao longo do século XX, especialmente na primeira metade,
apareceram revistas, periódicos, diários e movimentos como
"Nuestra Raza", que difundiram a cultura da negritude.
A fins dos anos 40, Uruguai recebeu a visita do poeta cubano Nicolás Guillén, que foi recebido com festividades. Nesse momento o movimento negro em Montevideo
estava dirigido por Valentin Guerra. Porque na Argentina
não aconteceu o mesmo? Que aconteceu com os negros
anteriores aos anos setenta do século XX?
Existe uma explicação cruenta e trágica, foram suprimidos de maneira cínica e brutal.
Durante a febre amarela de 1871, os bairros mais castigados
pelo flagelo, foram os habitados pelos negros. Eram bairros
desprovidos de higiene, numa "velha aldeia" que carecia
de toda organização sanitária. Eram os bairros mais pobres,
onde a vida era mais dura. Alí aconteceu a tragédia alentada
pela promisquidade e a misêria.
Não eram melhores as condições de vida nos bairros brancos, mas nos habitados pelos negros era pior,
pela misêria reinante. Tinha chegado a hora da vingança,
e no meio do horror generalizado pela epidemia, o exército
rodeou os bairros dos negros e não permitiú a imigração
para as regiões mais altas da cidade, onde os brancos
construiram o Bairro Norte, produto da sua fuga da epidemia
Os negros ficaram confinados em seus bairros, 
contra a sua vontade. 
Alí morreram massivamente e foram sepultados em fossas
comuns. Os negros procedentes do interior, onde o flagelo não tinha chegado, foram recrutados compulsivamente
junto com gaúchos nativos, e levados para a Guerra do
Paraguai, onde morreram lutando na vergonhosa guerra
denominada da Tríplice Aliança.

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