domingo, 18 de agosto de 2013

Em uma conversa com o artista, Gabriel revelou-me a sua angústia 
ao realizar as escolhas no desvão entre o que quer expressar
e o que realmente expressa. Assim, vejo agora estas escolhas
como imagens projetadas por um náufrago, elas estão alí,
mas são projeções, como miragens, na tentativa de habitar
o inabitado. Neste oceano podemos vislumbrar uma ausência
e uma presença. A ausência está no fato de que o que vemos
em meio às vagas são fragmentos e não a história toda destes
pequeninos personagens.
A presença é a de Hokusai, nesta representação do oceano,
que nos faz recordar este gravador surfista, que se preocupou
pela primeira vez no Japão, de 1760 a 1849, em representar,
entre cenas cotidianas, a dinámica das hondas.
Quase um prenúncio dos tsunamis pelo poder dado a eles
nos enquadramentos de suas gravuras mais célebres nas
"36 vistas do monte Fuji"

JULIO TIGRE 

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