A noite cobria tudo.
O meu pai estava louco! Ele e todos os meus parentes
acreditavam que eram macacos, assim como a familia
de Urquizo! Minha casa tinha se transformado num manicômio.
Foram contagiados pelos outros parentes, sim, uma influência fatal!
Porem, isso não era nada. Aconteceu algo mais atroz e desolador,
um flagelo do destino, a ira de Deus. Não fora só a minha familia
que ficara louca. O povoado inteiro havia enlouquecido.
Ao sair de casa caminhei sem destino, sofrendo choques e tremores
morais tão intensos como nunca sofrera e que abateram ainda mais
os meus sentidos.
As ruas pareciam entaipadas. Por onde andava, surgia-me um transeunte
que fatalmente parecia simular um antropoide, um personagem mímico.
A obsessão zoológica regressiva cujo germe nascera tempos atrás na cabeça instável de Luis Urquizo, propagara-se em cada um dos habitantes de Cayna,
sem variar absolutamente de natureza. A mesma ideia conquistara todos
aqueles infelizes.
Foram todos inoculados no mesmo ponto do cérebro.
Não guardo lembrança de uma noite repleta de tanta tragédia e bestialidade,
em cujas margens ásperas não havia mais luz natural a não ser a dos astros,
já que não que não avistei luz artificial em ponto algum.
Até o fogo - obra e signo fundamental da humanidade - havia sido banido dali!
Como que através dos domínios de uma ignorada espécie animal
em transição, vageei por esse caos lamentável onde não encontreo -
por muito que quisesse e procurasse - nenhuma pessoa livre desse pesadelo.
Tudo indicava que havia desaparecido dali todo indício de civilização.
Pouco tempo depois de ter saído, devo ter regressado à minha casa.
Parei logo no primeiro corredor. Nem um som, nem uma respiração.
Caminhei pela escuridão compacta que reinava, seguí por um pátio e dei
com o corredor da frente. O que acontecera com o meu pai e toda a minha
familia?
Certa serenidade invadiu minha alma. Tinha que procurar a todo custo
minha mãe, vê-la para saber se estava sã e salva., acariciá-la e ouvi-la
chorar de ternura ao reconhecer-me, e abafar toda essa vileza. Era preciso
procurar novamente meu pai. Tal vez todos os outros gozassem
do pleno exercício das suas faculdades mentais.
Oh meu Deus, sim! Enganara-me, sem dúvida, ao pensar de forma tão simples.
Agora, ciente do nervosismo dos primeiros instantes, e da má disposição
em que mergulhara a minha imaginação excitável para ter levantado
tão horríveis castelos no ar. E, porventura, podia estar seguro da demência
do meu pai?
O propósito deste blog é o de mostrar o trabalho do ilustrador,independente das regras impostas pelo mercado,nas quatro disciplinas praticadas por mim, em diferentes momentos e veículos: A Caricatura na Imprensa,A Ilustração na Imprensa,A Ilustração Editorial e O Poema Ilustrado. Também são mostradas modalidades diferentes das mesmas propostas como: Montagens das exposições e a revalorização do painel mural, através das técnicas de reprodução digital em baner.
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