quinta-feira, 15 de agosto de 2019

PEQUENA HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA
Walter Benjamin
Releitura resumida do texto.

A névoa que recobre os primórdios da fotografia
é menos espessa que a que obscurece as origens
da imprensa; já se presentia, no caso da fotografia,
que a hora da sua invenção chegara, visando o
objetivo: fixar as imagens na câmera escura, que eram
conhecidas desde Leonardo da Vinci.
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Utrillo, setenta anos depois, produziu suas vistas
fascinantes de casas nos arredores de Paris
não a partir da natureza, mas por meio de cartões-postais
fotográficos, e David Octavius Hill, retratista famoso
compôs seu afresco sobre o primeiro sínodo geral
da Igreja Escocesa, em 1843, a partir de uma série
de fotografias que ele próprio tirara.
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As pessoas não ousavam a princípio olhar por muito tempo
as imagens, a nitidez das fisionomias as assustava,
e tinha-se a impressão de que os pequenos rostos humanos
que apareciam na imagem eram capazes de ver-nos,
tão surpreendente era para todos a nitidez insólita
dos primeiros daguerreótipos.
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Deve-se notar, para compreendermos a forte influência
exercida pelo daguerreótipo na época de sua descoberta,
que nessa mesma ocasião a pintura ao ar livre
estava começando a abrir perspectivas inteiramente novas
aos pintores progressistas: o Impressionismo veio 
a substituir a pintura realista pela fotografia.
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Fazer as coisas se aproximarem de nós é uma tendência
tão apaixonada do homem contemporâneo
quanto a superação do caráter único das coisas 
em cada situação, através da sua reprodução.
Cada dia fica mais irresistível a necessidade de posuir
o objeto de tão perto quanto possível, na imagem,
ou melhor na sua reprodução. 
Podemos tomar como exemplo muitos fotógrafos que partiram da pintura e determinam os contornos atuais 
dessa técnica. Eles abandonaram a pintura na tentativa
de colocar seus meios de expressão numa relação viva
e inequívoca com a vida contemporânea.
Mais uma vez, como há oitenta anos, a fotografia 
está substituindo a pintura.
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A natureza que fala à câmara não é a mesma 
que fala ao olhar; é outra, especialmente porque substitui
a um espaço trabalhado conscientemente pelo homem,
um espaço que ele percorre inconscientemente.
Só a fotografia revela esse inconsciente ótico,
como só a psicoanálise revela o inconsciente pulsional.
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As primeiras pessoas reproduzidas entravam nas fotos
sem que nada se soubesse sobre sua vida passada,
sem nenhum texto escrito que as identificasse.
O rosto humano era rodeado por um silêncio
em que o olhar repousava.
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Sob o efeito dos deslocamentos de poder,
como os que estão hoje iminentes, aperfeiçoar
e tornar mais exato o processo de captar traços
fisionómicos pode convertir-se numa necessidade vital.
Quer sejamos de direita ou esquerda, temos que 
nos habituar a ser vistos, venhamos de onde viermos,
por outro lado teremos também que olhar os outros.
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Nenhuma obra de arte é contemplada tão atentamente
em nosso tempo como a imagem fotográfica 
de nós mesmos, de nossos parentes próximos,
de nossos seres amados, escreveu Lichtwark, em 1907, removendo assim a investigação da esfera das distinções estéticas e transpondo-a para a das funções sociais.
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Os fotógrafos que passam das artes plásticas à fotografia,
constituem hoje a vanguarda dos especialistas contemporâneos, porque estão imunizados contra o maior
perigo da fotografia contemporânea, a comercialização.

dados extraídos da Wikipédia
  

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