quinta-feira, 11 de julho de 2019

SOBRE A CRISE DOS REFUGIADOS
Noam Chomsky

Em alguns países, existe uma auténtica crise
dos refugiados.
No Líbano, por exemplo, onde a quarta parte da população
é composta de refugiados da Síria, além do aluvião
de refugiados da Palestina e do Irak.
Outros países pobres e conflituados da região
também tem absorvido grandes quantidades,
entre eles a Jordania e a Síria, antes do seu suicídio
coletivo.
Os países que estão suportando uma crise de refugiados
não são responsáveis pela sua criação.
Os ricos e os chamados poderosos são os responsáveis
de ter provocado uma geração de refugiados,
e agora se queixam da carga de vítimas miseráveis
que não querem alojar.
A invasão británico-americana do Iraque desplazou
quatro milhões de pessoas das quais metade fugiu
para os países vizinhos. Os iraquies continuam fugindo
de um país que é um dos mais miseráveis da terra,
depois de uma década de sansões assassinas
seguidas de golpes dos ricos e poderosos que devastaram
o país arruinado e provocaram um conflito sectário
em toda a região.
É de triste memória o papel europeu na África,
origem de mais refugiados, que agora passam
pelo sofrimento criado pelo pelo bombardeo franco-
británico-americano à Líbia, que destruiu o país e o deixou
em mãos de milícias guerreiras. Ou lembrar a passagem
dos Estados Unidos pela América Central, que deixou
suas cámaras de horrores das que fugem os povos
entre o terror e a miséria, e as vítimas mexicanas do pacto
comercial, que como era previsível, destruiu a agricultura
mexicana, incapaz de competir com os amplamente
subvencionados conglomerados agricultores dos Estados
Unidos. A reação dos ricos é pressionar o México
para que mantenha as vítimas dos Estados Unidos,
longe das suas próprias fronteiras, e levar de volta
sem compaixão alguma aos que conseguiram burlar
os controles.
A reação da poderosa União Europeia é subornar 
e pressionar a Turquía para manter os lastimosos
sobreviventes longe de suas fronteiras e conduzir a manada
dos que conseguirem fugir a acampamentos brutais.
Entre a cidadanía, há honoráveis excepções, 
mas a reação dos estados é uma desgraça moral,
inclusive se deixarmos de lado a sua considerável
responsabilidade sobre as circunstâncias que levaram
essas pessoas a fugiram de suas vidas. 
A vergonha não é nova, mas, nos concentremos
nos Estados Unidos, o país mais privilegiado do mundo,
que conta com vantagens incomparáveis. 
Durante a maior parte da sua história deu as boas vindas
a refugiados europeus para se instalarem em terras
arrebatadas mediante a violência as nações exterminadas que viviam nelas. Isso mudou com a lei de imigração
de 1924, desenhada para excluir em particular a italianos
e judeus. Não há necessidade de se estender
sobre seu destino. Inclusive depois da guerra, 
aos sobreviventes ainda confinados em campos 
de concentração lhes foi proibida a entrada.
Hoje, os ciganos descendentes das vítimas do holocausto
estão sendo expulsos da França, empurrados a viver
em condições horríveis na Europa do Leste,
mas ninguém se importa.
A vergonha é profunda e persistente. E chegado o momento
de por um fim a tudo isso para alcançarmos um nível decente de civilização.

dados extraídos da Wikipédia
 

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