sábado, 5 de outubro de 2013

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"Nas grandes cenas de Goya parece que aparecem
as pessoas do mundo, exato no momento quando
primeiro atingiram o título de "Humanidade sofredora".
Agonizam na página numa verdadeira raiva da adversidade.
Amontoados, gemendo como bebês e baioneta sob céus
de cimento, numa paisagem abstrata de árvores exaustas,
estátuas caindo, asas morcegos e bicos forcas fugidias,
cadáveres carnívoros e afinal todos os monstros da
"imaginação do desastre", elas são reais pacas, é como
se ainda existissem. E existem. Só a paisagem mudou..."
Este trecho de um poema de Lawrence Ferlinghetti, bem
poderia ser um resumo das fotografias de Diane Arbus,
fotógrafa norteamericana da década de 60. Nas suas fotos
em preto e branco estão expostos os temas que sempre
a preocuparam, a falha genética, a solidão dos marginalizados,
e o triste espetáculo da montagem teatral de mal gosto
da vida norteamericana. Os supermercados do espirito.
Estas são fotos surradas, chicoteadas no olho do expectador.
Diane Arbus se suicidou em Nova Iorque, sua cidade natal,
aos 48 anos, em 197l, tomando veneno.
Junto a Robert Frank, Lee Friedlander e Garry Winogrand, faz
parte do grupo de fotógrafos que praticaram a crítica
a complacência do sonho americano.

Trimano 87

texto registro da exposição "Diane Arbus", na galeria Thomas Cohon
de 14 a 30 de janeiro de 1987, no Rio de Janeiro ,    

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