sábado, 17 de agosto de 2013

Luciano Feijão buscou outro território com seu desenho,
a vastidão interior, para a qual preferimos, muitas vezes, virar as costas,
ocupando-nos de nossa existência mundana. Quem sou eu?
E toda vez que olha o espelho o vê estilhaçar, esfacela-se.
Suas figuras parecem querer representar mais de uma personagem
buscando a habitabilidade neste mundo, que quer povoar este deserto interior
esquartejando-se e duplicando-se, e, novamente, é remontada
em uma nova configuração. Um personagem que se duplica em vários
e acaba por se transformar em nenhum.
A identidade passa do conteúdo para o traço ,
uma tarefa árdua no processo do artista em produzir estas dez pranchas.
Feijão torna suas figuras torturadas numa paisagem de corpos
trabalhados obsessivamente com hachuras.

JULIO TIGRE 

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