As máscaras dos nativos da Costa Noroeste do Canadá,
enraizadas numa cultura rica em estética e oralidade, cosmologia e mitologia,
mas sem uma língua escrita, servem para transmitir estórias, mitos, história,
conhecimentos e até propriedades, de geração a geração.
As várias nações, embora divididas em famílias e linhagens
diversas, compartilham um ancestral comum a todos, e uma cosmologia na qual o
universo é composto por vários domínios: do céu, das águas, da terra, e do
mundo dos espíritos - habitados por humanos, animais e pássaros, e seres
míticos.
Muitos mitos elaboram as fronteiras porosas entre esses
domínios e o constante intercâmbio entre eles, especialmente no passado remoto
quando alguns seres míticos casaram com humanos, certos humanos receberam
poderes ou conhecimentos especiais, ou animais se transformaram em seres
humanos e fundaram uma linhagem, grupo, ou nação. Estes acontecimentos,
registrados em canções, danças, estórias, esculturas e pinturas servem para
explicar as relações entre as várias nações e também entre os humanos e o mundo
natural ou espiritual.
Suas várias versões são de propriedade de indivíduos,
famílias, ou grupos, que os representam periodicamente na cerimônia principal
destas nações, o potlatch.Nestes
eventos, há canções e dançarinos que usam as mascaras para representar os
ancestrais, mitos e seres míticos do grupo, em rituais que podem exigir anos de
treinamento. Todos os nomes, brazões,
direitos e propriedades são mostrados ou descritos, todas as canções são
cantadas, e todas as máscaras são dançadas.
Os convidados dos potlatchsão
testemunhas dos direitos de uso destas canções, estórias, danças e máscaras, do
uso de territórios específicos (um certo rio para pescar, os frutinhos de uma
certa área, por exemplo)assim como a transferência de direitos por causa de
morte, casamento, etc.
Desta forma, as máscaras são documentos que corporificam
divisões tribais, mitologia, assim como os direitos dos seus donos. São posses importantes que podem ser
adquiridos por herança ou casamento entre ou dentro das tribos e grupos, embora
sejam destruídas e reconstituídas a cada tanto. As máscaras dos artistas nativos
contemporâneos renovam as velhas tradições ao mesmo tempo em que introduzem
novos materiais e temas da vida moderna.
tradução: Karen Giffin
tradução: Karen Giffin
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