terça-feira, 5 de junho de 2012

A "democratização" do retrato, se assim podemos dizer,
está na origem da sua extraordinária difusão e é um dos
fatores que marcaram uma revolta decisiva nas artes
figurativas, uma vez que é estão que a pintura e o desenho, 
deixam de ser os meios expressivos destinados a cobrir
as necessidades dos retratos. Esta necessidade do homem
de se rever no rosto dos seus heróis. Um outro fator desta
reviravolta é a verosimilhança; realmente, nenhuma outra
outra arte pode competir com a fotografia na descrição do rosto
e do aspecto do homem, uma aspiração cujas origens se perdem
na noite dos tempos e que, no homem moderno, está bem presente
desde o século XII, quando se torno prática o uso da máscara funerária
para conservar os traços do individuo.
Nesse contexto, o retrato fotográfico, passa a fazer parte da vida do
cidadão comum, gerando o que podemos chamar de igualdade e memória.
Com Paúl Strand (1890-1976) a fotografia passou a trilhar o caminho
modernista; seus retratos eram de pessoas simples e humildes 
que viviam nas ruas Seus registros traduziam a sensibilidade e o sofrimento
desses personagens anônimos com forte expressividade no rosto,
impondo de uma maneira sutil uma fotografia realista que não permitia 
a manipulação antes nem depois do ato fotográfico. Strand, na realidad,
não se limita a substituir as pessoas de Nadar por outras, também muda
a maneira de enfrentá-los, porque é também a sua atitude perante eles
que é diferente em relação a atitude de Nadar e, em geral, dos retratistas
de 1900. o dele não é um interesse pelo individuo em si,as suas fotografias
não são fotografias que se preocupem em "dar bom aspecto" aos individuos.
A ele interessa o homem que está a fotografar como tipo representativo
de uma determinada clase.
O retrato fotográfico não significa simplesmente e unicamente 
uma representação do real; a magia e o mistério que o envolvem
transcendem seu lado objetivo e nos coloca diante de uma leitura subjetiva,
onde deixamos de ver e passamos a sentir as emoções que emanam das 
expressões. O rosto do homem pode ser, como é costume dizer-se,
o espelho da sua alma. No rosto do homem podem ler-se as suas tensões
interiores e, por isso, a coragem, o sofrimento, o medo.
O retrato fotográfico tem sempre, pela sua natureza, uma base fisionômica,
mas pode igualmente ser psicológico ou tipológico. E pode ainda ser
celebrativo e caricatural, convencional e simbólico.     

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