O propósito deste blog é o de mostrar o trabalho do ilustrador,independente das regras impostas pelo mercado,nas quatro disciplinas praticadas por mim, em diferentes momentos e veículos: A Caricatura na Imprensa,A Ilustração na Imprensa,A Ilustração Editorial e O Poema Ilustrado. Também são mostradas modalidades diferentes das mesmas propostas como: Montagens das exposições e a revalorização do painel mural, através das técnicas de reprodução digital em baner.
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
Não posso é perguntar assim e não marcar no mapa /
o caminho, o longo caminho, o difícil caminho /
das mentes que se carregam como um fósforo aceso /
nos escuros. O que devo, eu sei, é sempre relembrar-me /
que a utopia é necessária, que o nosso ar é o das imagens /
em que a necessidade morre e o ser humano dança /
entre as nuvens e com a Terra inteira nas mãos. //
Porque a vida humana é um perguntar que anda /
e viver, por isso mesmo, é ser a boca da luz /
em que se gera o sol. Porque essencialmente somos /
a fome do fogo em que ele existe /
a ondular o mar, a fabricar as chuvas e a iluminar /
os olhos do amanhecer que sempre volta /
depois que a noite leva os mortos. //
Não posso é ver tudo isso sem ver-me também /
quebrado entre todas as vidas que se quebram /
no dia do homem a compor-se em mil pedaços /
que as atuais definições da história não definem. /
O que eu não posso é deixar de recolher /
em cada detalhe o vulto veloz de uma totalidade /
que se apaga e que se acende, súbito clarão /
de um farol a iluminar-nos em cada ato que fazemos. /
E continuar, portanto, perguntando, perguntando /
até que a morte não traga mais pergunta alguma /
em sua eternidade oca e sem resposta alguma.
MOACYR FÉLIX - de Antologia Poética /
Editôra José Olimpio - Rio de Janeiro 1981
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