segunda-feira, 19 de outubro de 2009

CONSTANTEMENTE ARRISCANDO O ABSURDO / Constantemente arriscando o absurdo / a morte / quando ele representa / sobre as cabeças / da audiência / o poeta como um acrobata / sobe na rima / até sua corda bamba / e balançando no brilho dos olhares / sobre um mar de rostos / segue seu caminho / até o outro lado do dia / traçando pas de deux / e transando sarabandas / e outros altos arabescos / e nunca esquecendo nada / coisa alguma / que ele não possa fazer // Afinal ele é o super-realista / que tem que fazer perceber, saber / a verdade nua e crua / antes de cada passo ou cada dança / em seu tal vez avanço / até o pico mais olímpico / onde a beleza está e espera / lei da gravidade / que comece o salto / que desafia a morte // E ele / um charliechaplin / que pode apanhar ou não / sua eterna forma forte / de braços abertos / águia solta / no vão vazio / da existência Lawrence Ferlinghetti / "Uma Coney Island da Mente" - 1958 tradução: Paulo Leminski

Nenhum comentário: