domingo, 5 de abril de 2009

Como o escorpião, meu irmão, / Tu és como o escorpião / Numa noite de medo. / Como o pardal, meu irmão / Tu és como o pardal / No seu miudo desassossego. / És como o mexilhão, meu irmão / Tu és como o mexilhão / Fechado e tranquilo. / Tu és terrível meu irmão / Como a boca de um extinto vulcão. / E tu, ai de mim, não es um, / No es cinco, tu és milhões. / Tu és como a ovelha, meu irmão. / Quando o carrasco vestido da tua pele / Quando ele levanta a sua vara / Apressas-te a alcançar o rebanho / E vais para o matadouro a correr, / Quase orgulhoso / Em suma és a mais curiosa das criaturas / Mais curiosa que o peixe / Que vive no mar ignorando o mar. / E se há tanta miseria na terra / É graças a ti, meu irmão. / Se somos famintos, esgotados, / Se somos esfolados até ao sangue, / Espremidos como uvas para o nosso vinho / Iria até o ponto de dizer que é culpa tua, / mas não, / Isso não tem nada a ver contigo meu irmão. versão de Adalberto Alves

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