O propósito deste blog é o de mostrar o trabalho do ilustrador,independente das regras impostas pelo mercado,nas quatro disciplinas praticadas por mim, em diferentes momentos e veículos: A Caricatura na Imprensa,A Ilustração na Imprensa,A Ilustração Editorial e O Poema Ilustrado. Também são mostradas modalidades diferentes das mesmas propostas como: Montagens das exposições e a revalorização do painel mural, através das técnicas de reprodução digital em baner.
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
A CARICATURA NA IMPRENSA: 2 aulas /
Tempo de duração de cada aula: 3 horas /
Projeção de imagens referentes à deformação
facial e obras de artistas que em diferentes épocas
praticaram éste género / Esse tipo de desenho,
onde a expressão é o elemento essencial,
está aparentado ao títere, à marionete,
à sátira de costumes e ao retrato expressionista /
A ILUSTRAÇÃO EDITORIAL / 2 aulas /
Tempo de duração de cada aula: 3 horas /
O cartaz, a capa de disco, a capa de livro,
a ilustração para revista e o painel mural
são analisados nesta aula /
A austeridade do desenho em preto
e branco e a dureza dos temas tratados pelo jornal,
se transformam em imagens onde a cor e o decorativismo das composições têm prioridade / Mostramos aqui capas
de disco e cartazes ilustrativos de temas da MPB, do carnaval, e retrato de compositores /
Capa do folder do Seminário de Ilustração e Design
Editorial organizado pela professora Sandra Medeiros,
da Universidade Federal do Espírito Santo, no auditório
da Rede Gazeta - Vitória - 2008 / Participaram das mesas
redondas, pelo Rio de Janeiro: Lula Palomanes - ilustrador /
Paulo Cavalcante - ilustrador / Luis Trimano - ilustrador /
Walter Vasconcellos - ilustrador / Rubem Grilo - gravador /
Bruno Liberati - ilustrador / por Minas Gerais: Guilherme
Mansur - ilustrador / por São Paulo: Chico Caruso - cartunista /
Tide Hellmeister - design e ilustração - (in memoriam) /
por Vitória / ES: Joyce Brandão / Attilio Colnago / Gilbert
Chaudanne / Ilvan
domingo, 18 de janeiro de 2009
PROCURA DA POESIA /
Não faças versos sobre acontecimentos./
Não há criação nem morte perante a poesia./
Diante dela, a vida é um sol estático,/
Não aquece nem ilumina./ As afinidades, os aniversários,
os incidentes pessoais não contam./ Não faças poesia
com o corpo / esse exelente, completo e confortável corpo,
tão infenso à efusão lírica./ Tua gota de bile, tua careta de gozo
ou de dor no escuro / são indiferentes./ Nem me reveles teus
sentimentos./ que se prevalecem do equívoco e tentam
a longa viagem./ O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.
Não cantes tua cidade, deixa-a em paz./
O canto não é o movimento das máquinas nem
o segredo das casas./ Não é música ouvida de passagem,
rumor do mar nas ruas junto â linha de espuma./
O canto não é a natureza nem os homens em sociedade./
Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam./
A poesia (não tires poesia das coisas) elide sujeito e objeto.
Não dramatizes, não invoques, não indagues./
Não percas tempo em mentir. Não te aborreças./
Teu iate de marfim, teu sapato de diamante./
vossas mazurcas e abusôes, vossos esqueletos de familia /
desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável.//
Não recomponhas / tua sepultada e merencória infância./
Não osciles entre o espelho e a / memória em dissipação./
Que se dissipou, não era poesia. Que se partiu, cristal não era.
Penetra surdamente no reino das palavras./
Lá estão os poemas que esperam ser escritos./
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superficie intata./
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário./
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los./
Tem paciência, se obscuros. Calma se te provocam./
Espera que cada um se realize e consume /
com seu poder de palavra / e seu poder de silêncio./
Não forces o poema a desprender-se do limbo./
Não colhas no chão o poema que se perdeu./
Não adules o poema. Aceita-o como ele aceitará
su forma definitiva e concentrada no espaço.
Chega mais perto e contempla as palavras / Cada uma /
tem mil faces secretas sob a face neutra / e te pergunta,
sem interesse pela resposta / pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave? // Repara: ermas de melodia e conceito,
elas se refugiaram na noite, as palavras. / Ainda úmidas e
impregnadas de sono,/ rolam num río difícil e se transformam
em desprezo.
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
Autorretrato / óleo

Roberto Rodrigues - Rio de Janeiro 2006 / 2029
Um dos maiores ilustradores brasileiros, assassinado
aos 23 anos, em lugar do pai, Mário Rodrigues, dono
do jornal Crítica, por uma mulher, alvo de calúnia em
matêria publicada pelo jornal, com desenho do Roberto.
Simbolismo, romantismo tardío e decadência estão
presentes nas suas ilustrações. O subúrbio, as paixões humanas,
e o atelier compartido com Portinari.
Como seu irmão, o dramaturgo Nelson Rodrigues,
faz aguda crítica aos costumes da sociedade
carioca da época. Simbolismo e elementos do
Art-Nouveau convergem no seu desenho.
Beardsley e Egon Schiele, também os desenhos
de Victror Brecheret, e as influências da Arte Oriental,
iniciada pelos Impressionistas e moda nos anos 20
segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
A cada animal que abate ou come sua própria espécie /
E cada caçador com rifles montados em camionetas /
E cada miliciano ou atirador particular /
com mira telescópica /
E cada capataz sulista de botas com seus cães /
& espingardas de cano serrado /
E cada policial guardião da paz com seus cães /
treinados para rastrear & matar /
E cada tira a paisana ou agente secreto /
com seu coldre oculto cheio de morte /
E cada funcionário público que dispara contra o público /
ou que alveja-para-matar criminosos em fuga /
E cada Guarda Civil em qualquer país que guarda os civis /
com algemas & carabinas /
E cada guarda-fronteiras em tanto faz qual posto de barreiras /
em tanto faz qual lado de qual Muro de Berlim /
cortina de Bambu ou de Tortilha /
E cada soldado de elite patrulheiro rodoviário em calças de /
equitação sob medida & capacete protetor /
de plástico & revólver em coldre ornado /
de prata /
E cada radiopatrulha com armas antimotim & sirenes e cada tanque /
antimotim com cassetetes & gás lacrimogênio
E cada piloto de avião com foguetes & napalm sob as asas /
E cada capelão que abençoa bombardeiros que decolam /
E qualquer Departamento de Estado de qualquer superestado que vende /
armas aos dois lados /
E cada Nacionalista em tanto faz que Nação em tanto faz /
qual mundo Preto Pardo ou Branco /
que mata por sua Nação /
E cada profeta com arma de fogo ou branca e quem quer que reforce /
as luzes do espírito á força ou reforce o poder /
de qualquer estado com mais Poder /
E a qualquer um e a todos que matam & matam & matam & matam /
pela Paz /
Eu ergo meu dedo médio /
na única saudação apropriada
Prisão de Santa Rita, 1968
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
terça-feira, 6 de janeiro de 2009
segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
domingo, 4 de janeiro de 2009
Trimano - série Economia / "Liberdade Interditada"

O mundo é um ótimo lugar / pra se nascer /
se não te importa que a felicidade / nem sempre tenha /
muita graça / se não te importa um quê de inferno /
de quando em quando / justo quando tudo vai bem /
pois nem mesmo nos céus / se canta o / tempo todo /
O mundo é um ótimo lugar / pra se nascer /
se não te importa que alguns morram / o tempo todo /
ou sofram só de fome / parte do tempo / o que não é tão
mau assim / se não é com você / Ah o mundo é um ótimo lugar /
pra se nascer / se não te importam / algumas mentes mortas /
nos postos mais altos / ou uma bomba ou duas / de quando
em quando / nas suas caras pasmas / ou tais outras inconveniências /
que vitimam a nossa / sociedade Marca Registrada /
com a distinção de seus homens / e seus homens de extinção /
e seus padres / e outros patrulheiros / e suas várias segregações /
e investigações parlamentares / e outras prisôes /
de ventre que nosso torpe / corpo herda /
Sim o mundo é o melhor dos lugares / para tantas coisas como /
encenar diversão / e encenar amor / e encenar tristeza /
e cantar baixarias e se inspirar / e dar umas voltas / olhando de tudo /
e cheirando flores / e cutucando estátuas / e até pensando /
e beijando as pessoas e / fazendo filhos e usando calças /
e acenando chapéus e / dançando / e nadando nos rios durante /
piqueniques / no meio do verão / e no sentido amplo /
"vivendo até o fundo" / Sim / mas bem no meio disso chega /
então sorrindo o / agente funerário / de ""Retratos do Mundo
Passado" - tradução: Nelson Ascher
Antes de tudo, é bom lembrar. Em 1953, Lawrence Ferlinghetti criou,
junto com Peter Martin, a City Lights Books, que editaria todos os
primeiros livros dos poetas beats Allen Ginsberg, Gregory Corso,
McLure e Lamantia. Martin era filho de um anarquista italiano,
assassinado em 1943, e a City Lights funcionou como lugar de
reunião das ideias de seu pai em São Francisco. Era lá que eles
compravam seus jornais L'Adunata e L'Humanitá Nova.
Martin largou o negócio em um ano e passou sua parte para
Shigeyoshi Murao, mas a editora manteve a tradição libertária.
Ferlinghetti e Shigeyoshi foram presos em 1957 por publicar
literatura obcena, isto é: How! (Uivo), de Allen Ginsberg.
O julgamento de How! foi um caso nacional e abriú o caminho
para a primeira publicação na América de O Amante de Lady
Chaterley de D.H. Lawrence, Trópico de Cáncer de Henry
Miller e Almoço Nu, de William Burroughs (esse também depois
de julgamento). Foi Ferlinghetti quem - a través da City Lighs,
em 1971 e 1972 - trouxe os poetas russos Yevtuchenko e
Voznesensky para ler seus poemas em São Francisco, assim
como, em 1972, organizou leituras públicas feitas por poetas
chilenos, gregos e americanos, em apoio á luta contra a
ditadura na Grécia.
Esse contexto é fundamental para se ler esse poeta que,
numa atitude comum a todos os escritores beat, não separa
a sua vida da sua poesia. Ler Ferlinghetti é ler a história de
uma outra América, desconhecida da maior parte do público,
que - na década de 50 e inicio dos anos 60 - só recebia de lá
o brilho de Hollywood, coca-cola, motéis e drive-ins. Não se
ouvia falar no "mundo á prova de beijo, um mundo de tampa
de privada e taxis/ caubois de boutique / indios sem terra e
madames loucas por cinema", dos quais fala O Olho do
Poeta Vendo... Dos beats, aliás, nesse tempo, só chegaram
aquí as tentativas recuperadoras da grande imprensa americana,
que os caracterizava de cavanhaque, óculos escuros e roupas pretas,
dizendo yeah, yeah, yeah (estereótipos que alguns "académicos" da grande imprensa paulista andaram ultimamente a repetir). Através da obra
de Ferlinghetti, representada inteira nesse volume, vemos aparecer
as questões que eram tematizadas no movimento de artistas e jovens
beats dessa época: uma revolta contra os valores do capitalismo,
do trabalho alienado e da corrida de ratos atrás do dinheiro, contra
a destruição da natureza pela industria predadora, contra a proibição
arbitrária do uso de drogas não ocidentais, contra os preconceitos
ante a compreensão mágica da vida, contra o sexismo, contra a
bomba atómica. Vemos sua colocação ao lado dos trabalhadores
e dos imigrantes, pelo respeito a diversidade cultural, política e
económica, vilipendiada pelo monopólio da cultura de consumo
(protestante e anglo-saxónica). Através da sua obra, constatamos
como esses temas se mantém, atravessando o apoliticismo dos
hippies dos anos 70 (os últimos poemas são de 1981), quando
a maior parte deles já se transformou em bandeira de movimentos
organizados de ecologistas, feministas e minorias étnicas, pela
liberação da maconha, antinucleares, etc... Essas questões
pertencem a uma cultura internacional. Não tém pátria. São contra-
efeitos do capitalismo industrial, ele mesmo planetário. E estão
sendo vividos do mesmo modo nos nossos centros industriais.
A voz de Ferlinghetti, a coerência e a força da sua posição existencial
são um bom estímulo para a reflexão no momento.
Mauro Sá Rego Costa / Crónica publicada no Jornal do Brasil,
com motivo da edição da antologia "Vida Sem Fim", pela editora
Brasiliense em 1984
Porta secreta porta morta / que é Mãe / Porta secreta porta morta /
que é Pai / Porta secreta porta morta / de nossa vida inumada /
Porta secreta além da qual o homem deixa / suas pegadas pelas ruas /
Porta secreta á qual batem mãos de barro / Porta secreta sem trincos /
cuja vida é feita de batidas / de pés e mãos / Pobre mão pobre pé pobre vida! /
Porta secreta com dobradizas de cabelo / Porta secreta com ferrolhos de lábios /
Porta secreta com chaves de esqueletos / Porta secreta autobiografia
da humanidade / Porta secreta dicionário do universo /
Porta secreta palimpsesto de mim mesmo / Porta secreta eu sou feito dos /
pedaços de meus membros / Porta secreta falácia patética /
da evidência dos sentidos / em perceber a natureza da realidade
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